Livro em
estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor:
Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
B001 – Apresentação – Grilhões Partidos
GRILHÕES PARTIDOS
No báratro das perturbações que inquietam o
homem moderno a alienação obsessiva ocupa lugar de relevo.
Estigmatizados por inenarráveis tormentos
íntimos, que procedem dos refolhos da alma, os obsidiados por Espíritos têm
padecido lamentável abandono por parte dos respeitáveis estudiosos das ciências
da mente, que, aferrados a vigoroso materialismo, negam, drasticamente, a
interferência dos desencarnados — na condição de personalidades intrusas — na
etiopatogenia de algumas enfermidades mentais.
Por outro lado, cristãos decididos,
clarificados pela fé espírita, no afã de ajudar pelos múltiplos processos
fluidoterápicos e da doutrinação, enquadram os alienados na sua quase
generalidade como obsidiados, sem a indispensável atenção para com as
enfermidades de caráter psiquiátrico.
Não são verdadeiros os postulados
extremistas negativos dos primeiros, nem tampouco os exageros dos segundos.
Indubitavelmente, nas matrizes do processo
evolutivo, cada um traz as causas que produzem as distonias e desarranjos,
físicos como psíquicos e simultaneamente.
Sendo a dor um processo de burilamento, o
sofrimento decorre do mau uso perpetrado pelo ser em relação aos recursos
múltiplos, concedidos pelos desígnios superiores que regem a vida em todas as
suas manifestações, para a ascensão de cada um.
O homem está, porém, destinado à perfeição.
Todos os atrasos a que se impõe e desvarios
a que se permite constituem-lhe impedimentos ao avanço, tornando-se elos
retentivos na retaguarda.
Os códigos divinos estabelecem que somente
através do amor se pode haurir paz, colimar metas felizes.
De essência salutar, o amor é a base da
vida, ao mesmo tempo a força que impele o ser para as realizações de
enobrecimento.
Toda vez que as paixões vis o desgovernam,
enlouquecem-no, e dele fazem cárcere de sombra, de aflição demorada.
Por esta razão, ao lado das terapêuticas
mais preciosas, o amor junto aos pacientes de qualquer enfermidade produz
resultados insuspeitados.
Da mesma forma, enquanto se teime em
perseverar na sistemática da revolta ou nos escabrosos Sítios da ilusão que
favorece o ódio, o ciúme, a mentira, a soberba, a concupiscência, a avareza, a
mesquinhez — todos asseclas insidiosos que se locupletam na sanha nefasta do
egoísmo, — a dor jungirá o faltoso ao carro da aflição reparadora e do
ressarcimento impostergável.
Ninguém em regime de exceção na Terra.
Desculpismo nenhum, face aos imperiosos
compromissos para com a vida.
Em cada padecente se encontra um espírito
em prova redentora, convidando-nos à reflexão e à caridade.
*
Na imensa mole humana dos que sofrem a
loucura, conforme os cânones das classificações psiquiátricas, transita um sem
número de obsidiados que expungem faltas e crimes cometidos antes e não
alcançados pela humana justiça na oportunidade.
São defraudadores dos dons da vida que
retornam jungidos àqueles que infelicitaram, enganaram, abandonaram, mas dos
quais não se conseguiram libertar...
Morreram, sim, porém não se aniquilaram.
Trocaram de vestes, todavia, permaneceram os mesmos.
As conjunturas da lei os surpreenderam onde
se alojaram e as imposições que criaram ligaram-nos, vítimas a algozes,
credores a devedores em graves processos de reparação compulsória.
Atados mentalmente aos gravames cometidos,
construíram as algemas a que se aprisionam, em vinculação com os que supunham
ter destruído...
Debatem-se presos nos mesmos elos, lutando
em contínuo desgaste de vitalidade com que enlouquecem, até que as claridades
do amor, do perdão — forças sublimes da vida — consigam partir as cadeias e
libertá-los, facultando que se ajudem reciprocamente.
Enquanto o amor não se sobreponha ao ódio e
o perdão à ofensa, marcharão em renhida luta, perseguindo e auto-afligindo-se
sem termo, pelos dédalos de horror em que se brutalizam até a selvageria mais
torpe...
*
Muito maior do que se pode supor é o número
dos obsidiados na Terra.
Estão em soledade, em grupos e em
coletividades inteiras...
Estes são dias graves para o destino do
homem e da Humanidade.
Ao Espiritismo compete gigantesca missão:
restaurar o Evangelho de Jesus para as criaturas, clarificar o pensamento
filosófico da Humanidade e ajudar a ciência, concitando-a ao estudo das causas
nos recessos do espírito, antes que nos seus efeitos.
Consolador, cumpre-lhe não somente enxugar
as lágrimas e os suores, mas erradicar em definitivo os fulcros do sofrimento
onde se encontrem.
Não é de origem divina a dor, portanto,
possui caráter transitório com função específica e de fácil superação, desde
que o homem se obstine atingir as finalidades legítimas da existência.
No trato, Portanto, com obsidiados e ante
as obsessões, armemo-nos com os recursos do amor, a fim de que consigamos o
êxito de ver os grilhões partidos e os espíritos livres para os cometimentos da
felicidade.
*
Antes de cada capítulo da presente
história, tivemos o cuidado de citar um conceito retirado da nobre Codificação
Kardequiana fonte inexaurível de salutares informações e base segura para os
estudos em torno das questões palpitantes do ser, do destino, da vida.. (*)
Demonstramos, assim, a estuante atualidade
da Obra colossal de que se fez ímpar realizador o eminente lionês Allan Kardec,
a quem devemos luminosas lições de sabedoria e de Vivência cristã.
Suplicando a Jesus, o “Senhor dos
Espíritos”, que nos ampare na trilha redentora, damos por concluída a nossa
tarefa, na condição de “servo inútil” que sabemos ser.
Manoel Philomeno de Miranda
Salvador, 18-04.74
(*) Recorremos às edições da FEB, a saber: O LIVRO DOS ESPÍRITOS
— 29ª O LIVRO DOS MÉDIUNS — 28ª; O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO — 52ª. e “A
GÊNESE” — 14ª. Nota do Autor espiritual.
Não há coração tão perverso que, mesmo a
seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom
procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até
fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder,
o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a
justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.”
“O
Evangelho Segundo o Espiritismo” — Capítulo 12º — Item 5.
*
“Os meios de se combater a obsessão variam, de acordo com o caráter
que ela reveste. Não existe realmente perigo para o médium que se ache bem
convencido de que está a haver-se com um Espírito mentiroso, como sucede na
obsessão simples...”
“Além disso, portanto, deve o médium dirigir um apelo fervoroso
ao seu anjo bom, assim como aos bons Espíritos que lhe são simpáticos,
pedindo-lhes que o assistam. Quanto ao Espírito obsessor, por mau que seja,
deve tratá-lo com severidade, mas com benevolência e vencê-lo pelos bons
processos, orando por ele. Se for realmente perverso, a princípio zombará
desses meios; porém, moralizado com perseverança, acabará por emendar-se. Ë uma
conversão a empreender, tarefa muitas vezes penosa, ingrata, mesmo
desagradável, mas cujo mérito está na dificuldade que ofereça e que, se bem
desempenhada, dá sempre a satisfação de se ter cumprido um dever de caridade e,
quase sempre, a de ter-se reconduzido ao bom caminho uma alma perdida.”
L.M. — Capítulo 23º — Item 249.
QUESTÕES PARA ESTUDO
1 – Na observação e tratamento das alienações humanas, Manoel
Philomeno afirma na primeira parte do texto que tantos pesquisadores
respeitáveis do mundo científico quanto muitos espíritas estão equivocados. Por
quê?
2 – Aonde se encaixam as obsessões nos transtornos
psiquiátricos?
3 – Qual missão a que se liga o
Espiritismo?
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno
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