domingo, 27 de maio de 2018

Livro em estudo: Grilhões Partidos - B025 – Capítulo 16 – Bênçãos da Fraternidade, Primeira parte



Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco


B025 – Capítulo 16 – Bênçãos da Fraternidade, Primeira parte

Capítulo 16
Bênçãos da Fraternidade

Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento; há os por toda a parte, em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados.” “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” — Capítulo 19º — Item 10.

No dia imediato, ao despertar, o Coronel Constâncio, antes da refeição, informou à esposa que sonhara com Ester, não conseguindo, porém, recordar com precisão detalhes que encadeassem o acontecido. Semelhavam-se a clichês rápidos que lhe afloravam à mente, desordenados. Tranqüilidade inusitada, porém, dominava-o interiormente, misturada a lembranças felizes, imprecisas, que lucilavam na mente. Experimentava a sensação de haver dormido toda a noite, entretanto, parecia-lhe havê-la passado em confabulação demorada, num recinto algo sombrio onde diversas pessoas se encontravam, incluindo a filhinha mortificada. Ao recordar-se da obsessa, nublaram-se-lhe de lágrimas os olhos claros.
Dona Margarida, atenciosa, comovendo-se, acentuou:
— Tenho a certeza de que visitamos nossa menina... Durante a madrugada, inesperadamente despertei, sentindo-me retornar de abençoada excursão ao Hospital, amparada por seres angélicos, que nos guiavam e inspiravam. Pude vê-los, ainda, como a desaparecerem, interpenetrando parede afora do quarto. Permaneci meditando, recordando e experimentei tão grande felicidade interior como jamais fruíra nos últimos anos... Creio, sim, que estivemos com Ester, ajudados pelos Espíritos Superiores, que representam Jesus atendendo a nossas preces e dores.
Seus olhos brilhavam, também, mergulhados em pranto que não escorria.
Os esposos se tomaram as mãos e a senhora, comovida, balbuciou uma oração simples quão profunda de louvor e gratidão.
Os dias passavam lentos para a ansiedade dos envolvidos na trama redentora. O tempo era preenchido por leitura salutar, aprofundando a meditação e o estudo nas incomparáveis páginas de Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, com que o amigo Sobreira brindara o colega de armas.
O conteúdo incomum quão precioso da Obra facultava ao neófito das Verdades Eternas entranhando deslumbramento, ensejando-lhe valorizar a ensancha inditosa que acarretava sofrimento, graças à qual, porém, lhe caíam as vendas do entendimento, concedendo-lhe a visão dos horizontes infinitos da esperança sem limite, da alegria sem receios, da sabedoria sem inquietações.
Atraído pelas informações espirituais dantes jamais suspeitadas, lendo e comentando com a esposa que o seguia afervorada, lamentava o tempo passado na ignorância da preciosa Doutrina e confessava a falência do orgulho, do materialismo e seus sequazes no defrontar com o Espiritismo.
Os Sobreiras, quanto lhes permitiam os compromissos, visitavam-nos e dona Mercedes, por telefone, cada dia saudava a nova consóror, emulando-a ao prosseguimento confiante nas tarefas ora encetadas com afinco.
Nos dias aprazados realizavam o Culto Evangélico no Lar com que hauriam ânimo robustecido e iluminação interior. Simultaneamente passaram a participar das sessões de estudo doutrinário, duas vezes por semana, na Sociedade Espírita “Francisco de Assis”, de cujo valioso aprendizado mais se lhes aguçava a sede de saber, adquirindo respostas para as mil indagações, dúvidas e interrogações que se lhes multiplicavam surpreendentemente como sói acontecer com todos os que travam relações com o Consolador.
Os apontamentos felizes expostos pelos divulgadores da Mensagem Espírita, vazados em linguagem simples, no entanto, profunda, quão clara, fascinavam os novos simpatizantes do Espiritismo, que, em cada conceito, descobriam rumos novos e material para mais dilatadas considerações, que os empolgavam. É certo que anelavam a cura da filha, sua libertação, sem embargo, porém, compreendiam os impositivos superiores da vida, passando a considerar os acontecimentos sob o ponto de vista espiritual, sem os limites terrificadores das nesgas materiais, que entorpecem o discernimento e rebelam a razão.
Naquela Casa encontraram um mundo novo, estranho: o da fraternidade, onde a esperança emoldura as almas de resignação e a caridade agiganta os seus felizes servidores. Tinham a impressão de que o grupo formava uma única família e os recém-chegados eram recebidos como membros queridos, ainda não conhecidos...
Sem a curiosidade perniciosa nem a indiscrição perturbadora, todos demonstravam amizade cordial e espontânea, entretecendo conversação agradável sem as cargas danosas das queixas e das reclamações com que se comprazem a ociosidade e a rebeldia.
Os que lhes conheciam o fardo de dores, narravam as próprias esperanças, os frutos das alegrias recolhidas, interessando-se em ajudar mediante a prece, as vibrações salutares e a intercessão cristã.
Mundo novo, sim, o da afeição pura e do entendimento cordial, que deve ser a colméia cristã em todo tempo e lugar.
O médium Joel, também sinceramente interessado, sempre que solicitado, com gentileza expunha opiniões, narrava experiências de formosas e consoladoras incursões mediúnicas de que fora partícipe, retirando valiosas conclusões doutrinárias que os animavam.
Dona Matilde Albuquerque, a benfeitora de Rosângela, fez-se amiga da sra. Santamaria, ampliando o círculo de relações da sofrida consóror por meio de cuja afeição recolhia preciosos estímulos e encorajamento para a porfia no esforço saneador.
Nesse clima ameno de confiança, trabalhavam os Instrutores amoráveis os sentimentos dos recém-conversos, de modo a predispô-los para os tentames de maior envergadura.
Nenhum regime de exceção, nenhuma precipitação.
Em qualquer processo obsessivo, é de efeito superior a renovação e a conscientização dos envolvidos, do que resultam os primeiros benefícios imediatos, que são: o despertamento para as responsabilidades do espírito, o amor desinteressado, o perdão indistinto e o desejo honesto da inadiável reparação aos danos causados... Encetado o esforço da melhoria de dentro para fora, mais fácil a liberação dos compromissos infelizes que engendram amargura e dor.
Por essa razão, nunca se devem desconsiderar as contribuições do estudo doutrinário, na terapêutica desobsessiva, não apenas por parte dos litigantes diretos como também do grupo familial, fortemente vinculado ao problema espiritual.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Como acordou o casal Santamaria após a experiência espiritual (sonho) da noite anterior?

2 – O narrador espiritual descreve os imensos avanços do casal Santamaria a partir do despertamento deste às Verdades Consoladoras do Espiritismo. Por que, no tratamento de desobsessão, é importante envolver a família do paciente quanto aos conceitos doutrinários espíritas e no esforço de transformação moral?

Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

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