quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

As reflexões de um especialista em sexo: ‘Somos monogâmicos porque somos pobres’

Irene Hernández Velasco
Especial para BBC News Mundo


As visões sobre sexo do espanhol Manuel Lucas Matheu, de 69 anos, contrariam - e muito - o senso comum. Presidente da Sociedade Espanhola de Intervenção em Sexologia e membro da Academia Internacional de Sexologia Médica, ele argumenta que os seres humanos não são predispostos à monogamia. Se a praticamos, é por um único motivo: somos pobres.
O sexólogo apresenta outras visões marcantes. Diz, por exemplo, que o verdadeiro órgão sexual dos seres humanos é a pele.
A BBC News Mundo, o serviço espanhol da BBC, entrevistou Matheu, considerado um dos maiores especialistas em sexualidade.
Leia abaixo e entrevista completa.
BBC News Mundo - Woody Allen dizia: "Há duas coisas muito importantes na vida, uma é sexo e da outra não me lembro". Sexo é, de fato, tão fundamental?
Manuel Matheu - Sexo é importantíssimo, muito mais importante do que pensa a maioria das pessoas, as instituições e a sociedade em geral. O sexo determina em grande medida a nossa qualidade de vida e é a origem de vários comportamentos.
BBC News Mundo - O senhor, por exemplo, defende que as sociedades mais pacíficas, com menos conflitos, são aquelas que vivem a sexualidade de maneira mais livre, desinibida...
Matheu - Não sou eu quem diz, é um estudo que fiz, em que analisei 66 culturas diferentes, algumas com pesquisa de campo.
Estive, por exemplo, nas Ilhas Carolinas, na Micronésia. E a conclusão desse estudo é que as sociedades mais pacíficas são aquelas onde a moralidade sexual é mais flexível e onde o feminino tem um papel preponderante.
Em contrate, as sociedades reprimidas e nas quais as mulheres têm papel secundário, como as sociedades ocidentalizadas em que vivemos, são mais agressivas.
BBC News Mundo - Para entender do que estamos falando, o senhor poderia nos dar um exemplo de sociedade sem repressão sexual e onde o feminino é muito valorizado?
Matheu - Os chuukies, uma sociedade que estive estudando por quatro meses nas Ilhas Carolinas, na Micronésia. Trata-se de uma sociedade em que todos os bens são herdados através da linha materna. Ou seja, a mãe é quem determina o poder econômico.
Ao contrário do que ocorre na sociedade ocidental, em que se dá uma enorme importância ao tamanho do pênis, ali o que importa é o tamanho dos lábios menores da genitália das mulheres. Enquanto no Ocidente a menstruação era considerada algo impuro, lá ela é considera vantajosa e é empregada até para fins medicinais.
Além disso, a mulher é a voz mais forte nas relações sexuais. É ela a responsável pelos encontros sexuais. Os homens se aproximam engatinhando nas cabanas das mulheres, solteiras e casadas, e introduzem nas cabanas pedaços de pau talhados que permite à mulher identificar quem é cada um deles.
Se a mulher quiser ter relações sexuais naquela noite, ela retém na cabana o talo correspondente ao homem que lhe interessou. Isso significa que ele está autorizado a entrar na cabana. É assim todas as noites.
Ali não existe ciúme, nem o conceito tradicional de fidelidade. A moralidade sexual é muito mais flexível que aqui. Ao mesmo tempo, essa é uma sociedade muito pacífica, enquanto a sociedade ocidental é muito agressiva.
BBC News Mundo - Então a monogamia não é algo intrínseco ao ser humano, algo que faz parte da sua natureza?
Matheu - Não, não é. A monogamia não é uma característica do ser humano de forma alguma.
Basta olhar o atlas etnográfico de Murdock, que analisou mais de 800 sociedades e mostrou que 80% delas não são monogâmicas. Elas são poligínicas (um homem com várias parceiras) ou poliândricas (uma mulher com vários parceiros).
BBC News Mundo - E por que o Ocidente adotou a monogamia?
Matheu - As espécies animais que são monogâmicas são aquelas que não têm tempo nem recursos suficientes para poder se dedicar a cortejar.
É o caso das cegonhas, que são monogâmicas porque têm que empregar muita energia todos anos às longas migrações que realizam. E os animais que vivem em locais onde é mais difícil encontrar alimento tendem a ser mais monogâmicos.
BBC News Mundo - Quer dizer que a monogamia está relacionada à economia?
Matheu - Exatamente. Nós somos monogâmicos porque somos pobres. É só observar nossa sociedade para compreender: os ricos não são monogâmicos, na melhor das hipóteses são monogâmicos sequenciais - ao longo da vida têm vários parceiros consecutivamente, um atrás do outro.
Os que não são ricos não podem ser monogâmicos sequenciais, porque se divorciar ou separar causa um enorme dano econômico. E a poligamia (ter vários parceiros sexuais ao mesmo tempo) também é muito cara.
BBC News Mundo - Se as sociedades com maior liberdade sexual são mais pacíficas, a nível individual as pessoas agressivas podem agir assim por terem problemas com sexo? É razoável pensar que muitos ditadores são pessoas reprimidas sexualmente?
Matheu - Bem, Hitler, Franco e outros ditadores tinham problemas de autoestima e problemas sexuais importantes.
Acredito que as pessoas que se dedicam a acumular riqueza ou poder de maneira compulsiva sofrem o que chamo de "erótica do poder", compensam a sua falta de satisfação sexual com isso (poder).
BBC News Mundo - Qual a sua opinião sobre o presidente americano Donald Trump, que é protagonista de vários escândalos de natureza sexual?
Matheu - Para mim, Donald Trump parece acima de tudo um desequilibrado mental, mas também aparenta ter problemas sexuais.
Todos os escândalos sexuais que protagonizou, a meu ver, denotam que sua autoestima é baixa. As pessoas de autoestima alta são, em general, pacíficas e tranquilas, não se vendem como galos de briga. É difícil provocá-las. Elas não têm muita variação de humor e sua forma de amar é pouco possessiva.
As pessoas com problema de autoestima podem reagir de maneiras diferentes: fechando-se em si mesas, numa timidez incapacitante, ou fazendo uso de um comportamento grosseiro e desafiante, como é o caso de Trump e de outros políticos.
BBC News Mundo - O orgasmo é superestimado e mitificado?
Matheu - Com certeza. O psicanalista Wilhem Reich dizia que reprimimos a libido não apenas de maneira quantitativa, mas também qualitativa. A sociedade burguesa capitalista, ele dizia, concentrou a sexualidade nos órgãos genitais para que o resto do corpo pudesse focar em produzir para o sistema.
Não sei se é isso mesmo, mas é sim verdade que há muito tempo começamos a concentrar nossa sexualidade nos genitais e nos esquecemos, com o tempo, da pele. Os seres humanos têm a pele mais sensível de todos os mamíferos, mas a aproveitamos muito pouco na nossa cultura.
Hoje em dia, nos acariciamos muito pouco. As famílias se dedicam a acariciar cachorro e gato, mas não se acariciam.
BBC News Mundo - A pele seria o ponto G?
Matheu - Isso, a pele é o verdadeiro ponto G, o grande ponto sexual do ser humano. E, além de tudo, a pele funciona do nascimento à morte. Mesmo que tenhamos uma doença terminal, a pele segue funcionando.
Quando alguém nos abraça de verdade, soltamos uma enorme quantidade de endorfina. É nisso que se baseia grande parte da nossa sexualidade.
O problema é que convertemos a sexualidade numa atividade de ginástica, na qual o homem primeiro tem que ter uma ereção, depois tem que mantê-la a todo custo para não ejacular antes do tempo. Isso acontece porque consideramos que o homem, com seu pênis, é um mago com uma varinha mágica que consegue dar prazer à mulher. E, por fim, a mulher tem que ter um orgasmo.
No entanto, 60% das mulheres da nossa cultura ocidental já simularam um orgasmo em algum momento da vida.
E, quando as perguntamos por que fizeram isso, a resposta costuma ser: "para que o outro ficasse satisfeito" ou "porque assim o outro me deixaria em paz".
Tanto os homens quanto as mulheres fizeram da sexualidade um exercício físico e mental, quando a sexualidade é se fundir, sentir um ao outro, sentir-se embaixo da pele do outro, como dizia Frank Sinatra.
BBC News Mundo - Vivemos em um mundo em que a pornografia está ao alcance de todos, em que adolescentes crescem vendo pornografia. Que efeito isso tem nas relações sexuais?
Matheu - O problema da pornografia não é mostrar os atos sexuais explícitos. Nesse sentido, me parecem mais perigosos os programas de televisão que fazem pornografia da intimidade, a calúnia, a fofoca, ou alguns filmes violentos.
O problema da pornografia é que é uma pornografia absolutamente "genitalizada", que reforça a ideia de sexo como ginástica.
Eu não acho que a pornografia deva desaparecer, mas sim mudar. Deve deixar de ser aquela pornografia tediosa do mete e tira, para se converter numa pornografia de pele.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 24 de setembro de 2018.

Telma Simões Cerqueira* comenta

                    "(...) O sexo reside na mente, a expressar-se no corpo espiritual, e consequentemente no corpo físico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida, e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo." (André Luiz)
É certo que todos nós temos a liberdade para praticar nossos atos diante da sociedade, porém, somos responsáveis por todas as nossas ações, segundo as leis que regem o mundo físico e o mundo espiritual. Quando pensamos em liberdade, devemos pensar também em consequências. Determinadas ações são para nós uma forma de expressar a liberdade, para demonstrar que somos donos de nós mesmos, porém, a cada dia, nos tornamos mais responsáveis pelas consequências geradas através das nossas ações.
Vivemos dias preocupantes na atualidade, a sensualidade adentra as portas de nossas casas através da internet, das mídias tradicionais ou em lugares públicos, no entanto, o nosso caráter é uma questão pessoal, e individual, cabe, a cada um de nós, discernir e fazer nossas escolhas, buscando o autocontrole e o equilíbrio de nossas fraquezas morais, e buscar educar nossos impulsos e pensamentos.
O Benfeitor Emmanuel, no livro Vida e Sexo, nos afirma: “Ante os problemas do sexo, é forçoso lembrar que toda criatura traz os seus temas particulares, em relação ao assunto.(...) Sexo é espírito e vida, a serviço da felicidade e da harmonia do Universo. Conseguintemente, reclama responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse.”
André Luiz nos leva a compreender, no livro Evolução em Dois Mundos, que a energia sexual é um recurso da lei de atração necessária à perpetuidade do Universo. É uma energia inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, à face das potencialidades criativas de que se reveste.
Nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo.
Assim entendemos que  a monogamia é o clima espontâneo do ser humano, de vez que dentro dela realiza, naturalmente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do raciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos recursos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas físicas, para a encarnação de outras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem constantes, da Criação Divina.
Allan Kardec pergunta aos amigos espirituais, em O Livro dos Espíritos, na questão 701: Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme a lei de Natureza?
A resposta dos Espíritos é clara e objetiva: “A poligamia é a lei humana cuja abolição marca um progresso moral. Na poligamia, não há afeição real: há apenas sensualidade”.
A poligamia deve ser considerada como um uso ou uma legislação particular, apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fará desaparecer pouco a pouco. (Nota de Allan Kardec.)
Sabemos que no mundo primitivo, a poligamia era um costume natural, onde os homens conviviam maritalmente com várias mulheres. Nos dias atuais, o amor livre é ainda a recordação da poligamia dos tempos primitivos, com mudança somente quanto à forma. Atualmente, devemos entender por poligamia todo relacionamento sexual da pessoa, na condição de solteiro ou de casado, do homem ou da mulher, na busca de prazeres sexuais sem responsabilidades, com variação de parceiro ou parceira. Não somente a juventude se envereda pelo mundo livre das relações sexuais, pois os adultos, quando resvalam para a prática das relações extraconjugais, estão vivendo também a poligamia.
Quanto às nossas recordações poligâmicas, diz-nos o Espírito Emmanuel, em Vida e Sexo, que a tentação de retorno aos sistemas poligâmicos pode ocorrer habitualmente com qualquer pessoa, na Terra; é mais que natural — é justo. Em circunstâncias numerosas, o pretérito pode estar vivo nos mecanismos mais profundos de nossas inclinações e tendências. Conforme esclarece os Espíritos, na prática do amor livre, que é poligamia, existe apenas a sensualidade, ou seja, a ausência dos valores do sentimento.
No amor livre, sendo a satisfação do instinto sexual o objetivo único, procura-se fazer sempre do parceiro ou parceira um instrumento do prazer sensual. Na busca incessante das sensações inferiores, as criaturas desinteressam-se pelos valores do sentimento, os quais são os únicos que poderão formar uma união ideal, que trará a paz, a alegria e a segurança relativas para a dupla de corações. A prática do amor livre pode atender à volúpia dos desejos e sensações inferiores da criatura, mas não fará bem para a alma de ninguém, pois todo coração somente alimentará alegria, através da afeição que garanta a estabilidade emocional e psíquica.
O impulso poligâmico do homem não é um instinto biológico, mas um simples resquício das fases anteriores de sua evolução. Como o homem é dotado de razão, discernimento e inteligência, ele tem o dever moral de refrear esse impulso e sublimar a sua afetividade por meio da afeição que une as almas não apenas através do instinto, mas do sentimento. É pela razão e pelo livre-arbítrio que ele se controla, elevando-se conscientemente acima das exigências biológicas e das ilusões sensoriais. Não se trata aí de proibição, mas de educação. Não de abstinência imposta, mas emprego digno com o devido respeito aos outros e a si mesmo.
André Luiz, no livro "Evolução em Dois Mundos", Parte I, Capítulo 18, nos informa: "(...) O sexo reside na mente, a expressar-se no corpo espiritual, e consequentemente no corpo físico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida, e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo."
Seja nas relações afetivas de uma vida conjugal legalizada, ou numa ligação amorosa, destituída de vínculos jurídicos, a responsabilidade ante a Justiça Divina é a mesma, de um para com o outro. O que as leis humanas não analisam, não exigem e não punem, a Justiça Divina, ao contrário, analisa, pesa, exige e pune com segurança e sem falhas. Não podemos jamais esquecer que há um código de Leis Divinas que rege profundamente a vida moral das criaturas humanas, desde os mínimos atos, dando a cada um de acordo com suas obras praticadas por pensamentos, sentimentos, palavras e atos.
Diante da prática das relações sexuais sem os valores afetivos elevados, as criaturas valorizam e buscam somente o corpo físico do outro, despregando-lhe a alma e desconhecendo as leis morais que regem este relacionamento. Não somos somente um corpo. A criatura humana é muito mais alma, sentimento, coração e consciência.
Os sentimentos e valores das pessoas que dizemos amar, são muitas vezes destratados por nós, danificando o altar íntimo do parceiro ou parceira, sem saber que estamos realmente ferindo é a nós mesmos, através da consciência culpada. O mentor espiritual de Chico Xavier com muita sabedoria nos faz entender: "Cada Espírito detém consigo o seu íntimo santuário, erguido ao amor, e Espírito algum menoscabará o 'lugar sagrado' de outro Espírito, sem lesar a si mesmo."
As ideias materialistas, a falta do conhecimento da vida futura e suas injunções leva o homem a desejar a sua liberdade através da liberação sexual, sem compromissos e sem responsabilidades, e isso está estimulando as criaturas a se tratarem mutuamente como se fossem "coisas", “objetos” ou seja, a vida afetiva e sexual entre o homem e a mulher nada tem a ver com a vida pessoal de ambos. Isto é um grande engano.
Nenhuma criatura pode ser um objeto, um boneco ou um autômato do outro. A vida sexual implica na participação afetiva profunda das criaturas, dando origem a variações múltiplas e imprevisíveis na vida sentimental, emocional e psicológica, para níveis mais elevados ou menos elevados moralmente, de acordo com o nível evolutivo dos envolvidos. Vemos todos os dias através dos meios de comunicação como crescem assustadoramente os desastres morais na vida afetiva dos casais, seja na união conjugal ou fora dela; em virtude do despreparo espiritual surgem os sintomas enfermiços: desentendimentos, discussões, inimizades, perseguições, crueldade, infidelidade, separação, abandono, assassínios e suicídios. Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior, porque o cansaço dos viciados exige carnes novas para os apetites selvagens que os consomem. E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o alcoolismo, o tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da violência, da depressão, do autocídio.
As estatísticas da loucura que toma conta do Planeta, neste momento, são alarmantes!  Vive-se, nestes tormentosos dias, a tirania do sexo em exaltação...
Nos relacionamentos afetivos tanto o homem quanto a mulher, ambos são responsáveis pelos danos que venham a causar à vida íntima do outro, os quais serão cobrados, ceitil por ceitil, pela Justiça Divina. Quanto ao respeito à consciência de cada um, Emmanuel disserta:
"Conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar 'consciências', qual se fossem 'coisas', e, se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido a consciência de cada um?"
Todo relacionamento sexual, sem o cultivo constante e crescente do amor espiritualizado, possui possibilidades de criar, mais cedo ou mais tarde, problemas gravíssimos de difícil solução. O amor-paixão não sabe caminhar todo o tempo nos trilhos da disciplina, da harmonia, do respeito, da assistência mútua e da gratidão, pois, com o desejo dominando os sentimentos, a criatura humana busca sempre a satisfação de si mesma, não se importando com a vida interior do outro.
Esclarece ainda o benfeitor Emmanuel: "(...) os deveres assumidos, no campo do amor, ante a luz do presente, devem prevalecer, acima de quaisquer anseios inoportunos, de vez que o compromisso cria leis do coração e não se danificarão os sentimentos alheios sem resultados correspondentes na própria vida".
Podemos então afirmar que a poligamia, por sua vez, é um costume que, introduzido numa certa época, por motivos econômicos (o aumento de braços para o trabalho grátis nos clãs), já não se justifica.
É verdade que ainda hoje algumas populações muçulmanas do Norte da África e em grande parte da Ásia, se mantém pela predominância do apetite carnal sobre o senso moral de homens ricos, que se dão ao luxo de sustentar várias esposas e numerosa prole, mas tende a desaparecer, pouco a pouco, com o aperfeiçoamento das instituições.
A ordem natural e inerente à espécie humana nos leva a pensar que, incontestavelmente, a monogamia está mais próxima da Lei Divina, visto que, tendo por base a união constante dos cônjuges, permite se estabeleça entre ambos uma estreita solidariedade, não só nas horas de regozijo como nos momentos difíceis e dolorosos.
As demais formas de associação dos seres, conquanto possam ter sido autorizadas ou consentidas durante algum tempo, em determinadas circunstâncias da evolução social, de há muito que se tornaram condenáveis pelos códigos de Direito dos povos de cultura mais avançada, notadamente no mundo ocidental.
As ideias poligâmicas não correspondem aos desígnios da Providência que jamais foi possível generalizar-se, face à relativa igualdade numérica dos sexos. Portanto, a banalização e o tratamento animalizado do sexo como uma "necessidade fisiológica" devem ser substituídos - com urgência - pelo conhecimento de que o sexo é um processo da mente, e entender até que ponto o conceito de "necessidade fisiológica" está compatível com a necessidade do Espírito imortal de praticá-lo.
Então, forçosamente, podemos concluir que a monogamia é o instituto que melhor satisfaz aos planos de Deus, para o Ser Imortal, no sentido de preparar a família para uma convivência de paz, alegria e fraternidade, estado esse que há de estender-se, no futuro, abrangendo toda a Humanidade.

Bibliografia Consultada:

1. Franco, Divaldo - Vitória Sobre a Depressão, cap. 3, de Joanna de Ângelis;
2. Kardec, Allan -  O Livro dos Espíritos - questões 695 a 701;
3. Calligaris, Rodolfo - As Leis Morais - Pág. 79;
4. Xavier, Francisco - Evolução em Dois Mundos - André Luiz - pág. 139;
5. Barcellos, Walter - Sexo e evolução - págs. 124, 263;
6. Xavier, Francisco. Vida e Sexo - Emmanuel - págs. 26, 81.
* Telma Simões Cerqueira é Bacharel em Nutrição pela Universidade Veiga de Almeida, artista plástica e expositora espírita. Nasceu em lar evangélico, porém se tornou espírita nos arroubos da juventude, conhecendo a Doutrina Espírita aos 23 anos. Sempre ativa no Movimento Espírita, participa das atividades do Centro Espírita Jorge Niemeyer, em Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ

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