domingo, 24 de fevereiro de 2019

Mural reflexivo: O presente de aniversário


O presente de aniversário

     Numa narrativa pessoal, uma mãe norteamericana, no ano de 1969, escreveu: Uma semana depois de meu filho entrar para a primeira série, ele voltou para casa com a notícia de que Roger, o único menino negro na sala, era seu companheiro de brincadeiras no parquinho da escola.
     Eu engoli em seco e disse: Que bom. Quanto tempo até que alguém mais vire seu amigo?
     Ah, eu não vou deixar de ser amigo dele. – Respondeu Bill.
     Na outra semana, recebi a notícia de que Bill perguntara se Roger podia ser seu companheiro de carteira, na sala de aula.
     A não ser que você fosse nascido e criado no interior do Sul dos Estados Unidos, como eu fora, não vai entender o que isso significa. Marquei imediatamente uma reunião com a professora.
     Ela foi me encontrar com olhos cínicos e cansados, já dizendo de início:
     Bem, suponho que a senhora também queira um novo companheiro de carteira para o seu filho. Será que poderia esperar alguns minutos? Há outra mãe chegando agora.
     Virei-me e vi uma mulher da minha idade. Meu coração disparou quando percebi que deveria ser a mãe de Roger. Possuía uma discreta dignidade e muita atitude, mas nenhuma das duas qualidades podia encobrir a ansiedade que ouvi em suas perguntas:
     Como Roger está se saindo? Espero que esteja acompanhando as outras crianças. Se não estiver, avise-me.
     Ela hesitou, enquanto forçava-se a perguntar:
     Ele está criando qualquer tipo de problema? Quero dizer, por que ele tem que trocar tanto de carteira?
     Percebi a terrível tensão que estava sentindo, pois ela sabia a resposta. Mas fiquei orgulhosa da resposta gentil daquela professora primária: Não, Roger não está causando problemas, tento mudar todas as crianças de lugar durante as primeiras semanas, até que encontrem o parceiro certo.
     Eu me apresentei e disse que meu filho deveria ser o novo companheiro de Roger, e que eu esperava que gostassem um do outro. Eu sabia que era um desejo superficial, não um desejo profundo. Mas isso a ajudou, eu pude ver.
     Duas vezes, Roger convidou Bill para ir até sua casa, mas eu encontrei desculpas. Então, ocorreu o fato que originou o arrependimento que sentirei para sempre.
     No dia de meu aniversário, Bill voltou da escola com um pedaço encardido de papel dobrado, em um quadradinho minúsculo.
     Desdobrando-o encontrei três flores e Feliz aniversário, desenhados com lápis de cera no papel, e mais uma moeda de um centavo.
     Foi o Roger que mandou. – Disse Bill. – É o dinheiro do leite. Quando eu disse que hoje era seu aniversário, ele me fez trazer isso para você. Disse que você é amiga dele, porque foi a única mãe que não o obrigou a mudar de companheiro de carteira.
     *   *   *
     Martin Luther King Jr., o grande defensor da igualdade racial, em seu célebre discurso feito para uma multidão, nos Estados Unidos, declarou: Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos, um dia, irão viver em uma nação, onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter.
     Estamos chegando lá...
      
     Redação do Momento Espírita, com base no cap. O presente
de aniversário, de Mavis Burton Fergusson, do livro Histórias para aquecer
o coração, de Mark Victor Hansen, Jack Canfield e Heather Mcnamara,
ed. Sextante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário