segunda-feira, 27 de março de 2017

Revista Espírita - dezembro 1863 - A guerra surda.

REVISTA ESPIRITA
JORNAL
DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
DEZEMBRO 1863

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS.

A guerra surda.

Uma das manobras previstas na comunicação acima vem, ao que se nos ensina, de se realizar. Escrevem-nos que uma jovem, que fora conduzida uma única vez a uma reunião, deixou sua família, sem motivo, e se retirou na casa de uma pessoa estranha, de onde foi conduzida a um hospício de alienados, como atacada de loucura espírita, com desconhecimento de seus pais, que disso não foram informados senão depois da coisa feita. Ao cabo de vinte dias, estes tendo obtido autorização de ir vê-la, lhe censuraram de tê-los deixado; então ela confessou que se lhe haviam prometido dinheiro para simular a loucura. Até este momento, as providências para fazê-la sair foram infrutíferas.
Se for assim que se recrutam os loucos espíritas, o meio é mais perigoso para aqueles que o empregam do que para o Espiritismo. Quando se está reduzido a semelhantes expedientes para defender sua própria causa, esta é a prova mais evidente de que se está esgotado de boas razões. Diremos, pois, aos Espíritas: Quando virdes semelhantes coisas, alegrai-vos em lugar de vos inquietar com isso, porque elas são o sinal de um triunfo próximo. Uma outra circunstância, aliás, deve ser para vós um motivo de encorajamento, é que a vossa fileiras aumentam, não só em número, mas também em força moral; já vedes mais de um homem de talento tomar resolutamente a defesa do Espiritismo, e levantar com mão vigorosa a luva lançada por nossos adversários. Escritos de uma irresistível lógica lhes mostram cada dia que todos os Espíritas não são loucos. Nossos leitores conhecem a excelente reputação dos sermões do Rev. Pé. Letierce por um Espírita de Metz. Eis agora a não menos interessante dos Espíritas de Villenave de Rions(Gironde), sobre os sermões do Pé. Nicomède. Vérité de Lyon é conhecida por seus profundos artigos; o número de 22 de novembro merece sobretudo uma séria atenção. A Ruche de Bordeaux se enriquece de novos colaboradores tão capazes quanto zelosos. Enfim, se os agressores são numerosos, os defensores não o são menos. Assim, pois, Espíritas, coragem, confiança e perseverança, porque tudo vai bem segundo o que está previsto.
A comunicação seguinte desenvolve uma das fases da séria questão de que acabamos de tratar, e não pode deixar de premunir os Espíritas sobre as dificuldades que vão se acumular neste período.
Os conflitos.
(Reunião particular. 25 de fevereiro de 1863.  Médium, Sr. d'Ambel.)
Há no momento atual uma recrudescência de obsessão, resultado da luta que devem, inevitavelmente, sustentar as idéias novas contra seus adversários encarnados e desencarnados. A obsessão, habilmente explorada pelos inimigos do Espiritismo, é uma das provas mais perigosas que se terá que suportar antes de se assentar de maneira estável no espírito das populações, também deve ela ser combatida por todos os meios possíveis, e sobretudo pela prudência e energia de vossos guias espirituais e terrestres.
De todas as partes surgem médiuns com pretensas missões, chamados, dizem, a tomar nas mãos a bandeira do Espiritismo e a plantá-la sobre as ruínas do velho mundo, como se viéssemos destruir, nós que não viemos senão para edificar. Não há individualidade, tão medíocre seja ela, que não haja encontrado, como Macbeth, um Espírito para lhes dizer: "Tu também serás rei." E que não se creia designado a um apostolado todo particular; há poucas reuniões íntimas, e mesmo de grupos de família que não hajam contado, entre seus médiuns, ou seus simples crentes, uma alma bastante enfatuada de si mesma para se crer indispensável ao sucesso da grande causa, muito presunçosa para se contentar com modesto papel de obreiro trazendo sua pedra ao edifício. Ai! meus amigos, quantas pessoas de zelo excessivo e inútil!
Quase todos os novos médiuns estão submetidos, em seu início, a essa tentação perigosa; alguns a resistem, mas muitos nela sucumbem, ao menos por um tempo, até que os fracassos sucessivos venham desengana-los. Por que Deus permite uma prova tão difícil, senão para provar que o bem e o progresso não se estabelecem jamais sem trabalho e sem combate, para dar o triunfo da verdade mais brilhante pelas dificuldades da luta? E que querem certos Espíritos da erraticidade fomentando, entre as mediocridades da encarnação essa exaltação do amor-próprio e do orgulho, senão entravar o progresso? Sem o querer, somos instrumentos da prova que colocará em evidência os bons e os maus servidores de Deus. A este, tal Espírito promete o segredo da transmutação dos metais, como a um médium de R...; àquele, como ao Sr..... um Espírito revela pretensos acontecimentos que vão se cumprir, e fixa as épocas, precisa as datas, nomeia os autores que devem concorrer ao drama anunciado; a tal outro, um Espírito mistificador ensina a incubação dos diamantes; a outros são indicadas os tesouros ocultos, a glória, as honras, etc.; em uma palavra, todas as ambições e todas as cobiças dos homens são exploradas jeitosamente pelos Espíritos perversos. É porque de todos os lados vedes esses pobres obsidiados se prestarem a subir ao Capitólio com uma gravidade e uma importância que entristece o observador imparcial. Qual é o resultado de todas essas promessas falaciosas? As decepções, os dissabores, o ridículo, por vezes a ruína, justa punição do orgulho presunçoso que se crê chamado a fazer melhor que todo o mundo, desdenhando os conselhos e desprezando os verdadeiros princípios do Espiritismo.
Tanto a modéstia é o apanágio dos médiuns escolhidos pelos bons Espíritos, tanto o orgulho, o amor-próprio e, dizemos, a mediocridade são os lados distintivos dos médiuns inspirados pelos Espíritos inferiores; tanto os primeiros dão pouco valor às comunicações que recebem quanto estes se afastam da verdade, tanto os segundos mantêm contra todos a superioridade do que lhes é ditado, fosse isso mesmo absurdo. Disso resulta que, segundo as palavras pronunciadas na Sociedade de Paris, pelo seu presidente espiritual, São Luís, uma verdadeira Torre de Babelestá em vias de se edificar entre vós. De resto, seria necessário ser cego ou enganado para não reconhecer senão à cruzada dirigida contra o Espiritismo pelos adversários natos de toda doutrina progressiva e emancipadora, juntando-se uma cruzada espiritual, dirigida por todos os Espíritos pseudo-sábios, falsos grandes homens, falsos religiosos e falsos irmãos da erraticidade, fazendo causa comum com os inimigos terrestres por meio dessa multidão de médiuns fanatizados por eles, e aos quais ditam tantas elucubrações mentirosas. Mas vede o que resta de todos esses amontoados elevados pela ambição, o amor-próprio ou o ciúme; quantos deles não tendes visto desabar e quantos deles vereis desabar ainda! Eu vo-lo digo, todo edifício que não está assentado sobre a única base sólida: a verdade, cairá, porque só a verdade pode desafiar o tempo e triunfar de todas as utopias. Espíritas sinceros, não vos assusteis, pois, desse caos momentâneo; não está longe o tempo em que a verdade, desembaraçada dos véus com os quais se quer cobri-la, deles sairá mais radiosa do que nunca, e onde a sua claridade, inundando o mundo, fará reentrar na sombra seus obscuros detratores um instante postos em evidência por sua própria confusão.
Assim, pois, meus amigos, tendes a vos defender não só dos ataques e das calúnias de vossos adversários vivos, mas também contra as manobras mais perigosas ainda de vossos adversários da erraticidade. Fortalecei-vos, pois, por santos estudos e sobretudo pela prática do amor e da caridade, e retemperai-vos na prece. Deus ilumina sempre aqueles que se consagram à propagação da verdade, quando são de boa fé e desprovidos de toda ambição pessoal.
De resto, Espíritas, que vos importam os médiuns que não são, antes de tudo, senão os instrumentos! O que vos é necessário considerar é o valor e a importância dos ensinos que vos são dados; é a pureza da moral que vos é ensinada; é a limpidez, a precisão das verdades que vos são reveladas; é, enfim, de ver se as instruções que se vos dão respondem às legítimas aspirações das almas de elite, e se elas estão conformes às leis gerais e imutáveis da lógica e da harmonia universal.
Enviado por: "Joel Silva"

Seminário com Haroldo Dutra Dias - Nova Iguaçu/RJ.

Será realizado no dia 23 de abril de 2017, de 9h às 12h no Hotel Mercure em Nova Iguaçu, o Seminário com Haroldo Dutra Dias.
O evento é promovido pelo 9º e 10º Conselho Espírita da Unificação (CEU) do Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ). Haroldo é Juiz de Direito, escritor, tradutor e conferencista.
O Hotel Mercure fica na Avenida Doutor Mario Guimarães, 520 – Nova Iguaçu/RJ. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (21) 3257-8500.

1º Encontro de Educação Espírita - São João da Boa Vista/SP


De 21 a 23 de abril de 2017 acontecerá na Escola de Comércio e no Teatro Municipal de São João da Boa Vista/SP o 1º Encontro de Educação Espírita.

Na programação do evento, participações especiais do Fraternidade Sem Fronteiras, Companhia Amigos da Luz, Teatro Pensamento e Vida e dos palestrantes Allan Vilches, Manolo Quesada, Marcus de Mario, José Antônio da Cruz e Vinicius Lara.

O endereço da Escola de Comércio é Rua Riachuelo, 444 – São Lázaro. Já o Teatro Municipal fica na Rua Marechal Deodoro, 407 – Centro. Mais informações podem ser obtidas em /use_sjbv.gitlab.io/encontro_educacao_espirita

1ª Conferência Estadual Espírita do Rio Grande do Norte - Tema central: “Espiritismo: 160 Anos Esclarecendo e Consolando”

De 21 a 23 de abril de 2017 acontecerá no eSuites Vila do Mar a 1ª Conferência Estadual Espírita do Rio Grande do Norte.
O tema central é “Espiritismo: 160 Anos Esclarecendo e Consolando”.  Na programação, palestras de Alberto Almeida, Haroldo Dutra Dias, Sandra Borba, André Siqueira, Rossandro Klinjey, Alírio de Cerqueira e Afro Stefaninni.
O eSuites Vila do Mar fica na Via Costeira, 4233 – Parque das Dunas, Natal/RN. Mais informações podem ser obtidas em www.fern.org.br ou pelo telefone (084) 3211-8518

Mulher escolhe adotar bebê com microcefalia vítima de maus-tratos

Depoimento a (...)CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE
 
RESUMO Para muitos, ter um bebê com microcefalia é fatalidade. Para Valéria Gomes Ribeiro, 46, de Paulista, a 15 km do Recife (PE), foi uma escolha, um "presente de Deus". Mãe adotiva de um rapaz de 19 anos, que tem deficiência mental, ela conseguiu a guarda provisória de João, de um ano e meio, que foi retirado da mãe biológica pelo Conselho Tutelar por maus-tratos. Ela acorda às 3h para levá-lo de ônibus a uma maratona de terapias e consultas. "Meu sonho é vê-lo andar, falar, me chamar de mamãe ou mainha."
Conheci João logo depois que ele nasceu, em 20 de agosto de 2015. Fui visitar a mãe biológica dele, que já tinha outros dez filhos antes de ter ele e a irmã gêmea.
Sabia que o João tinha algum problema, mas não sabia que era microcefalia. Como sou mãe de um rapaz de 19 anos, deficiente mental, expliquei para a mãe os cuidados que ela deveria ter com uma criança especial.
A partir daí, ela começou a mandar o João todos os dias para a minha casa. Ele vinha no colo das irmãs de oito e de nove anos. Chegava cedo, todo sujo, com os olhinhos remelentos e cheio de xixi. Tinha espasmos e chorava muito, sem parar. A mãe dizia que era susto, que ele não deixava ninguém dormir.
Comigo, ele ficava mais calmo. Parecia sentir o carinho e a atenção que não tinha em casa, onde era cuidado por crianças, jogado de um para outro. Ninguém tinha paciência para cuidar dele. Eu dava banho e comida e, à tarde, as crianças voltavam para buscá-lo.
Um dia tive que correr com ele para uma UPA porque teve uma crise convulsiva. Foi lá que descobri que ele tinha microcefalia. A mãe contou que teve zika na gravidez. Mas ela não entendia a gravidade do problema.
Com o diagnóstico, ajudei a mãe a ir atrás do benefício social [R$ 880] que João tem direito. Depois que ela conseguiu o benefício, acho que ficou com medo de perder a guarda do filho e deixou de mandá-lo para a minha casa.
O Conselho Tutelar estava de olho nela porque uma das filhas tinha engravidado com 11 anos, abortado e ido sozinha para o hospital. As outras crianças menores são cuidadas pela vizinhança. Um dá um prato de comida, outro, um banho.
Da irmã gêmea do João, que aparentemente não tem microcefalia, quem cuida é uma senhora ali da esquina. A mãe gosta de filho assim: que os outros cuidem de dia e mandem para ela alimentado e com banho tomado.
Numa das visitas, o Conselho Tutelar flagrou que o João estava sendo vítima de maus-tratos. Ele ia ser recolhido para o abrigo, quando uma senhora que me ajudava com doações me avisou. Eu consegui a guarda provisória dele em junho. Agora estou na luta para conseguir a definitiva. Não imagino mais minha vida sem o João.
Acordo às 3h e pego o primeiro ônibus às 4h20. Só volto pra casa às 20h. As consultas e terapias ficam em lugares diferentes do Recife. Pego uns oito, dez ônibus por dia.
Não posso chegar atrasada, senão já dão falta. Se ele tiver duas faltas, é cortado das instituições do SUS.
Os ônibus estão sempre lotados, as pessoas têm preconceitos, não são solidárias. Olham para ele como se fosse um bicho. Tenho que fingir de surda e muda para não criar confusão. São crianças que não pediram para vir ao mundo da forma que vieram. Elas têm que ter o amor e o carinho de nós que somos mães.
Sou mãe, me sinto mãe do João, quero proteger, cuidar, quero amar mais do que ele já é amado. Minha mãe é avó dele, minhas irmãs, as tias. Todos me ajudam como podem. Só de medicamentos, fraldas, leite especial e produtos de higiene gasto R$ 800 a R$ 1.000. O benefício dele ainda está com a mãe biológica, que não ajuda em nada.
Crio o João com a ajuda de pessoas solidárias, não tenho amparo do governo.

TEMPO INTEGRAL

Tinha um comércio em casa e tive que fechar para poder cuidar dele. A gente para a vida porque não tem tempo de mais nada, nem de cuidar da gente mesmo. Não dá tempo de ir a um clínico, fazer uma prevenção.
Mas vale a pena. O João já consegue movimentar os bracinhos, que antes eram totalmente rígidos. Ele me acompanha com o olhar, sorri, enxerga, escuta. Em casa, montei um canto para trabalhar a terapia com ele, faço o que aprendo com as fisioterapeutas para ele não esquecer.
Meu sonho é ver o João andar, falar, me chamar de mãe ou de mainha. Acredito que a gente vai conseguir.
O João chegou para mim num momento muito difícil. Por causa da obesidade, estava muito triste, achava que a vida estava acabando. No casamento tinha muita briga, muita desunião. Ele chegou e renovou tudo, trouxe mais amor, mais união. Já fiz um voto com Deus que, se eu ganhar a guarda definitiva dele, vou parar de fumar, emagrecer. Se eu não cuidar de mim, como vou cuidar dele?
Depoimento publicado no Jornal Folha de S.Paulo, em 30 de janeiro de 2017.

Marcia Leal Jek* comenta

Lendo essa matéria compreendemos o quanto deve estar sendo difícil para Valéria vivenciar esta situação. A busca do entendimento da Microcefalia é de suma importância para que possa inclusive buscar as formas mais adequadas de ajuda ao seu filho adotivo.
Joanna de Ângelis, Espírito, nos diz, em seu livro “Constelação Familiar”, psicografado por Divaldo Franco: “Quando, por acaso, na constelação familiar exista algum exemplo de expiação, deve-se torná-lo preciosa lição de vida, não apenas para o padecente, mas para todos os membros, que se deverão unir, a fim de atenuar os sofrimentos daquele que se encontra necessitado de ajuda. Essa providência desenvolve em todos a coragem e o respeito à vida, eliminando temores e diluindo ilusões em torno da matéria, principalmente quanto à sua fragilidade”.
Valéria comenta que o João chegou na vida dela numa fase bem difícil que estava passando. Sabemos que Deus não nos dá nenhuma prova que não possamos suportá-la. A chegada de João fez com que ela tivesse fé e confiança, e fazer o bem a outrem retorna para nós em forma de bênçãos e alívio às nossas dores.
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Cap. XIV, item 9, no quinto parágrafo, Santo Agostinho afirma: "Ó, espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; (...) tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes."
Somos instruídos pelos Espíritos Superiores que nossos filhos são Espíritos reencarnados que possuem provas a serem vivenciadas e com um plano reencarnatório necessário à evolução, como cada um de nós que aqui neste planeta no momento habita.
A prova de existência que João atravessa também é uma prova para Valéria, que não está tutelando este espírito por acaso.
A Adoção é um ato de amor não apenas das pessoas que adotam, mas também para os próprios adotados, que aceitam as famílias que os acolhem, pois sabemos que mesmo antes de estarmos encarnados temos planos a cumprir nesta nossa nova jornada.
Em "O Evangelho segundo o Espiritismo", capítulo XIV, encontramos: “Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família, e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue.”
Portanto, encontramos duas espécies de famílias: as que se encontram neste planeta por laços espirituais e as que se encontram por laços consanguíneos – “As primeiras duradouras, fortificam-se pela purificação da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extingue-se com o tempo e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV.)
Precisamos amar a todos, sentir que Deus é nosso pai e todos nós somos irmãos.
 
* Marcia Leal Jek é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

Arara da felicidade... a fé


domingo, 26 de março de 2017

Mural reflexivo: Cadeias da alma



Cadeias da alma

 

      Você se considera uma pessoa livre?

      Mas, afinal de contas, o que é ter liberdade?

      Se pensamos que somos livres só pelo fato de não estar atrás das grades, podemos até nos dizer livres.

      Mas, será que realmente somos?

      Se você diz ter liberdade plena, mas se irrita quando os outros querem; se veste conforme os modistas determinam; sente ódio quando as circunstâncias pedem; usa a marca que a sociedade estabelece como sendo a melhor, e se submete a outras tantas cadeias psicológicas, você pode até dizer-se livre, mas é um encarcerado da alma.

      O homem verdadeiramente livre é senhor de si, dos seus atos, da sua vontade.

      Quem é livre não se submete aos vícios, nem às convenções sociais descabidas, nem cai em armadilhas preparadas para os descuidados.

      A verdadeira liberdade é a liberdade da alma.

      Gandhi, o homem que soube lutar pela paz, apesar de ficar detido atrás das grades muitas vezes, era um homem livre, pois ninguém conseguia aprisionar-lhe a alma.

      Paulo, o Apóstolo, mesmo jogado numa cela fétida e úmida, manteve-se sereno e senhor da sua liberdade moral.

      Os homens podiam impedir que ele andasse livremente, mas jamais conseguiram deter sua liberdade de pensar e sentir.

      Quando um homem é livre, não se importa com o que pensam dele nem com o que falam a seu respeito, mas sim do que fala sua própria consciência.

      Os pais e mães modernos nem sempre estão dispostos a educar os filhos para que sejam livres pois estabelecem, desde a infância, uma série de situações que tendem a fazer com que pensem pela cabeça dos outros.

      Não os deixam ter as experiências de que necessitam para ser livres e por isso os fazem seus dependentes.

      Dependem da mãe para escolher a roupa e o calçado que irão usar, para arrumar sua cama, para pôr ordem em seus brinquedos e, às vezes, até para fazer as lições da escola.

      Sim, há pais que fazem pelos filhos as tarefas que os professores lhes solicitam.

      Pensando em ajudar, negam ao filho a oportunidade de se fazer verdadeiramente livre.

      Outros pais fazem dos filhos cópias perfeitas dos seus ídolos da TV. Compram roupas, bolsas, calçados e outros adereços dos personagens que a mídia produz, como se fossem modelos saudáveis a serem seguidos.

      Não se dão conta, esses pais, que estão criando um condicionamento negativo, impedindo que as crianças desenvolvam o senso crítico.

      Importante que pensemos com seriedade a esse respeito, buscando a nossa liberdade moral e ajudando os filhos a conquistar sua própria libertação.

      Libertação física pela limitação dos apetites, não se deixando governar pelos instintos.

      Libertação intelectual pela conquista da verdade, mantendo a mente sempre aberta.

      E libertação moral pela procura da virtude.

      Somente quando soubermos governar a nós mesmos com sabedoria é que poderemos nos dizer verdadeiramente livres.

      *   *   *

      O limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, ou as asas de luz para a perene harmonia.

       

     Redação do Momento Espírita.

Disponível no livro Momento Espírita v. 2, ed. Fep.