segunda-feira, 20 de julho de 2009

Jovem diz ter sido condenado por tribunal do tráfico no Rio - comentada

20 de maio de 2009 • 09h56 • atualizado às 09h56

Um jovem de 16 anos afirmou que foi "julgado" e baleado nas mãos por traficantes do Comando Vermelho. O adolescente, morador do morro do Borel, na Tijuca, Rio de Janeiro, assaltou um bar em acesso ao morro do Andaraí na sexta-feira. Armado, ele disse que disparou contra o dono do estabelecimento, que ficou ferido sem gravidade, e roubou um rádio.


O tráfico teria exigido a captura do ladrão, pego na segunda-feira, julgado e condenado. O jovem procurou socorro no Hospital do Andaraí, onde está sob custódia.

Segundo o adolescente, a ordem para a caçada partiu de Enéas da Costa Neto, o Ringo. Dois homens teriam localizado a vítima na rua Borda do Mato, no Lins de Vasconcelos. Após o suposto "julgamento", o adolescente, ferido, desceu o morro e foi de ambulância até o Hospital do Andaraí, onde passou por duas cirurgias nas mãos.

A 20ª Delegacia de Polícia (Vila Isabel) aguarda o adolescente receber alta para que possa prestar depoimento. Quando chegou ao hospital, ele foi interrogado por um comissário de plantão e relatou o "julgamento". Desde então, não pôde mais ser ouvido.

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Comentário:

Este episódio me levou a refletir sobre a Lei de Justiça, do qual todos nós já nos colocamos como seus executores.

"873. O sentimento de justiça é natural ou resulata de idéias adquiridas?
- È de tal modo natural que vos revoltai ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve sem dúvida esse sentimento, mas não o dá; Deus o pôs no coração do homem. Eis porque encontrais frequentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça do que entre pessoas de muito saber.

874. Se a justiça é uma lei natural, como se explica que os homens a entendam de maneiras tão diferentes, que um considere justo o que a outro parece injusto?
-É que em geral se misturam paixões ao julgamento, alterando esse sentimento, como acontece com a maioria dos outros sentimentos naturais, e fazendo ver as coisas sob um falso ponto de vista.

875. Como se pode definir a justiça?
- A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um." O Livro dos Espíritos , Allan Kardec.

Compreendemos aqui que a justiça é um sentimento inerente ao homem, ela é por vezes mal compreendida e executada. Normalmente levamos em consideração nossos próprios interesses e buscamos as mais incríveis e por vezes tolas justificativas para nossos atos, o que raramente fazemos quando julgamos os atos alheios. É deste movimento que se originou o ditado popular "Dois pesos e duas medidas".

"877. A necessidade de viver em sociedade acarreta para o homem obrigações particulares?
- Sim, e a primeira de todas é a de respeitar os direitos dos semelhantes; aquele que respeitar esses direitos será sempre justo. No vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei de justiça, cada um usa de represálias, e vem daí a perturbação e a confusão da vossa sociedade. A vida social dá direitos e impõe deveres recíprocos.

878. Podendo o homem iludir-se quanto à extensão do seu direito, o que é que deve levá-lo a conhecer-lhe os limites?
- Os limites do direito que reconhece para o seu semelhante em relação a ele, na mesma circunstância e de maneira recíproca."

Nesta notícia podemos ver claramente que a justiça foi trocada pela represália, o que se buscava era fazer o ladrão sofrer e inutilizar suas mãos para que ele, com medo de novas represálias, não realiza-se outros assaltos. É o desejo de fazer justiça com as próprias mãos. Pela lei de justiça o ladrão deveria reparar o mal feito e não apenas ser castigado pela dor, desta forma ele não compreende completamente o erro, apenas pode não repetí-lo por medo.

(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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