quarta-feira, 22 de junho de 2011

Notícia: "Por que é difícil dizer não às drogas".

Quem usa drogas pela primeira vez não vê os amigos se acabando nas sarjetas e não acredita que vai ser um viciado.

As campanhas contra o uso de drogas e a exibição na televisão do efeito devastador que elas têm sobre a vida dos viciados deveriam ser suficientes para riscar esse mal da superfície do planeta. Não é o que acontece. Num desafio ao bom senso, um número enorme de adolescentes continua dizendo sim às drogas. Pesquisa recente mostrou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. A idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos em uma década. Tais dados sinalizam um futuro bem ruim. Quanto mais cedo se experimenta uma droga, maiores são os riscos de se tornar viciado. As pesquisas também revelam que a maioria dos jovens sabe que as drogas podem se transformar num problema sério. Mas isso não basta para mantê-los longe de um baseado ou de um papelote de cocaína. (...)

Comentário:

Os malefícios e os perigos do consumo de drogas são fatos incontestáveis conhecidos por todos. Então, porque é que um número tão grande de jovens ainda se sente irresistivelmente atraído por elas?
A impulsividade é uma marca da juventude. É conhecida a apetência dos jovens pelo risco e pela aventura, o fascínio que têm por novas experiências, desvalorizando muitas vezes os perigos que criam para si próprios e para os outros. Mesmo diante de algumas situações periclitantes, os jovens se sentem invulneráveis, julgando que possuem um absoluto controlo emocional das situações. (...)


Por que é difícil dizer não às drogas.

Quem usa drogas pela primeira vez não vê os amigos se acabando nas sarjetas e não acredita que vai ser um viciado.


As campanhas contra o uso de drogas e a exibição na televisão do efeito devastador que elas têm sobre a vida dos viciados deveriam ser suficientes para riscar esse mal da superfície do planeta. Não é o que acontece. Num desafio ao bom senso, um número enorme de adolescentes continua dizendo sim às drogas. Pesquisa recente mostrou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. A idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos em uma década. Tais dados sinalizam um futuro bem ruim. Quanto mais cedo se experimenta uma droga, maiores são os riscos de se tornar viciado. As pesquisas também revelam que a maioria dos jovens sabe que as drogas podem se transformar num problema sério. Mas isso não basta para mantê-los longe de um baseado ou de um papelote de cocaína.
Por que é assim? É claro que quem experimenta pela primeira vez não deseja virar viciado. Um estudo do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Universidade de São Paulo (Grea) diz que a curiosidade é a motivação que leva nove em cada dez jovens a consumir drogas pela primeira vez. Em seguida vem o desejo de se integrar a algum grupo de amigos. No momento da iniciação das drogas, o adolescente não vê os amigos morrendo, sendo pressionados por traficantes nem se acabando nas sarjetas. Também é difícil perceber a importância que a droga pode assumir em sua vida no futuro. A maioria das drogas só provoca dependência depois de algum tempo de uso. Ou seja, quem entra nessa só percebe tarde demais que está num caminho sem volta. Apenas uma parcela dos usuários se torna dependente grave, do tipo que aparece nas novelas de TV. Apostar nesse argumento para usar drogas é uma loteria perigosíssima, porque ninguém sabe ao certo se vai virar viciado ou não.
Há alguns fatores que contribuem para que um jovem tenha maiores probabilidades de se viciar. O primeiro é genético. Já se provou que pessoas com histórico familiar de alcoolismo ou algum outro vício correm maiores riscos de também ser dependentes. Os demais estão relacionados com a personalidade. Adolescentes tímidos, ansiosos por algum tipo de reconhecimento entre os amigos, apresentam maior comportamento de risco para a dependência. Eles acreditam que as drogas os ajudarão a ser mais populares entre os colegas ou que serão uma boa maneira de vencer a travação na hora de se declarar e namorar, tarefa sempre complicada para quem é introvertido. Jovens inseguros, que sofrem de depressão ou ansiedade, costumam procurar as drogas como alívio para seus problemas. É ainda uma forma de mostrar aos pais que algo não vai bem com eles ou com a vida familiar. No extremo oposto, aqueles que parecem não ter medo de nada e que buscam todo tipo de emoções também correm grande risco de se envolver com drogas.
O melhor jeito de dizer não às drogas é entender que ninguém precisa ser igual ao amigo ou repetir padrões de comportamento para ser aceito no grupo. É por isso que a prevenção em casa funciona melhor que os anúncios do governo. "Dá para fazer uma boa campanha doméstica sem falar necessariamente em droga", diz o psiquiatra Sérgio Dario Seibel, de São Paulo. Em outras palavras: é natural o adolescente repelir reprimendas e conversas formais sobre esse assunto. Imediatamente fecha a cara e os ouvidos a quem lhe diz em tom grave: "Precisamos conversar sobre drogas", seja o pai, a mãe, seja o governo ou qualquer instituição. A situação ainda é pior quando o pai bebe todo dia sob o pretexto de relaxar ou quando está nervoso e deprimido. Ele pode passar para o filho a idéia de que a bebida é um poderoso aliado para enfrentar obstáculos. A mãe que toma comprimidos para dormir também está dando ao filho a falsa idéia de que as substâncias químicas garantem a felicidade. Daí a ele achar natural usar drogas é apenas um passo.

Elas fazem muito mal

Muita gente acredita que o consumo esporádico de drogas não faz mal. Errado. Todas as drogas são de alto risco: prejudicam a saúde, perturbam os estudos e alteram o humor para pior. E ninguém sabe de antemão se vai ou não se tornar um viciado.

ÁLCOOL
Provoca cirrose e hepatite alcoólica, hipertensão, problemas cardíacos. Causa danos cerebrais e provoca perda de memória. Leva à dependência física, com graves crises de abstinência e, em grandes doses, provoca coma.

MACONHA
Causa apatia e perda de motivação, prejudica a memória e o raciocínio. Estudos mostram que quem fuma maconha está mais sujeito a sofrer de insuficiência cardíaca e esquizofrenia.

COCAÍNA
O risco de overdose é alto, o que pode levar à morte. O uso contínuo causa degeneração muscular, perda do desejo sexual, alucinações e delírios. Uma em cada cinco pessoas que experimentam a droga se torna dependente.

ECSTASY
Induz a ataques de pânico e ansiedade. Provoca danos nas células nervosas, o que leva à depressão crônica.

 
****
Comentário:

Os malefícios e os perigos do consumo de drogas são fatos incontestáveis conhecidos por todos. Então, porque é que um número tão grande de jovens ainda se sente irresistivelmente atraído por elas?
A impulsividade é uma marca da juventude. É conhecida a apetência dos jovens pelo risco e pela aventura, o fascínio que têm por novas experiências, desvalorizando muitas vezes os perigos que criam para si próprios e para os outros. Mesmo diante de algumas situações periclitantes, os jovens se sentem invulneráveis, julgando que possuem um absoluto controlo emocional das situações.
Normalmente, é a curiosidade e a vontade de inserção num determinado grupo que leva os jovens a experimentar as drogas. Estimulados por uma brincadeira ou um desafio lançado pela sua roda de amigos, aceitam de livre de vontade essa iniciação. Para se defenderem dos insistentes alertas que a consciência não cala, criam uma distância psíquica em relação às imagens mais negras da droga. A fragilidade é sempre um defeito dos outros: “Ele só se afundou porque não soube se controlar”; “Uma vez não vai fazer mal.”; “Eu conheço os meus limites!”; “Comigo, isso [dependência] nunca irá acontecer!”. A incapacidade crónica do ser humano em reconhecer perante si e diante dos outros as próprias angústias, fragilidades e limitações, foi magistralmente expressa por Fernando Pessoa em “Poema em Linha Reta”, que começa assim: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Outras vezes, é a dor que arrasta o jovem para as garras da droga. Não a dor física, mas a angústia existencial, os conflitos íntimos, os dramas da rejeição, da tristeza e da solidão. O consumo de droga se transforma numa solução imediatista que proporciona uma fuga da realidade, um momento de êxtase em que a dor não é sentida. Não porque tenha desaparecido mas porque foi temporariamente anestesiada.
Diante do apelo das drogas, é necessário mostrar aos jovens que a droga é um dos maiores trambiques inventados pelo Homem. É o canto das sereias moderno. Na Odisseia, o herói Ulisses se amarrou ao mastro do seu barco para não se lançar nos braços das sereias ao passar pela sua ilha. Na vida real, quem ainda duvidar da sedutora intrujice das drogas, procure alguém que em desespero queira se livrar delas e ouça com atenção a sua história. Eis uma dessas histórias, que não é muito diferente de tantas outras:
Nos primeiros tempos, as viagens eram pontilhadas de luzes, sorrisos rasgados e abraços amigos. Partilhada com os meus camaradas em noites de folia, a droga dava-me asas, desinibia o meu medo, anestesiava a frustração, me libertava da tristeza, tranquilizava as minhas dúvidas e curava a solidão que eu não conseguia vencer. Era um verdadeiro oásis no deserto da minha vida. Com o tempo, elas foram segredando cada vez mais promessas maravilhosas de um mundo livre, sem responsabilidades e sobretudo, sem dor. O único inconveniente desse mundo perfeito era ser passageiro. O efeito passava, e as angústias voltavam mais fortes do que nunca. Se antes a solidão machucava, passou a ser insuportável. Se antes o medo me colocava obstáculos, se tornou numa barreira intransponível. Aos poucos, a realidade foi parecendo severa demais e a solução era bem simples: estava apenas à curta distância da aceitação de uma necessidade que me obrigava a consumir sempre mais. As promessas desapareceram, as luzes se apagaram. Os sorrisos sumiram e os abraços… os abraços alguma vez existiram? À minha volta não havia ninguém, apenas um monstro insaciável que oprimia a minha alma exigindo mais e mais. A droga era a única forma que tinha para aliviar esse sofrimento que as palavras não podem mostrar. Transformei-me no reles prisioneiro de uma mentira. Alguém completamente incapaz de pensar, de reconhecer a aflição de quem me amava, inválido para sentir, inválido para viver. Os momentos diários sob o efeito da droga eram a única razão para estar vivo. Mais tarde, nem isso foi suficiente para me prender à vida.
Para além da dependência, que arrasta os usuários para um ciclo destrutivo de auto-aniquilamento, não podemos ignorar os danos irreparáveis que as drogas provocam no cérebro e as graves perturbações energéticas registadas no corpo espiritual que aproximam os usuários de entidades espirituais em grande angústia e sofrimento.
A droga estabelece o equívoco, inverte as ideias, destrói o sentido das emoções e da própria vida. O crescimento pressupõe aprender a melhor forma de lidar com as nossas dores e de superar contrariedades. Isso só é conseguido, enfrentando essas dificuldades. É essa capacidade de transcendência, de perseverança e de fé, que nos empurra para uma maior compreensão e aceitação dos mistérios do nosso mundo. É comum ouvir dizer que as drogas são um atalho mas elas são um complexo labirinto que atordoa os nossos sentidos. Desconfiem dos prazeres que prometem resultados imediatos. Tornamo-nos mais sábios quando aprendemos a reconhecer e rejeitar os prazeres que nos proporcionam uma fuga da realidade e passamos a escolher aqueles que expandem o nosso crescimento, o conhecimento de nós mesmos e a infinita capacidade que possuímos para amar.

Por: Carlos Miguel Pereira. Trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.

Nenhum comentário:

Postar um comentário