quarta-feira, 4 de julho de 2012

Evocações particulares - Mãe, estou aqui!

A senhora X havia perdido, há alguns meses, sua filha única, de catorze anos de idade, objeto de toda a sua ternura, e muito digna de seus lamentos pelas qualidades que prometiam fazer, dela, uma mulher perfeita. Essa jovem pessoa havia sucumbido a uma longa e dolorosa doença. A mãe, inconsolável com essa perda, via, dia a dia, sua saúde alterar-se, e repetia, sem cessar, que iria logo juntar-se com sua filha. Instruída quanto à possibilidade de se comunicar com os seres de além-túmulo, a senhora X resolveu procurar, em uma conversa com a sua criança, um alívio para sua pena. Uma dama de seu conhecimento era médium, mas, pouco experimentadas, uma e outra, para semelhantes evocações, sobretudo, em uma circunstância tão solene, me convida para assistir. Não éramos senão três: A mãe, a médium e eu. Eis o resultado dessa primeira sessão.

a mãe. Em nome de Deus Todo-Poderoso, Espírito de Julie X, minha filha querida, eu te peço vir se Deus o permite.

julie. Mãe! Eu estou aqui.

a mãe. É mesmo tu, minha criança, quem me responde? Como posso saber que és tu?

julie. Lili.

(Era um pequeno nome familiar dado à jovem, em sua infância; não era conhecido nem pelo médium nem por mim, já que, desde vários anos, não a chamava senão pelo seu nome de Julie. A esse sinal, a identidade era evidente; a mãe, não podendo dominar sua emoção, explode em soluços)....





A senhora X havia perdido, há alguns meses, sua filha única, de catorze anos de idade, objeto de toda a sua ternura, e muito digna de seus lamentos pelas qualidades que prometiam fazer, dela, uma mulher perfeita. Essa jovem pessoa havia sucumbido a uma longa e dolorosa doença. A mãe, inconsolável com essa perda, via, dia a dia, sua saúde alterar-se, e repetia, sem cessar, que iria logo juntar-se com sua filha. Instruída quanto à possibilidade de se comunicar com os seres de além-túmulo, a senhora X resolveu procurar, em uma conversa com a sua criança, um alívio para sua pena. Uma dama de seu conhecimento era médium, mas, pouco experimentadas, uma e outra, para semelhantes evocações, sobretudo, em uma circunstância tão solene, me convida para assistir. Não éramos senão três: A mãe, a médium e eu. Eis o resultado dessa primeira sessão.

a mãe. Em nome de Deus Todo-Poderoso, Espírito de Julie X, minha filha querida, eu te peço vir se Deus o permite.

julie. Mãe! Eu estou aqui.

a mãe. É mesmo tu, minha criança, quem me responde? Como posso saber que és tu?

julie. Lili.

(Era um pequeno nome familiar dado à jovem, em sua infância; não era conhecido nem pelo médium nem por mim, já que, desde vários anos, não a chamava senão pelo seu nome de Julie. A esse sinal, a identidade era evidente; a mãe, não podendo dominar sua emoção, explode em soluços).

julie. Mãe! Por que se afligir? Sou feliz; bem feliz; não sofro mais e te vejo sempre.

a mãe. Mas eu não te vejo. Onde estás?

julie. Aí; ao lado de ti, minha mão sobre a senhora Y (a médium) para fazer com que escreva, o que te digo. Veja minha escrita. (A escrita era, com efeito, a da sua filha.)

a mãe. Tu dizes: minha mão; tens, pois, um corpo?

julie. Não tenho mais esse corpo que me fazia sofrer; mas tenho dele a aparência. Não estás contente, que eu não sofra mais, uma vez que posso conversar contigo?

a mãe. Se eu te visse, pois, te reconheceria?

julie. Sim, sem dúvida, e tu já me tens visto, freqüentemente, em teus sonhos.

a mãe. Eu te revi, com efeito, em meus sonhos, mas, acreditei que era um efeito da minha imaginação, uma lembrança.

julie. Não; sou eu que estou sempre contigo, e que procura te consolar; fui eu quem te inspirou a idéia de me evocar. Tenho muitas coisas a dizer-te. Desconfie do senhor F, ele não é franco.

(Esse senhor, só conhecido de minha mãe, e assim nomeado espontaneamente, era uma nova prova da identidade do Espírito que se manifestava.)

a mãe. Que pode, pois, fazer contra mim o senhor F?

julie. Não posso dizer-te; isso me é proibido. Não posso mais que advertir-te para dele desconfiar.

a mãe. Estás entre os anjos!

julie. Oh! não ainda; não sou bastante perfeita.

a mãe. Não te reconheço, no entanto, nenhum defeito; tu eras boa, doce, amorosa e benevolente para todo o mundo; será que isso não basta?

julie. Para ti, mãe querida, eu não tinha nenhum defeito; eu acreditava nisso; tu me dizias, muito freqüentemente! Mas, no presente, vejo o que me falta para ser perfeita.

a mãe. Como adquirires as qualidades que te faltam?

julie. Em novas existências, que serão mais e mais felizes.

a mãe. Será na Terra que terás essas novas existências?

julie. Disso não sei nada.

a mãe. Uma vez que não havias feito mal durante tua vida, porque tanto sofreste?

julie. Prova! Prova! Eu a suportei com paciência, pela minha confiança em Deus; por isso, sou bem feliz hoje. Até breve, mãe querida!

Em presença de semelhantes fatos, quem ousaria falar do nada do túmulo, quando a vida futura se nos revela, por assim dizer, palpável? Essa mãe, minada pelo desgosto, goza, hoje, de uma felicidade inefável por poder conversar com sua criança; não há mais, entre elas, separação; suas almas se confundem e se expandem, no seio uma da outra, pela permuta dos seus pensamentos.

Malgrado o véu do qual cercamos essa relação, não nos permitiríamos publicá-la, se para isso não estivéssemos formalmente autorizados. Pudessem, disse-nos essa mãe, todos aqueles que perderam suas afeições na Terra, experimentar a minha mesma consolação!

Não acrescentaremos senão uma palavra endereçada àqueles que negam a existência dos bons Espíritos; nós lhes perguntaremos como poderiam provar que o Espírito dessa jovem era um demônio malfazejo.

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