Irmãs gêmeas idênticas, Kristie e Catherine Fields, do País de
Gales, perderam a fala aos 14 anos graças a uma das mais raras condições médicas
que faz com que os músculos do corpo sofram cerca de 100 espasmos por dia,
causando dores frequentes. No aniversário de 18 anos, as irmãs ganharam um
aparelho eletrônico que devolve a elas o poder de conversar.
Segundo o jornal britânico Daily Mail,
Kristie e Catherine são as únicas pessoas no planeta que sofrem da Fields
Condition, doença que, por ser tão rara, ganhou o nome das meninas. Os aparelhos
foram doados pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em
inglês).
Agora, os amigos podem até mesmo diferenciar uma
irmã da outra, já que Kristie adotou o sotaque australiano e Catherine, o
americano. "Perdemos a voz ao mesmo tempo e tem sido difícil a comunicação entre
nós e com a família e amigos", conta Catherine.
Cristiano Carvalho Assis* comenta
Em casos desta natureza, devemos valorizar todos
os lados envolvidos. Sem o papel das gêmeas, da ciência e da Misericórdia
Divina, o resultado poderia ser diferente.
Todos nós, espíritas, somos sabedores que nada
acontece por acaso. Como as gêmeas estão passando por uma prova deste tipo, é
porque existe um motivo bom e justo para que Deus tenha permitido. Podendo estar
englobados débitos de uma vida passada ou provas para adquirir maior crescimento
espiritual. Independente do motivo, tenhamos em mente: “não esqueçais nunca
que, ao lado da mais rude prova, coloca sempre uma consolação.” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVI.) Observamos o recurso dos
aparelhos como uma forma de amenização de seus problemas e desafios de vida.
Isto ocorre muitas vezes por merecimento, devido à forma que encaram suas
limitações ou por ação da misericórdia Divina.
Muitos de nós podemos dizer: "Não, o mérito é
todo da ciência em proporcionar os aparelhos". No entanto, precisamos ver e
entender que todos nós, doentes da alma, necessitamos da dose certa de remédios
(desafios da vida) para ficarmos curados de nosso orgulho, egoísmo ou de outras
mazelas íntimas. Alguns precisam de doses maiores, mais amargas, limitantes e
por mais tempo que outros, mas todos só receberemos aquilo que suportamos e
necessitamos. Quando não há mais necessidade de passarmos por nossas limitações,
Deus as retira ou as ameniza. Lembremos da citação do Espírito Protetor
Bernadino, em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "É certo que as
vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém,
conheçais esse curso? Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai
misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos: “Não
irás mais longe”." Deus, muitas vezes, faz isso não através de um milagre
ou de um anjo descendo do céu para cumprir a Sua Vontade, mas através de homens
de boa vontade ou, como na reportagem, através dos recursos materiais da
ciência.
Quantos passam pelo mesmo problema que as duas
irmãs e nunca terão a mesma oportunidade de aparelhos? Seria ingenuidade de
nossa parte supor que só existam elas com esta doença. Quantos no mundo que
possuem o mesmo problema e nunca descobrirão o que se passa com eles ou terão
acesso a esses recursos? Com certeza, há um motivo para as irmãs terem a dádiva
do alivio em suas dores, enquanto outros não.
Há grande mérito também para a medicina na
elaboração dos mais diversos aparelhos para facilitar nossas vidas. A
inteligência do homem (que também é permitida por Deus) e sua capacidade de se
lidar com as dificuldades materiais têm nos fascinado e nos tem trazido muito
conforto e alegria.
Tenhamos esta reportagem como base para
refletirmos um pouco mais na quantidade de dádivas que recebemos e não damos
valor. Pelo nosso hábito de só vermos os que estão melhores do que nós, em saúde
ou dinheiro, deixamos de valorizar o que nos foi dado por misericórdia Divina. E
muitas vezes não vemos o quanto existem pessoas em uma situação bem pior que a
nossa. Ou ainda para pensarmos o nosso papel de responsáveis em ter que passar
por nossos desafios íntimos ou materiais e no de ir em busca de adquirir a cura
real ou pelo menos o alivio do mal, através da forma que reagimos para
eles.
E, por fim, observar que poderemos estar situados
nos dois lados desta história, em algum momento de nossas vidas: no de
necessitado de auxílio ou no de se portar como "instrumento da Paz" de Deus,
proporcionando a ajuda para amenizar as dores de nossos semelhantes. Em qual
lado desejaríamos estar? Para nos situar no melhor, perguntemo-nos a todo o
instante em relação ao nosso próximo: "Vejamos se as minhas consolações
morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa
prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs
nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim,
também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela
paz.”
* Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em
Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador
do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno
do Espiritismo.net.
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