terça-feira, 21 de maio de 2013

Valores: afinidade...

afinidade

Há alguns meses, espontaneamente, peguei um folheto no supermercado que solicitava voluntários para o abrigo comunitário dos sem-teto e liguei para oferecer meus serviços.

Ao entrar no estacionamento do abrigo, notei um homem, em pé, fumando um cigarro. Lembrei-me de tê-lo visto, algumas semanas antes, no shopping center. Estava sentado do lado de fora da garagem do estacionamento com um cartaz que oferecia trabalho em troca de comida. Pensei comigo mesma: se ele quer trabalhar, por que não arruma um emprego como todo mundo? Fiquei irritada com a pitada de culpa que senti por não lhe ter dado as moedas que estavam no meu carro, mas ao voltar para casa para fazer o jantar, logo o esqueci. Agora ele estava ali de novo, e sorri meio sem jeito ao passar por ele. Percebi que estava prestes a servir o jantar a um homem para o qual eu nem teria olhado há uma semana atrás.

Depois da refeição, fui separar roupas com alguns dos moradores temporários do abrigo. Sem dúvida, o homem estava lá, pondo camisas em uma pilha de roupas e calças na outra. Enquanto trabalhávamos, começamos a conversar. Fiquei sabendo que ele tinha uma filhinha, quase da mesma idade que a minha, e sentia muita saudade dela. Fiquei surpresa ao descobrir que tínhamos crescido na mesma cidade. Lembramos de um restaurante naquela região que, na época, era famoso pelo frango frito que vendia.

À medida que a noite chegava ao fim, percebi que lamentava encerrar nossa conversa. Diante de uma pilha de roupas usadas, aprendi uma lição inesperada: com um pouco de tempo e boa vontade, podemos constatar que temos muito mais em comum com aqueles que nos cercam do que poderíamos imaginar.

 
(fonte: Fundação para uma vida melhor)

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