segunda-feira, 15 de julho de 2013

Revista Espírita

Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Terceiro Ano – 1860
Março
 
Estudos sobre o Espírito de
pessoas vivas
 
Revista Espírita, março de 1860
Ditado do Sr. Cauviére.
 
Meus bons amigos, eu estou tão feliz em poder conversar um pouco convosco que quero vos
dar um conselho, não a vós particularmente que sois crentes, mas àqueles cuja fé ainda é
vacilante, ou que não a têm ainda e a repelem. Que não posso ver aqui todos os meus
colegas vivos, que não creram em mim, é verdade; entretanto, eu lhes diria que quando vivo,
repeli com veemência a verdade, embora eu a sentisse no fundo de meu coração. A maioria
dentre eles fazem como eu: por um falso amor-próprio, não querem convir no que às vezes
sentem; erram, porque a indecisão tez sofrer na Terra, sobretudo no momento de deixá-la.
Instruí-vos, Pois; sede de boa fé, sereis assim mais felizes em vossa vida bem como no
mundo onde estou agora. Se quiserdes, virei, algumas vezes, conversar convosco.
CAUVIÈRE.
 
Ditado do Sr. Vignal.
Por que a astronomia, e que nos importa o tempo que gastará uma bala de canhão para
percorrer a distância que existe entre a Terra e o Sol? Assim raciocinam pessoas honestas
que não vêem outro resultado, nas ciências, senão a aplicação que dela podem fazer à
indústria ou ao seu bem-estar; mas sem a astronomia, qual razão teríeis para adotar antes o
admirável sistema que nos foi desenvolvido, que tal ou tal outro posto em dia ao nosso redor
por Espíritos ignorantes ou ciumentos?
Se a Terra fosse, como se acreditou por muito tempo, o ponto central do Universo; se os
numerosos sóis que povoam o espaço não fossem senão pontos brilhantes fixos numa
abóbada de cristal, qual razão teríamos para admitir o passado e o futuro do Espírito? A
astronomia, ao contrário, vem nos demonstrar que a vida planetária que circula ao redor de
nosso sol, é refletida ao redor de todos aqueles que compõem a nebulosa da qual o nosso
mundo faz parte; que todos esses planetas estão organizados de maneira diferentes uns dos
outros, e que, conseqüentemente, as condições de vida neles não são as mesmas. Sois então
conduzidos a vos perguntarem, se Deus criou instantaneamente e para cada corpo, o Espírito
que deve animá-lo, por qual razão não teria achado justo de criá-lo aqui antes que ali, antes
na Terra que num outro mundo, e antes numa condição que numa outra.
Uma lógica inflexível vos conduz, pois, a admitir como a expressão da maior verdade, a
habitabilidade dos mundos, a preexistência das almas e a reencarnação.
A astronomia é, pois, útil, uma vez que vos coloca em condições de receberem o esboço de
sublimes verdades que se desenvolverão, para vós, em conseqüência do progresso que o
Espiritismo terá, e a própria ciência; porque, com a ajuda da indústria, ela está chamada a
vos fazer descobrir muitas outras maravilhas que aquelas que apenas podeis entrever:
doravante a astronomia e a teologia são irmãs e vão caminhar de mãos dadas.
VIGNAL, por Arago.
 
Senhorita Indermuhle.
SURDA-MUDA DE NASCENÇA, IDADE DE TRINTA E DOIS ANOS, VIVA, MORANDO EM BERNA.
(Sessão de 10 de fevereiro de 1860.)
1. (A São Luís.) Podemos entrar em comunicação com o Espírito da senhorita Indermuhle? -
R. Vós o podeis.
2. Evocação. - R. Estou aqui, e o afirmo em nome de Deus.
3. (A São Luís.)Quereis nos dizer se o Espírito que respondeu foi mesmo o da senhorita
Indermuhle? - R. Posso afirmá-lo e vos afirmo; mas sois mais avançadas que ela, e crede
que, se for útil que um outro responda em seu lugar, isso seja embaraçador? A afirmação vos
prova que ela está aqui; cabe a vós assegurar-vos uma boa comunicação pela natureza e o
móvel das vossas perguntas.
3. Sabeis bem onde estais neste momento? - R. Perfeitamente; credes que disso não fui
instruída?
4. Como ocorre que possais nos responder aqui, enquanto o vosso corpo está na Suíça? - R.
Porque não é meu corpo que vos responde; de resto, ele está perfeitamente incapaz, vós o
sabeis.
5. Que faz o vosso corpo neste momento? - R. Ele dorme.
6. Ele está com boa saúde? - R. Excelente.
Nota. O irmão da senhorita Indermuhle, que está presente, confirma que com efeito ela está
com boa saúde.
7. Quanto tempo gastastes para vir da Suíça até aqui? - R. Um tempo inapreciável para vós.
8. Vistes o caminho que percorrestes para vir aqui? - R. Não.
9. Estais surpresa por vos encontrardes nesta reunião? - R. Minha primeira resposta vos
prova que não.
10. O que ocorreria se o vosso corpo viesse a despertar enquanto nos falais? - R. Ali eu
estaria.
11. Há entre o vosso Espírito, que está aqui, e o vosso corpo que está lá embaixo, um laço
qualquer? - R. Sim, sem isto quem me advertiria que devo nele reentrar?
12. Vede-nos bem distintamente? - R. Sim, perfeitamente.
13. Compreendeis que podeis nos ver, e que nós não podemos vos ver? - R. Mas sem dúvida.
14. Ouvis o ruído que faço neste momento batendo? R-Eu não sou surda aqui.
15. Como disso vos dais conta, uma vez que não tendes, para comparação, a lembrança do
ruído no estado de vigília? - R. Eu não nasci ontem.
Nota. A lembrança da sensação do ruído vinha-lhe de existências onde ela não era surda.
Esta resposta é perfeitamente lógica.
16. Ouvis a música com prazer? - R. Com tanto mais prazer como isto há muito tempo não
me ocorre; cantai-me, pois, alguma coisa.
17. Lamentamos não poder fazê-lo neste momento, e que não haja aqui um instrumento
para vos proporcionar este prazer; mas nos parece que vosso Espírito, libertando-se todos os
dias durante o sono, deveis transportai-vos para lugares onde possais ouvir a música? - R.
Isto me acontece bastante raramente.
18. Como podeis nos responder em francês, uma vez que estais na Alemanha, e que não
sabeis a nossa língua? - R. O pensamento não tem língua; eu o comunico ao guia do
médium, que o traduz na língua que lhe é familiar.
19. Qual é esse guia do qual falais? - R. Seu Espírito familiar; é sempre assim que recebeis as
comunicações de Espíritos estranhos, e é assim que os Espíritos falam todas as línguas.
Nota. - Deste modo as respostas não nos chegam, freqüentemente, senão de terceira mão; o
Espírito interrogado transmite o pensamento ao Espírito familiar, este ao médium, e o
médium o traduz pela escrita ou pela palavra; ora, o médium, podendo estar assistido por
Espíritos mais ou menos bons, isto explica como, em muitas circunstâncias, o pensamento do
Espírito interrogado pode ser alterado; também São Luís disse, em começando, que a
presença do Espírito evocado não basta sempre para assegurar a integridade das respostas.
Cabe-nos apreciá-las, e julgar se são lógicas e em relação com a natureza do Espírito. De
resto, segundo a senhorita Indermuhle, esta tripla fileira não ocorreria senão para os
Espíritos estrangeiros.
20. Qual é a causa da enfermidade que vos afeta? - R. Uma causa voluntária.
21. Por qual singularidade vossos seis irmãos e irmãs sofrem da mesma enfermidade? - R.
Pelas mesmas causas que eu.
22. Assim, foi voluntariamente que todos vós escolhestes essa prova; pensamos que esta
reunião, numa mesma família, deveria ter ocorrido tendo em vista uma prova para os
parentes; esta razão é boa? - R. Ela aproxima da verdade.
23. Vedes aqui o vosso irmão? - R. Bela pergunta!
24. Estais contente por vê-lo? - A mesma resposta.
Nota. Sabe-se que os Espíritos não gostam de repetir; nossa linguagem é tão lenta para eles
que evitam tudo o que lhes pareça inútil. Está aí um ponto que caracteriza os Espíritos sérios;
os Espíritos levianos, zombeteiros, obsessores e pseudo-sábios, frequentemente, são
verbosos e prolixos; como os homens que carecem de fundo, eles falam para nada dizerem;
as palavras tomam o lugar dos pensamentos, e creem imporem-se por frases redundantes e
um estilo pedante.
25. Quereis dizer-lhe alguma coisa? - R. Peço-lhe receber a expressão dos meus sinceros
agradecimentos pelo bom pensamento que teve ao me chamar aqui onde me encontro, muito
feliz, em contato com os bons Espíritos, se bem que, entretanto, vejo alguns que não valem
muito; com eles ganharei em instrução, e não esquecerei o que lhes devo.
(enviado por JoellSilva, via email)

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