(What Deams May Come, EUA - 1998)
Atores:
Robin Williams (Chris Nielsen)
Cuba Gooding Jr. (Albert)
Annabella Sciorra (Annie Nielsen)
Max von Sydow (Rastreador)
Diretor: Vincent Ward
Sinopse: O drama é centrado no pediatra Dr.
Chris Nielsen, cujos filhos, ainda crianças, faleceram num acidente
automobilístico. Passados quatro anos, ele também morre num acidente, deixando
inconsolável a esposa Annie. Desligado do corpo físico, Christenta reanimar a
esposa, transmitindo-lhe a mensagem da Imortalidade através de intuição e mesmo
pela psicografia, quando consegue fazer com que ela mesma escreva o curto
recado:
"Eu ainda existo!". Mas, sem compreensão da realidade da Vida
Espiritual, Annie não assimila as suas mensagens e continua dominada pela
depressão. Chris é enviado para o Céu, encontrando uma região deslumbrante e
multicolorida, com alguns locais lembrando as telas de sua mulher.
Após algum tempo, Chris é informado de que sua esposa cometeu
suicídio e está localizada no Inferno, sem condição de jamais deixar esse lugar
de sofrimento. Porém, contrariando todas as orientações e conselhos recebidos,
ele decide empreender uma longa e imprevisível viagem de barco, através da
volitação, auxiliado pelo velho guia Tracker, com a determinação de salvá-la dos
tormentos infernais, contando com a força de seu imenso amor. Seria quase
impossível localizá-la, mas afirmava:
"Posso encontrá-la porque sou sua alma gêmea".
Apesar de várias fantasias, que destoam dos princípios
espíritas, o filme apresenta muitos pontos positivos como: a Sobrevivência da
Alma, a possibilidade de Comunicação (telepatia e psicografia), o poder do Amor,
a influenciação dos espíritos sobre as pessoas encarnadas, as conseqüências do
suicídio, a Existências de Planos Espirituais felizes e infelizes, o poder do
pensamento, os diferentes planos espirituais, a Ideoplastia (o poder mental
sobre a matéria do Mundo Espiritual, embora não ocorra exatamente como é
mostrado) e duas reencarnações bem planejadas. Tem as falhas no conteúdo
espírita (especialmente no caso do suicídio), é um bom filme e possui uma
fotografia belíssima e deixando uma reflexão sobre pequenas nuances do ser
humano, como por exemplo:
- o apego e não exatamente o amor ( pode alguém que ama matar
a si mesmo?) ;
-o sentimento de que devemos continuar a viver pois a vida
continua (Chris não deixou de se envolver na Vida trabalhando como médico ou
amando sua esposa , já que a vida não findou com o desencarne de seus
filhos);
- a falta de fé que se abateu sobre Annie seria o fruto de
toda uma vida de despreparo e ignorância espiritual (existe morte?) ou é
consequente a uma dor insuportável pela perda de entes queridos ( apego x
amor);
- não existem respostas prontas diante da dor e sofrimento e
cada um responde de acordo com o degrau em que se colocou encontrando o Paraíso
ou Inferno mental que para si mesmo projetou ao longo do tempo;
-só o verdadeiro amor desinteressado e solidário cobre uma
multidão de pecados.
ANÁLISE À LUZ DO ESPIRITISMO:
Pode um amor durar por toda a eternidade?
Eis a questão principal que decorre do filme Amor além da
vida, atual sucesso de público e de crítica no Brasil e em vários países do
mundo, arrastando verdadeiras multidões aos cinemas, de onde muita gente sai com
mais dúvidas do que quando entrou na sala de projeção.
Acontece que, para responder àquela e a outras indagações
profundamente filosóficas - como a reencarnação, por exemplo - o diretor Vincent
Ward criou uma interessante hipótese para a vida depois da morte, valendo-se de
um bom livro, de ótimos roteiristas, de um elenco de primeira categoria e de
efeitos especiais impressionantes, resultando nessa bela produção
cinematográfica, que conta inclusive com um site na internet explicando
minuciosamente os passos percorridos desde a idéia inicial até o término das
filmagens.
O filme é uma adaptação que o roteirista Ron Bass fez para o
cinema do livro que Richard Matheson (autor de Em algum lugar do passado)
escreveu para sua esposa. O título em inglês 'What dreams may come' foi retirado
do drama Hamlet (Ato III, Cena 1), do dramaturgo inglês William Shakespeare
(1564-1616), querendo significar que espécie de sonhos podem advir do sono da
morte, quando deixarmos o corpo físico e fizermos uma pausa para meditação.
Adicione-se a isso as polêmicas paralelas relativas à teoria das almas gêmeas,
ao remorso pelo descuido com os filhos, à ideoplastia dominando o mundo material
e teremos uma idéia do objetivo dessa interessante película.
De acordo com a sinopse oficial, um exército de artistas na
arte de efeitos especiais trabalhou de perto com o diretor Vincent Ward para
Chris Nielsen (Robin Williams) capturar o universo do filme e definir seu estilo
inovador, extenso. Depois da morte intempestiva do médico Chris Nielsen,
interpretado por Robin Williams, um dos atores mais talentosos da atualidade, a
memória de amar e ser amado cria um prisma pessoal pelo qual ele transcende a
vida terrestre e experimenta um enorme salto pela própria imaginação.
Sua transição para um lugar visualmente empolgante o confunde
a princípio, mas logo enfraquece quando Cuba Gooding Jr. no papel de Albert, o
seu guia na vida após a morte, lhe informa: - "Chris, você morreu há pouco, mas
não desapareceu!" .
No reino das alternativas, Chris fica encantado ao descobrir
um céu que, para ele, existe no mundo magnífico das pinturas de sua mulher Annie
(interpretada por Annabella Sciona). regozijando-se entre o temor e a majestade
desse mundo pintado, repleto de recordações e sonhos românticos que ele certa
vez compartilhou com ela. Mas até mesmo nesse paraíso. Chris sente-se
melancólico sem a mulher amada. A vitalidade criativa que assim vai penetrando
em Chris, paradoxalmente limita em escura desilusão a frágil e solitária
Annie.
Quando fica sabendo que a esposa jamais poderá unir-se a ele
no seu paraíso. Chris jura encontrá-la onde estiver, embarcando então em uma
odisseia épica por uma tapeçaria de ilusões infinitas, contando apenas com um
rastreador da selva espiritual (papel do excelente Max Von Sydow) e o seu amor
incondicional pela companheira, a quem tentará livrar dos tormentos infinitos do
inferno.
Segue-se uma exploração corajosa de mundos criados apenas
pela imaginação de um diretor visionário, secundado por um novelista aclamado,
um roteitista distinto e um elenco talentoso e premiado. É uma representação
singular, atordoante e ambiciosa de uma hipótese para a vida depois da morte,
combinando elementos de fantasia, drama e espetáculo. Além disso, como lembrou o
próprio ator Robin Williams, o filme retoma "a idéia de que almas gêmeas existem
e que o seu amor prossegue após a morte, idéia que é poderosa, constrangedora,
maravilhosa."
Ao enfocar a temática espírita, que vem inspirando o teatro,
o rádio, o cinema e a televisão com interesse cada vez maior, o filme Amor além
da vido misturou os dogmas dantescos do paraíso, inferno e purgatório com alguns
princípios revelados pelo Espiritismo. entre eles a sobrevivência da alma, a
comunicação entre vivos e mortos (na película há um pequeno ensaio de
psicografia), a formação de imagens pela força do pensamento (ideoplastia) e até
a reencarnação, muito embora o seu enredo, por motivos óbvios, não siga
exatamente a codificação da doutrina espírita.
Diante disso, prosseguindo com o nosso propósito de analisar
temas atuais em comparação com o Espiritismo, procuremos conhecer a real
situação dos Espíritos depois da morte, o problema da felicidade e infelicidade
dos Espíritos, os dogmas do paraíso, inferno e purgatório, o reencontro com
parentes e amigos, e ainda as verdadeiras relações de afeição no
além-túmulo:
A real situação da alma após a morte
Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum
tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como
que aturdida (este referencial de perturbação, depende da evolução de cada um),
no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se
sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à
medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à
medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue
à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos
anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o
estado futuro que os aguardava, são os em que menos longa ela é, porque esses
compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de
acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de
morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia,
ferimentos, etc. . o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar
morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio
corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado
dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas
não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do
perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não
pertence mais ao número dos VIVOS.
Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de
improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se
operou: considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento.
Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta
a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas
cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto
como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de
não poder apalpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos
inexperientes, que não creem dormir. É que têm o sono por sinônimo de suspensão
das faculdades.
Ora, como pensam livremente e veem, julgam naturalmente que
não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte
não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se
apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então
o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como
se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz
respeito, até o momento em que compreende a verdade.
A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o
homem de bem, que se conserva calmo, semelhante a tudo a quem acompanha as fases
de um tranquilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a
perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que
ele da sua situação se compenetra.
Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os
que perecem ao mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da
perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa
com os que lhe interessam.
P. Os Espíritos são felizes ou infelizes?
R. A felicidade está na razão direta do progresso realizado,
de sorte que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto outro,
unicamente por não possuir o mesmo adiantamento intelectual e moral, sem que por
isso precisem estar, cada qual, em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um
estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal como um cego e
um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a
mínima impressão.
Sendo a felicidade dos Espíritos inerente à suas qualidades,
haurem-na eles em toda parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no
meio dos encarnados, ou no Espaço.
Uma comparação vulgar fará compreender melhor esta situação.
Se se encontrarem em um concerto dois homens, um, bom músico, de ouvido educado,
e outro, desconhecedor da música, de sentido auditivo pouco delicado, o primeiro
experimentará sensação de felicidade, enquanto o segundo permanecerá insensível,
porque um compreende e percebe o que nenhuma impressão produz no outro. Assim
sucede quanto a todos os gozos dos Espíritos, que estão na razão de sua
sensibilidade.
O mundo espiritual tem esplendores por toda parte, harmonias
e sensações que os Espíritos inferiores, submetidos à influência da matéria, não
entrevêem sequer, e que somente são acessíveis aos Espíritos puriificados.
Paraíso, inferno e purgatório
P. Existem paraíso e inferno, tais como os homens os
imaginam?
R. São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos
e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma
ordem se reúnem por simpatia: mas podem reunir-se onde queiram,quando são
perfeitos.
A localização absoluta das regiões das penas e das
recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a
materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é
possível compreender.
P. Que se deve entender por purgatório?
R. Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre,
na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as
vossas faltas.
O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria,
devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos
Espíritos imperfeitos, que se acham em expiação até alcançarem a purificação
completa, que os elevará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se
essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas
provas da vida corporal.
Reunião com parentes e amigos. - P. Os parentes e amigos
sempre se reúnem depois da morte?
R. Depende isso da elevação deles e do caminho que seguem,
procurando progredir. Se um está mais adiantado e caminha mais depressa do que
outro, não podem os dois conservar-se juntos. Ver-se-ão de tempos a tempos mas
não estarão reunidos para sempre, senão quando puderem caminhar lado a lado, ou
quando se houverem igualado na perfeição. Acresce que a privação de ver os
parentes e amigos é, às vezes, uma punição.
P. Nossos parentes e amigos costumam vir-nos ao encontro
quando deixamos a Terra?
R. Sim, os Espíritos vão ao encontro da alma a quem são
afeiçoados. Felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado
aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. É uma
graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao
passo que aquele que se acha mandado permanece em insulamento, ou só tem a
rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição.
P. Deixando seus despojos mortais, a alma vê imediatamente os
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
R. Imediatamente, ainda aqui, não é o termo próprio. Como já
dissemos, é-lhe necessário algum tempo para que ela se reconheça a si mesma e
alije o véu material.
P. Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a
afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?
R. Sem dúvida, desde que originada na verdadeira simpatia.
Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a
causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na
Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e
do amor-próprio.
P. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem,
estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros
Espíritos?
R. Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos
que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se
eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.
Conclusão
Como não poderia ser diferente, a despeito da beleza plástica
do filme "Amor além da vida", o seu resultado ficou devendo muito à realidade
por causa daquela miscelânea entre as várias hipóteses para a vida depois da
morte, pois além de não conseguir convencer os céticos, ainda confunde os
crentes, irrita os fanáticos e não está em consonância com a verdade comprovada
pela ciência através das experiências fora do corpo e dos relatos de quase
morte, sem contar que o enredo não tem nenhum tipo de compromisso com os
princípios espíritas.
Desse modo, gostaríamos de trazer mais esta advertência de
Allan Kardec:
Instintivamente tem o homem a crença no futuro, mas não
possuindo até agora nenhuma base certa para defini-lo, a sua imaginação
fantasiou os sistemas que originaram a diversidade de crenças. A Doutrina
Espírita sobre o futuro - não sendo uma obra de imaginação mais ou menos
arquitetada engenhosamente, porém o resultado da observação de fatos materiais
que se desdobram hoje à nossa vista - congraçará, como já está acontecendo, as
opiniões divergentes ou flutuantes e trará gradualmente, pela força das coisas,
a unidade de crenças sobre esse ponto, não já baseada em simples hipótese, mas
na certeza. A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o
primeiro ponto de contato dos diversos cultos, um passo imenso para a
tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa
fusão."
Timidamente o filme questiona se no fim de tudo não estaria o
início, diante do que nós podemos concluir, com toda certeza, que a morte é
apenas a passagem para um outro plano de vida, que continua pela eternidade
...
(Autor: Eliseu F. da Mota Jr. - Revista
Internacional de Espiritismo)
(fonte: Rede Amigo Espírita)
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