segunda-feira, 19 de maio de 2014

Anotações esparsas sobre o tema família


Anotações esparsas sobre o tema família

 

  • É na família que começa o nosso conviver, ela é nossa sala de aula principal para a evolução espiritual e o aprendizado de amor;
  • E, hoje, vivemos uma época de grandes transformações, que geram evolução e progresso. E como toda evolução, para que ela aconteça, necessário se faz haja mudanças.
    E essas mudanças geram, consequente e normalmente, uma época de desorganização e é nessa etapa que a família  encara seus grandes desafios: onde a necessidade de se adequar ás transformações, mudanças, evoluções se faz mais necessária; pois esse momento de desorganização não gera, não tem um script, um roteiro pronto e direcionador.
    Esse não existir um script, um roteiro do que cada um pode fazer, gera uma liberdade maior para que cada família busque maneiras de se integrar consigo mesmo e com o mundo e é aí que o cenário nos aparece diversificado:
  • Uns se sentem tão abalados com esse processo de transformação e por essa desordem (ou aparente desordem) que se seguram, ficam arraigados, enraizados, firmemente em modo de viver ultrapassado, na tentativa de preservar, de manter os aspectos, valores, proposições passadas e algumas vezes decadentes, acreditando, com isso, defender os interesses coletivos;
  • Outros se aproveitam da oportunidade para liberarem, para extravasarem, seus próprios impulsos desequilibrados e extremamente egoístas e com isso fomentarem uma (aparente) desordem maior  e
  • Alguns outros conseguem perceber a transitoriedade da desorganização e que ela necessita de contribuições significativas e sólidas para edificar o progresso de forma saudável e segura.
 
  • Nessa última posição que devemos buscar ficar ou nos inserir, a fim de que com o conhecimento de que as mudanças são necessárias ao progresso e à evolução em sua integralidade, sabendo que a família é a base da formação social, é a célula básica da sociedade, sabendo que é na família que se reúne espíritos entrelaçados pelas experiências vividas anteriormente, sabendo que é na família que há a maior possibilidade de reajustes às leis divinas; necessário nos faz saibamos contribuir positivamente para que as transformações ocorram em bases de contribuição com a própria perspectiva de evolução do individuo, do coletivo, do plano terrestre.
  • E para que consigamos vivenciar tal posição, precisamos enfrentar nossa própria percepção, ampliar nosso entendimento e através disso perceber a necessária reestruturação da estrutura, da dinâmica, familiar; necessário nos fará reformular ideias, colocar novas perspectivas, verificar e ampliar o conhecimento da lei da evolução dos seres, dos grupos sociais e do mundo, buscando nos adequarmos sem nos distanciarmos da perceptiva do progresso e do processo evolutivo, dando qualidade nas relações humanas, que se iniciam, no mundo material, pela família.
  • É termos a certeza de que, embora a aparente desorganização se apresente a nós no mundo contemporâneo, a família sobreviverá aos tempos, no entanto, se apresentará em um novo modelo. E esse novo modelo vem surgindo e sendo construído passo a passo e é e será consequência inevitável das mudanças e transformações que se impõem necessariamente a nós.
  • E colocar nosso entendimento reencarnacionista, nosso entendimento do processo evolutivo de forma efetiva, a fim de que possamos contribuir efetivamente para a formação familiar  se estabeleça com base no afeto equilibrado, com base na autoridade sem autoritarismo, com base no crescimento pessoal/individual do ser, o qual é o único que poderá possibilitar solucionar qualquer problema, ainda que o coletivo o pressione; é uma dos grandes desafios perante esse processo de transformação que vivenciamos e que se inicia pela família e se a família não está bem, não está organizada, não está operando, consequentemente nada está bem, nada está organizado e nada está operando.
  • Assim, hoje, a nossa proposta é justamente essa a de refletir o fortalecimento, a reestruturação da dinâmica, da estrutura, familiar no tempo contemporâneo, ainda que ele nos seja difícil de colocar em perspectiva, porque só o distanciamento temporal poderá nos dar a verdadeira perspectivas das transformações que está acontecendo e dos novos modelos que se estão construindo.
     
  • Nesse aspecto podemos ter uma variação de olhar: falar da família através dos tempos sob a perspectiva antropológica, sob a perspectiva jurídica, sobre a perspectiva sociológica, sobre a perspectiva espiritual; falar sobre sua formação espiritual, sua formação material; falar sobre o ser família sob o aspecto psíquico.
  • Assim, dando uma pincelada em um cadinho de tudo vamos verificar que a sociologia, em síntese das sínteses, afirma que a família era vista como um agrupamento de pessoas ligadas pelos laços da consanguinidade e, através dos tempos, hoje eles afirmam que a família é uma abrangência maior onde pode ser considerada família casal com ou sem filhos ou pessoas que se unem por afinidade. Aliás esse conceito atual de família ligadas por afinidade se aproxima bastante do Evangelho segundo o espiritismo, onde aprendemos que os verdadeiros laços de família são os da afinidade espiritual ( cap XIV, item 8)
  • No Direito, fala-se em que antes de se chegar ao atual estado entre casal de monogamia, a família passou por diversos estágios de evolução, por isso sem poder-se dizer efetivamente sua origem de forma segura. Mas até chegarmos á monogamia, a família não poderia ser assim chamada face à promiscuidade das relações de parentesco. Engel ( jurista autor de vários livros e teorias) classificou em três fases a evolução da formação familiar antes de se chegar à forma monogâmica: consanguínea(casamento de irmãos e irmãs, carnais e colaterais, no seio de um grupo), punaluana(casamento colectivo de grupos de irmãos e irmãs, carnais e colaterais, no seio de um grupo) e sindiásmica(casamento de fácil dissolução por ambos). Hoje já temos, além do tradicional, novos modelos de família, no âmbito jurídico, por exemplo: anaparental, reconstituída, nuclear, União estável, eudemonista e homoafetiva.


è  Família Monoparental: É a  família constituída por uma pessoa, independente de sexo,  que encontra-se sem companheiro, porém vive com um ou mais filhos. Pode ocorrer do fim de uma família bioparental,  ou seja, como ocorre com as viúvas, separadas, adoção, divorciadas e solteiras que a princípio viviam em união estável, ou até mesmo em casos de ser por opção.

è O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, prevê a possibilidade, independente do estado civil uma pessoa sozinha, tanto o homem quanto a mulher, poderá  adotar uma criança, e assim se tornar uma família, está  disposto no art. 42 do ECA.

è  Família Nuclear: Era considerado como único e legítimo modelo de família, onde tinha o homem, a mulher e seus descendentes.  Era o modelo inspirado na Revolução Industrial.

è Refletia a ideia de sociedade dinâmica e mais produtiva. Pois era um como um núcleo pequeno, onde um chefe provedor do lar, poderia com facilidade resolver questões geográficas ou sociais.

è Representando assim, um modelo de sociedade capitalista. 

è Família Reconstituída: Quando ocorre o divórcio, surge então a chance de uma nova família. Além de juntar marido e mulher, também os filhos provenientes de relações anteriores, vivendo todos sobre o mesmo teto. Seja proveniente de um  novo casamento ou uma união estável, os filhos possuem origens distintas quanto a paternidade biológica. Diante da realidade atual, este modelo tende a aumentar sua incidência.

è  União Estável: Com advento da Constituição Federal de 1988, a união estável, no passado estigmatizada pela expressão de concubinato, em que a mulher era classificada vulgarmente como amante ou amásia, foi equiparada à figura de entidade familiar.

è É definida como aquela formada por um homem e uma mulher livre de formalidades legais do casamento, com o animus de conviverem e constituir família.

è Em assim sendo, se a união estável é entidade familiar, como também o casamento, não há como se fugir da conclusão de que as regras do instituto da guarda devem ser aplicadas à união estável. 

è Família Anaparental: É a convivência de pessoas sem vínculos parentais que convivem por algum motivo, possuindo uma rotina  e dinâmica que os aproximaram, podendo ser estas afinidades sociais, econômicas ou outra qualquer.

è  Família Eudemonistas: A princípio pode ter uma formação convencional, pais, filhos, mas ao observar sua constituição, nota-se que  em seus indivíduos existe pouco apego a regras sociais que formulam as famílias mais tradicionais, religião, moral ou política.
 
  • Estudos antropológicos afirmam que a família não se originou no afeto natural. A família era um grupo de pessoas a quem a religião permitia invocar os mesmos manes e oferecer banquete fúnebre aos mesmos antepassados; sendo pois impossível determinar como se instituiu a família, supondo-se, no entanto, que os seres primitivos se tenham agrupado por necessidade de proteção e segurança.
  • A família, pois, como vemos, é um elemento ativo, não permanecendo estacionada, sempre caminhando e caminhando de uma forma inferior para uma forma superior à medida que a sociedade evolui.
  • Passada essa perspectiva , verificamos nosso conhecimento espiritual em um processo de vida contínua e dentro dele verificamos que a família é a associação mais importante  pois tem em si mesma a função educadora e regenerativa. O renascimento terrestre proporciona oportunidade de elevação, resgate, reajuste, burilamento, melhoria, evolução perante companheiros de experiências passadas.
  • A família, na perspectiva espiritual, é formada por espíritos afins em gostos, em progresso moral, em afeição, em simpatias, em antipatias, em reequilíbrio, em reajustes. Sendo organizada, formada, no plano espiritual; planejamento este baseado nos laços nos quais nos comprometemos através das experiências vivenciadas no passado.
  • A família, ainda na perspectiva espiritual, vai além da formação consanguínea, ela se forma também pelos laços espirituais, onde o relacionamento se fortalece e se perpetuam no mundo dos Espíritos.
  • A família é obra de amor que recebemos para nos auxiliar no processo evolutivo. É onde aprendemos cooperação, carinho, perdão, fraternidade, paciência e tudo mais; em um processo contínuo de crescimento, de amadurecimento do espírito. É na convivência familiar que estabelecemos, de verdade, o aprender e o ensinar, onde encontramos todos os instrumentos, aparelhos e condutas necessárias ao nosso próprio aprimoramento; é onde verificamos os elos necessários a este aprimoramento.
  • Na família renasce nossas esperanças na forma de trabalho, num exercício diário de amor. Dar a verdadeira importância para a família não basta, onde também devemos treinar o amor para com cada um. Pois de nada adianta sermos uma pessoa amorosa com os amigos e pessoas de fora do nosso convívio familiar e em casa sermos um troglodita. De nada também adianta renegarmos nossa família e assim ignorando-os não teremos o reajuste necessário. E para que deixarmos para outra encarnação se podemos reajustar nessa? Portanto o mais sensato é enfrentarmos tudo com amor e encararmos os problemas tentando sempre saná-los, pois é como um remédio que pode ser ruim na ingestão, mas seu efeito na cura será fundamental.
  • E falar em ser família é algo difícil uma vez que a colocação não é teórica, mas sim prática, vivenciada minuto a minuto com todos aqueles que estão junto a nós.
     
  • Como verificamos a família vem se transformando, evoluindo, se aprimorando, ainda que tenhamos dificuldade em perceber, aceitar, conviver, com tais mudanças; as quais enquanto viventes delas não conseguimos distinguir seu papel no futuro;
  • Sendo certo, no entanto, que a família é a célula básica da sociedade e  é através dela e dos aprendizados que obtemos dentro do seu seio que vamos aprimorando nossas relações enquanto indivíduos e enquanto integrantes do coletivo, do social.
  • Formamos grupos: nas escolas, na faculdade, na rua, nos locais de trabalho, nos clubes, nas Casas Espíritas ou nos templos religiosos que elegemos; no entanto, a célula básica da sociedade é a família, cujo núcleo é os filhos. Assim é que quaisquer problemas ou conflitos ou desajustes, enfim, quaisquer aspectos negativos que ocorram dentro da célula básica, que é a família, refletirá nos filhos, que por sua vez acarretará o caos familiar e, como consequência dele, o caos social. Destarte, a sociedade somente reflete o equilíbrio ou o desequilíbrio ocasionado pelo que existe dentro da sua célula básica, ou seja, dentro da família, que se estruturada sobre bases concretas, alicerçadas no amor, na educação moral, na afetividade, a fim de que fortalecida a família é ela quem comandará a forma de existência da sociedade, da coletividade.
     
  • Emmanuel diz em vida e sexo : De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais  importante, do  ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida.
     
     
  • Leopoldo Machado, diz, no livro da Dalva Silva, Conflitos Conjugais, sobre a convivência que nos serve de reflexão aqui: A família é uma escola sublime de almas imortais. As luzes que diariamente se acendem em nós pelas lições incessantemente renovadas, no reduto do lar, descortinam o horizonte vasto do progresso que nos aguarda além dos sofrimentos que atravessamos.

    Precisamos aprender a ver nossa vida de um ponto mais alto, descortinar mesmo os horizontes que o estudo espírita pode nos proporcionar, percebendo que o sofrimento vivido hoje, se bem aproveitado, será importante peça na construção do amanhã de paz.

    Por que ver as coisas do ponto de vista acanhado das limitações físicas, quando o Espiritismo já ampliou tanto as nossas possibilidades de percepção da grandiosidade do Universo, das chances que se renovam na reencarnação, da magnitude das leis que regem a vida, conduzindo o homem à sua destinação sublime?
     
    Por que ver como fardo pesado o agrupamento humano a que nos ligamos na experiência que a encarnação nos propicia?

    Por que considerar o corpo físico mais do que o instrumento valioso de reajuste dos relacionamentos pretéritos e ferramenta de trabalho para o polimento da alma?

    Por que interpretar os fatos como se somente nós tivéssemos as luzes da destinação de cada um?

    Afinal, por que querer que Deus nos dê conta de seus desígnios?

    Há momentos em que os fatos da vida, todos sob a direção indefectível do Eterno Bem, funcionam como o fogo que permite a moldagem dos metais e agem sobre nossa alma de maneira dolorosa, mas permitem que nos tornemos flexíveis às novas diretrizes e às retificações necessárias.

    Humildade é receita para o dia a dia. A síntese luminosa do Evangelho há séculos nos conclama a amar até os inimigos; a perdoar setenta vezes sete vezes; a andar dois mil passos com aquele que nos pede a caminhada de mil; a entregarmos também a túnica ao que nos leve a capa. Por que não praticarmos isso entre as quatro paredes que nos guardam em segurança nos caminhos do mundo?

    É a caridade a porta estreita e difícil, exigindo renúncia ao acomodamento a que nos habituamos. Ela é nossa possibilidade de recuperação do tempo, a chance do melhor aproveitamento das horas.
     
    Estejamos confiantes, pois, em nossa luta. A lei de Deus nunca se engana, estamos no lugar certo, com aqueles a quem devemos amar. A dor nunca bate em porta errada. Percebamos o conflito em família como recurso precioso ao nosso entendimento ainda vacilante e consideremos o amor a argamassa indispensável à consolidação da fé que, por hora, apenas bruxuleia qual tênue chama no imo de nossos corações, ameaçada com os vendavais da emoção em desequilíbrio que ainda alimentamos"
     
    (Espírito: Leopoldo Machado. in: Conflitos Conjugais. Edicel)
     
  • Textos que ficam para nossa reflexão e para nos reavivar a questão de ser a família a referência de nossas sensações de segurança e aconchego, bem como a estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida diária.
     

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