sexta-feira, 22 de maio de 2015

Richard Simonetti – Síndrome do Pinóquio

1 – É errado mentir para evitar um problema, por exemplo, quando um amigo pede cartão de crédito emprestado?
Há alternativas mais razoáveis. Dizer, por exemplo, que cartão de crédito é como escova de dente. Uso pessoal e intransferível. Se ele se aborrecer, você saberá que ele não costuma escovar a consciência, já que não é justo constranger um amigo com solicitações dessa natureza.

2 – Como nos defendermos de pessoas que mentem a nosso respeito para nos prejudicar?
Descubra aspectos positivos de seu comportamento e os ressalte para amigos em comum. Seu desafeto acabará sabendo. Falar bem dos que nos criticam é a melhor maneira de modificar suas disposições a nosso respeito. Ninguém resiste a um elogio sincero.

3 – É razoável mentir para ajudar alguém?
No livro Os Miseráveis, obra-prima da literatura universal, Victor Hugo reporta-se a uma freira que tinha a fama de jamais mentir. Um comissário de polícia procurava Jean Valjean, foragido da justiça, que supunha estar escondido no convento onde ela vivia. Sabendo tratar-se de incondicional amiga da verdade, perguntou-lhe se ele estava ali. Sem titubear, ela respondeu que não. Mentiu pela primeira vez em sua vida. Mentira mais que razoável. Visava proteger um homem de bem, injustamente perseguido pelo comissário.

4 – Vem ganhando corpo entre os médicos a ideia de que é preciso dizer sempre a verdade ao paciente, mesmo que ele seja portador de grave moléstia, como o câncer. É razoável essa postura?
Depende do paciente. Certa feita Chico Xavier pediu auxílio a Emmanuel para um familiar que estava com câncer. O seu orientador prometeu que ajudaria, mas recomendou que não se dissesse nada ao doente, porquanto, pela sua maneira de ser, ele já se imaginaria morto, anulando o auxílio do mundo espiritual. Portanto, é preciso avaliar como o paciente irá receber a informação.

5 – Estudos de comportamento concluem que as pessoas mentem o tempo todo, geralmente por conveniência. É aceitável?
É lamentável. Revela a profunda imaturidade que caracteriza o comportamento humano, no estágio em que nos encontramos, com a disposição de resolver uma situação apelando para o engodo. Exemplo clássico é o não tem nada não com que as pessoas despacham o pobre que bate à sua porta.

6 – Espiritualmente, há algum inconveniente na mentira?
Jesus recomendava (Mateus, 5:37): Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Isso significa que a mentira chega sempre das faixas mais escuras do comportamento humano, com consequências danosas para nós.

7 – E quais seriam?
Quando Pinóquio, do célebre conto infantil, mentia, o seu nariz crescia. É evidente que nosso nariz não cresce quando mentimos. Se assim fosse, muita gente teria dificuldade para entrar em casa. Mas desajusta-se o nosso psiquismo, situando-nos à mercê de Espíritos perturbados e perturbadores.

8 – No que resultaria a eliminação da mentira?
Eu diria que eliminaríamos a maior parte dos males do Mundo, porquanto eles estão associados à mentira. Sem a mentira não haveria adultério, corrupção, demagogia, desonestidade, especulação, estelionato… A lista iria longe.

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