segunda-feira, 20 de julho de 2015

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970

Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A005 – Examinando a obsessão - 1ª parte

Examinando a obsessão – parte 01

“Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados; precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos. Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais doentes do que com as duchas”. (2)

Com muito acerto asseverou o Codificador que «o conhecimento do Espiritismo, longe de facilitar o predomínio dos maus Espíritos, há de ter como resultado, em tempo mais ou menos próximo e quando se achar propagado, destruir esse predomínio, o da obsessão, dando a cada um os meios de se pôr em guarda contra as sugestões deles». E o iluminado mestre, não poucas vezes, embora profundo conhecedor do Magnetismo, convocado a atender obsidiados de variado jaez, utilizou-se dos eficientes métodos da Doutrina Espírita para libertá-los com segurança, através da moralização do Espírito perturbador e do sensitivo perturbado.

«Obsessão — segundo Allan Kardec — é o domínio que alguns Espíritos logram

adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-Se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam- se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. » Ainda é o egrégio intérprete dos Espíritos da Luz que comenta: «As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se... »

E prossegue: «Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesma denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. (3)

Obsidiados, sempre os houve em todas as épocas da Humanidade.

Repontando, vigoroso, o fenômeno mediúnico em todos os povos e em todos os tempos, oferecendo roteiros iluminativos para muitas Civilizações, foi, também, veículo de pungentes dramas de vultos que se celebrizaram na História.

Nabucodonosor 2º, o Grande, rei da Caldéia, perturbado por Espíritos vingadores, experimentou tormentos inomináveis, obsidiado, descendo à misérrima condição de anormal...

Tibério, de mente dirigida por Espíritos impiedosos, atingiu alto índice de crueldade, pela desconfiança exacerbada, insuflada pelos adversários desencarnados...

Domício Nero, tristemente celebrizado, após uma existência de loucuras, avassalado por cruéis inimigos do Além-Túmulo, não poucas vezes em desdobramentos espirituais reencontrou a mãe Agripina e a esposa Otávia, que foram assassinadas por sua ordem, pressagiando-lhe o termo doloroso...

E, no entanto, na epopéia sublime do Evangelho, que desfilam ao lado de Jesus, em larga escala, os atormentados por Espíritos infelizes, que encontram nEle o Médico Divino que lhes lucila o íntimo e os liberta do sofrimento.

Os discípulos do Rabi Galileu, vezes sem conta, aplicaram o passe curativo nos inúmeros obsidiados que os buscavam, prosseguindo o ministério apostólico entre os atormentados da Terra e os perturbados do Mundo Espiritual, como fizera o Mestre.

E depois deles os registros históricos apresentam loucos de nomenclatura variada, às voltas com Entidades atormentadoras, sofrendo na fogueira e no exílio, no poço das serpentes e nos Manicômios sombrios, o resultado da convivência psíquica com os que atravessaram o portal da Imortalidade e se demoram nas viciações e nos sentimentos em que se compraziam...

Asseverou Allan Kardec: (Não foram os médiuns, nem os espíritas que criaram os Espíritos; ao contrário, foram os Espíritos que fizeram haja espíritas e médiuns. Não sendo os Espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há Espíritos desde quando há homens; por conseguinte, desde todos os tempos eles exerceram influência salutar ou perniciosa sobre a Humanidade. A faculdade mediúnica não lhes é mais que um meio de se manifestarem. Em falta dessa faculdade, fazem-no

por mil outras maneiras, mais ou menos ocultas.”

«Os meios de se combater a obsessão — esclarece o eminente Seareiro — variam de acordo com o caráter que ela reveste.» E elucida: «As imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à sua libertação.» (4)

A obsessão, todavia, ainda hoje é um terrível escolho à paz e à serenidade das criaturas.

Com origem nos refolhos do espírito encarnado, obsessões há em escala infinita e, consequentemente, obsidiados existem em infinita variedade, sendo a etiopatogenia de tais desequilíbrios, genêricamente denominada distúrbios mentais, mais ampla do que a clássica apresentada, merecendo destaque aquela denominação causa cármica.

Jornaleiro da Eternidade, o espírito conduz os germens cármicos que facultam o convívio com os desafetos do pretérito, ensejando a comunhão nefasta. Todavia, não apenas o ódio como se poderia pensar é o fator causal das Obsessões e nem somente na Terra se manifestam os tormentos obsessivos... Além da sepultura, nas regiões pungentes e aflitivas de reajustamentos imperiosos e despertamentos inadiáveis das consciências, defrontam-se muitos verdugos e vítimas, começando ou dando prosseguimento aos nefandos banquetes de subjugação psíquica, em luta intérmina de extermínio impossível...

Obsessores há milenarmente vinculados ao crime, em estruturas de desespero invulgar, em que se demoram voluntàriamente, envergando indumentárias de perseguidores de outros obsessores menos poderosos mentalmente que, perseguindo, são também escravos daqueles que se nutrem às suas expensas, imanados por forças vigorosas e crueis...

Na Terra, igualmente, é muito grande o número de encarnados que se convertem, por irresponsabilidade e invigilância, em obsessores de outros encarnados, estabelecendo um consórcio de difícil erradicação e prolongada duração, quase sempre em forma de vampirismo inconsciente e pertinaz. São criaturas atormentadas, feridas nos seus anseios, invariàvelmente inferiores que, fixando aqueles que elegem gratuitamente como desafetos, os perseguem em corpo astral, através dos processos de desdobramento inconsciente, prendendo, muitas vezes, nas malhas bem urdidas da sua rede de idiossincrasia, esses desassisados morais, que, então, se transformam em vítimas portadoras de enfermidades complicadas e de origem clínica ignorada...

Outros, ainda, afervorados a esta ou àquela iniquidade, fixam-se, mentalmente, a desencarnados que efetivamente se identificam e fazem-se obsessores destes, amargurando-os e retendo-os às lembranças da vida física, em lamentável comunhão espiritual degradante...

Além dessas formas diversificadas de obsessão, outras há, inconscientes ou não, entre as quais, aquelas produzidas em nome do amor tiranizante aos que se demoram nos invólucros carnais, atormentados por aqueles que partiram em estado doloroso de perturbação e egocentrismo... ou entre encarnados que mantém conúbio mental infeliz e demorado...

(2, 3 e 4) “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, 24ª Edição da FEB. Página 263. Ao tempo da publicação de “O Livro dos Médiuns” — 1861 — as duchas eram tidas como dos mais eficientes tratamentos para as enfermidades mentais. Daí a referência feita por Allan Kardec. — Nota do Autor espiritual.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Segundo a conceituação de Allan Kardec, que é obsessão? Por quais espíritos é praticada, e o que os podem motivar?

2 – "Não foram os médiuns, nem os espíritas que criaram os Espíritos." Somente médiuns ostensivos estão sujeitos à ação obsessiva? Se não, quem são estas pessoas mais susceptíveis à obsessão? Em que o estudo e a prática do espiritismo podem colaborar para o tratamento dos casos obsessivos?

3 – Manoel Philomeno apresenta dois casos especiais de obsessão de encarnado para encarnado, nos períodos de desprendimento parcial pelo sono, e de encarnado para desencarnado, trazendo para este último as lembranças dolorosas da vida física. Comente e exemplifique estes dois casos obsessivos.

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