sexta-feira, 11 de março de 2016

Revista Espírita - novembro 1862

Revista Espírita
Quinto Ano – 1862
Novembro

Os mistérios da torre Saint-
Michel de Bordeaux
Revista Espírita, novembro de 1862
História de uma múmia.


33. (A São João.) Poderíamos evocar o Espírito da senhora de G.Remone? - R. Não; ela está encarnada.
34. Sobre a Terra? - R. Sim.
35. Se não podemos evocá-la como Espírito errante, não poderíamos fazê-lo como encarnado, e não poderíeis nos dizer quando ela dormirá? - Podeis fazê-lo neste momento, porque as noites para esse Espírito são os dias para vós.
36. Evocação do Espírito da senhora Remone. - (O Espírito se manifesta.)
37. Lembrai-vos da existência na qual vos chamava senhora Remone? -- R. Sim; oh! Por que me fazer lembrar de minha vergonha e de minha infelicidade?
38. Se estas perguntas vos causam alguma dificuldade, nós as cessaremos. - R. Peco-vos isso.
39. Nosso objetivo não é causar-vos dificuldade; não vos conhecemos, e não vos conheceremos provavelmente jamais; mas só queremos fazer estudos espíritas. - R. Meu Espírito está tranqüilo, por que querer agitá-lo com lembranças penosas? Não podeis, pois,
fazer estudos sobre Espíritos errantes?
40. (A São João.) Devemos cessar nossas perguntas que parecem despertar uma lembrança penosa neste Espírito? - R. A isto vos convido; é ainda uma criança, e a fadiga de seu Espírito reagiria sobre seu corpo; de resto, há pouca coisa além da repetição do que vos disse seu marido.
41. G. Remone e sua mulher perdoaram-se por seus erros recíprocos? - R. Não; é preciso para isso que cheguem a um grau de perfeição mais elevado.
42. Se esses dois Espíritos se reencontrassem sobre a Terra, no estado de encarnados, que sentimentos experimentariam um pelo outro? - R. Não experimentariam senão a antipatia.
43 G. Remone revendo, como visitante, seu corpo na adega de Saint-Michel, sentiria uma sensação desconhecida aos outros curiosos? - R. Sim; mas essa sensação lhe pareceria muito natural.
44. Reviu ele seu corpo depois que foi retirado da terra?-R. Sim.
45. Quais foram suas impressões? - R. Nenhuma; sabeis bem que os Espíritos desligados de seu envoltório vêem as coisas desse mundo com um outro olhar do que vós outros encarnados.
46. Poderíamos obter algumas informações sobre a posição atual da senhora Remone? - R. Perguntai.
47. Qual é hoje seu sexo? - R. Feminino.
48. Seu país natal? - R. Ela está nas Antilhas, filha de um rico negociante.
49. As Antilhas pertencem a várias potências; qual é sua nação? - R. Ela mora em Havana.
50. Poderíamos saber seu nome? - R. Não o pergunteis.
51. Qual é sua idade? - R. Onze anos.
52. Quais serão suas provas? - R. A perda de sua fortuna; um amor ilegítimo e sem esperança, juntos à miséria e aos trabalhos mais penosos.
53. Dissestes um amor ilegítimo; amará ela, pois, seu pai, seu irmão, ou um dos seus? - R. Ela amará um homem consagrado a Deus, só e sem esperança de retorno.
54. Agora que conhecemos as provas desse Espírito, se nós o evocássemos, de tempo em tempo, durante seu sono, nos dias de sua infelicidade, não poderíamos lhe dar alguns conselhos para levantar sua coragem e pôr sua esperança em Deus; isto influenciaria as resoluções que poderia tomar no estado de vigília? - R. Muito pouco; essa jovem já tem uma imaginação de fogo e uma cabeça de ferro.
55. Dissestes que, no país em que ela reside, as noites são os nossos dias; ora, entre Havana e Saint-Jean d'Angély, não há senão uma diferença de cinco horas e meia; como era aqui duas horas no momento da evocação, deveria ser em Havana oito horas e meia da
manhã? - R. Enfim, ela dormitava no momento em que a evocastes, ao passo que há muito tempo estáveis despertos. Dorme-se tarde nestes países quando se é rico e não se tem nada a fazer.
Nota. Dessas duas evocações ressaltam vários ensinamentos. Se na vida exterior de relação, o Espírito encarnado não se lembra de seu passado, liberto, durante o repouso do corpo, ele se lembra. Não há, pois, solução de continuidade na vida do Espírito, que, nesses momentos de emancipação, pode lançar um olhar retrospectivo sobre suas existências anteriores, e delas trazer uma intuição que pode dirigi-lo no estado de vigília.
Em muitas ocasiões, já fizemos ressaltar os inconvenientes que se apresentariam, no estado de vigília, a lembrança precisa do passado. Essas evocações disso nos fornece um exemplo. Foi dito que se G. Remone e sua mulher se reencontrassem, sentiriam um pelo outro antipatia; que seria isso, pois, se se lembrassem de suas antigas relações! O ódio entre eles despertaria inevitavelmente; em lugar de dois seres simplesmente antipáticos um ao outro, seriam talvez inimigos mortais. Com a sua ignorância, são mais eles mesmos, e caminham livremente na nova rota que têm a percorrer; a lembrança do passado perturbá-los-ia, humilhando-os aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros. O esquecimento não lhes faz perder o benefício da experiência, porque nascem com o que adquiriram em inteligência e em moralidade; são aquilo que se fizeram; é para eles um novo ponto de partida. Se, às novas provas que G. Remone terá a suportar, se juntasse a lembrança das torturas de sua última morte, isso seria um suplício atroz que Deus quis poupar, lançando para ele um véu sobre o passado.
A. K.
JACQUES NOULIN.
(15 de agosto.)
56. (A São João.) Podemos evocar o cúmplice da senhora Remone? - R. Sim.
57. Evocação. - (O Espírito se manifesta.)
58. Jurais em nome de Deus que sois o Espírito daquele que foi o rival de Remone. - R. Eu o jurarei em nome de tudo o que quiserdes. - Jurai em nome de Deus. - Eu o juro em nome de Deus.
59. Não pareceis ser um Espírito muito avançado? - R. Ocupai-vos de vossos assuntos e deixai-me ir daqui.
Nota. Como não há portas fechadas para os Espíritos, se este pede que se o deixe ir, é que um poder superior lhe constrange a ficar, sem dúvida para sua instrução.
60. Ocupamo-nos dos nossos assuntos, porque queremos saber como, na outra vida, a virtude é recompensada e o vício punido? - R. Sim, meu muito querido, cada um recebe recompensa, ou punição, segundo suas obras; tratai, pois, de andar direito.
61. As vossas fanfarronices não nos amedrontam; colocamos nossa confiança em Deus; mas pareceis ainda bem atrasado. - R. Sou sempre João-Grosso como antes.
62. Não podeis, pois, responder seriamente às perguntas sérias? - R. Por que vos dirigis a mim, pessoas sérias? Estou antes disposto a rir que a fazer filosofia; sempre gostei das mesas bem servidas, das mulheres amáveis e do bom vinho.
 Enviado por: "JoelllSilva"

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