quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco
A022 – Cap. 8 – Processos Obsessivos – Primeira Parte
  
À medida que os serviços de socorro a Mariana pros­seguiam, fazia-se indispensável remover as raízes profundas da obsessão que, através das vinculações de Guilherme a Teofrastus, se tornaram mais complexas.
Estando o lar do Sr. Mateus sob o assédio de en­tidades viciosas outras, pertencentes ao clã Teofrastus, que mantinham estreito comércio com Marta, a filha mais velha, o movimento de desencarnados era muito expres­sivo, em atividade contínua e de resultados nefastos.
Portadora de mediunidade com amplas possibilida­des, Marta reencarnara ligada a comensais do erro em que derrapara espontaneamente em existência pregressa. Aquinhoada com os recursos psíquicos do intercâmbio espiritual, deveria aplicar as forças de ordem paranor­mal ao serviço do bem e da caridade, de modo a auto-iluminar-se, iluminando por sua vez os que se lhe vin­culavam pelos fortes liames das dívidas. Conquanto houvesse conhecido o serviço da mediunidade sublimada sob as bênçãos de Jesus, na União Espírita Baiana, preferira o círculo das baixas vibrações em que se demo­rava, atendendo a vigorosa hipnose de entidades infe­lizes e impiedosas que lhe dominavam o campo mental, amplamente afetado. Dizendo-se ligada aos graves co­núbios com antigos escravos do Brasil, ainda dirigidos por ódios demorados, fascinava-a as incursões no terreno do «candomblé», inexperiente e insensata, em cujos segredos procurava aprofundar-se, penetrando lamentavelmente em grosseiras burlas, que a conduziam a dolorosos processos de possessão paulatina e segura.
Dirigida por mentes tenazes, irreversivelmente portadoras de alta dose de rancor, fazia-se dócil instrumento para as consultas da irresponsabilidade, aliciando outros cômpares para o vampirismo que grassa em larga escala nos diversos departamentos da crosta terrestre, entre os seres invigilantes e pretensiosos.
Não poucas vezes, dirigida pelos famanazes espirituais da rebeldia, adentrava-se, noite alta, pelas necrópoles da cidade em busca de despojos humanos para os infelizes serviços a que se entregava, conduzindo de volta ao lar verdadeiras legiões de sofredores revoltados que se lhe vinculavam em longo processo perturbador de que no momento não se apercebia, fascinada como se encontrava pela própria sandice.
As orações de Dona Rosa e Amália eram o único lume aceso no labirinto em que se debatiam as forças desencontradas ali operando em guerra de longo curso. O poder da oração e a vida de elevação santificante, no entanto, são capazes, embora a aparente fraqueza de que se revestem, de anular toda a treva, blindando de segurança qualquer circunstância. Embora ignorando que fosse o seu ninho de sonhos doridos um reduto de espíritos desditosos, Dona Rosa sentia a exsudação psíquica que empestava o ambiente, reservando-se maior dose de confiança no Pai, que a amparava benigno, defendendo-a e aos outros membros da família dos miasmas dominantes na atmosfera do lar. Entidades afeiçoadas igualmente, serventuárias do amor, visitavam com freqüência a família Soares, dispensando a todos socorro e assistência contínua, de modo a impedir que os sequa­zes da criminalidade ali dominassem em toda a extensão.
Não eram apenas os Espíritos perturbados da es­fera dos desencarnados. Muitos perdulários buscavam os serviços de Marta tentando, através de conciliábulos com as mentes nefandas, resultados para mil aventu­ras a que se afeiçoavam no jogo ilusório das paixões terrenas. Eram pessoas que perderam objetos de esti­mação e esperavam encontrar, nos Espíritos, interes­sados caçadores de precisão; mulheres amadurecidas que não lobrigaram consorciar-se e que desejavam transfor­mar os Espíritos em instrumentos dos seus desejos; es­posas infelizes que sofriam a falência do matrimônio, recorrendo ao concurso de entidades mentirosas que lhes modificassem a paisagem doméstica; criaturas desem­pregadas que contavam com solução para a aquisição de trabalho de remuneração expressiva; escravos do ódio que se acreditavam vitimados por este ou aquele adversário, solicitando revide e desforço imediato; men­tes desvairadas, ancilosadas pelo vício, rogando solução para problemas complexos... Atendidos no «consultó­rio» reservado de Marta, que mantinha pequeno case­bre para o seu infeliz comércio, muitas vezes, conquanto a severidade de Dona Rosa, eram recebidos clientes no próprio lar, em cuja oportunidade apresentava receitas e exigia materiais para os trabalhos por meio dos quais informava resolver qualquer situação penosa, liberando de problemas os seus consulentes.
Portadora de psicofonia sonambúlica atormentada, vidência e audiência dirigidas por cruéis verdugos de­sencarnados, a obsidiada vivia relacionada com Espíritos ociosos que lhe prestavam informes seguros sobre os seus visitadores, informações essas que surpreendiam agradà­velmente quantos a buscavam, interesseiros e levianos.
Sempre ávidos de novidades, sem o interesse de co­nhecer a realidade da vida espiritual após a sepultura, as pessoas ainda hoje preferem da realidade espírita conhecer somente o que consideram fantástico e sobrena­tural, teimando voluntariamente em permanecer no erro.
Assim se quedavam fascinadas quando a sensitiva lhes explicava os diversos problemas, pormenorizando deta­lhes e apresentando soluções fáceis quanto mágicas para eles. É certo que os Espíritos, conquanto perturbados em si mesmos, podem fazer incursões no terreno material e informar-se sobre muitas coisas do plano físico em que se demoram os homens, pois que a morte não lhes arrebatou a inteligência nem lhes anulou o raciocínio. São capazes, obviamente, de acompanhar as criaturas, dar-lhes assistência e inteirar-se das ocorrências do ca­minho humano, apresentando circunstanciados relatórios, como se houvessem podido, por sortilégios estranhos, possuir o «dom» do conhecimento. Conseguindo êxito no primeiro tentame, o da informação, produziam os de­mais planos verdadeira consagração nos invigilantes que se comprazem na «lei do menor esforço» e que ainda se reservam o direito de manter o cativeiro, que, embora desaparecido da Terra, continua em outros círculos do mundo espiritual em lastimáveis processos. Ainda hoje é muito comum escutarem-se aqueles que dizem ter «um espírito às suas ordens», que os ajuda, atendendo-os com «fidelidade de cão». Invariavelmente se ligam a antigos escravos que a desencarnação não libertou e que pros­seguem, na sua ignorância quanto às realidades da vida, no vicioso intercâmbio com as consciências da Terra, do­minados ou dominadores — o que também ocorre, mo­dificando-se então o tipo de escravidão que é o predo­mínio do desencarnado sobre o encarnado —, quase sem­pre em profunda perturbação. Vaidosos, os homens não atentam ao dever da solidariedade nem da caridade, considerando-se credores de socorros e ajudas que estão muito distantes de merecer. Asfixiados pelo «eu, domi­nador, supõem que a vida deve servi-los e que o barro orgânico é edifício para o seu supremo prazer... Nes­ses homens e mulheres desprevenidos da realidade do além-túmulo, consciências livres e ironizantes estabele­cem jugos de dominação que degeneram em enfermida­des de etiologia difícil para a medicina humana, e que não acabam sequer com o advento da desencarnação...
Aí estão, todavia, claras e puras as lições do Cris­tianismo, ora revividas na Doutrina Espírita, clamando quanto às responsabilidades de cada um em relação a si mesmo e ao próximo; vibram os pensamentos de Je­sus, arrancados do silêncio dos séculos, convidando ao amor, à santificação da vida; sublimes vozes da Imor­talidade proclamam a Era da Luz combatente contra a treva; venerandos desencarnados retornam e revivem os conceitos imortalistas da verdade, cantando a excelên­cia dos Mandamentos; ilações excelentes quanto às cau­sas e aos efeitos dos sofrimentos e das ações são apre­sentadas por antigas celebrações que dignificariam a existência entre os homens; mortos queridos ressusci­tam do sepulcro vazio para consolarem e animarem, le­vantando o moral e estimulando ao dever; guias e condutores da Humanidade reassumem a direção do pen­samento da Terra, pregando esperanças, dirimindo dú­vidas, plasmando diretrizes de paz; obreiros da compai­xão retornam e tomam das mãos dos homens, com mãos intangíveis, para os conduzirem a retas atitudes, e uma sinfonia de bênçãos em forma de melodia de justiça, amor e caridade, envolve a Humanidade como se os an­jos da noite santa do Natal voltassem a repetir: «Glória a Deus nas alturas e paz na Terra entre os homens de boa vontade»! Os ouvidos das criaturas, porém, ante as atroadas dos desesperos, os olhos queimados pelo incêndio das paixões, os sentimentos crestados pelo vazio da volúpia e os cérebros abrasados pela sofreguidão do poder parecem não registrar tão sublime sementeira de luz, não sentir tão grandiosa epopeia de vida!...
O triunfo do Consolador prometido por Jesus, ora entre nós, ainda não atingiu o climax. Ele, porém, re­petindo as «vozes dos Céus», prosseguirá no desiderato da verdade, semeando bênçãos, embora as pequenas co­lheitas de amor, e ficará até o «fim dos tempos».
A missão do Espiritismo é a mesma do Cristianismo das primeiras e refulgentes horas do caminho e das are­nas: levantar o homem do abismo do «eu» e alçá-lo às culminâncias da fraternidade, após galgado o monte da sublimação evangélica redentora.
Transitório o período das trevas, prepara ele as consciências para o despertamento da verdade.
Saturado das vibrações ultrajantes, o espírito hu­mano buscará, invadido por incomparável sede de reno­vação, as fontes inefáveis do bem, mergulhando demo­radamente nas suas águas refrescantes...
Assim considerando e diante das esperanças e con­solações que nos aguardam, os nefandos labores da ator­mentada quimbandista nos inspiravam funda compaixão, compaixão que também nos merecem aqueles que bus­cam os desvios da leviandade para enganarem a cons­ciência, tentando a fuga espetacular às linhas do dever. Não poderão alegar desconhecimento da verdade, nem se justificarão como ignorantes do  auxílio  dos recursos divinos; lamentarão sem poderem fruir o consolo reser­vado aos que se esforçaram em perseverar na augusta direção do bem; chorarão sem lenitivo, por desprezo àimpostergável mensagem do «fazer ao próximo o que deseja lhe faça ele»; sofrerão demoradamente longe do recurso da prece, de que se utilizaram mecanicamente, sem qualquer respeito, fazendo-a instrumento de capricho infantil antes que veículo de comunhão com o Se­nhor... São os que se encarceram nos presídios sem pa­redes da mente desalinhada e tormentosa, O tempo, porém, que de tudo se encarrega, cuidará dos sandeus com a mesma mestria que liberta os humildes, os pacificadores, os simples de coração... herdeiros da Terra!
 
QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL
1)     O que fazia Marta para sofrer o assédio dos Espíritos viciosos?
2)     Marta estava consciente do processo obsessivo que vivenciava? Por quê?
3)     Os obsessores de Marta conseguem prejudicar o lar e influenciar outros familiares?
4)     O que pode ser feito para auxiliar Marta?
 
 
Um abraço a todos!
Equipe Manoel Philomeno

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