Noventa segundos
A neurocientista americana Jill Bolte
Taylor teve um derrame em 2008, aos trinta e sete anos.
Seu cérebro ficou comprometido de tal
forma que, quando foi apresentada a uma simples conta de matemática, como um
mais um, não sabia o que era o número um.
Hoje, totalmente recuperada, Jill vem
pesquisando o funcionamento do cérebro e das emoções. Oferece palestras e
escreveu um livro sobre o que descobriu desde o Acidente Vascular Cerebral até
a recuperação.
Revela que nossas emoções são
originadas por descargas químicas na corrente sanguínea. Dessa forma, diante de
um estímulo, nosso corpo reage movido por substâncias que permanecem durante um
tempo no sangue. Depois, o organismo absorve essas substâncias e volta ao
normal.
A doutora Jill explica que a raiva e
outras emoções são respostas programadas que podem ser disparadas
automaticamente.
Diz ela: Uma vez desencadeada, a
química liberada por meu cérebro percorre meu corpo e tenho a experiência
fisiológica.
Noventa segundos depois do disparo
inicial, o componente químico da raiva dissipou-se completamente do meu sangue
e minha resposta automática está encerrada. Se, porém, me mantenho zangada
depois desses noventa segundos, é porque escolhi manter o circuito rodando.
Essa constatação da doutora Jill nos
faz refletir. Se as emoções, entre elas a raiva, são reações que podem ocorrer,
automaticamente mas, a química que liberam dura apenas noventa segundos em nós,
por que, então, nos permitimos sentir raiva por horas, dias, semanas, meses e
anos?
Porque escolhemos continuar sentindo
raiva, seria a resposta da pesquisadora.
Quantas vezes sentimos raiva de alguém
ou de alguma situação, por muito tempo?
Quantas vezes escolhemos continuar
alimentando raiva de uma pessoa que nos magoou, ou que simplesmente não atendeu
nossas expectativas?
As causas que disparam a emoção da
raiva podem ser muitas, mas o tempo de permanência desse sentimento em nós é
uma escolha.
Quando o Mestre Jesus nos disse para
perdoarmos setenta vezes sete vezes, ele nos deu a chave para não sentirmos
raiva, para não desejarmos vingança. Porém, nosso orgulho nos domina e, muitas
vezes, nos induz a atos dos quais nos arrependeremos num futuro próximo.
Alimentar a raiva é contaminar-se diariamente
e enviar aos que nos rodeiam vibrações carregadas de negatividade.
Também comprometer nosso organismo,
envenenar órgãos nobres, criando possibilidades para o aparecimento de
enfermidades.
Mas, como podemos evitar que
sentimentos negativos perdurem em nós?
Primeiramente, observando a nós mesmos.
Por que nos irritamos? Por que nos abalamos tanto com o que os outros fazem e
falam?
Se conseguirmos observar o outro que
nos fere e tentar compreender o que o move, talvez possamos perceber um irmão
ferido, doente, que sofre e ainda não tem condição de agir de outra forma.
Não temos controle sobre a forma do
nosso próximo agir, mas podemos controlar a forma como nós reagiremos ao que
ele nos apresenta.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no livro A cientista
que curou seu próprio cérebro, de Jill Bolte Taylor, ed. Ediouro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário