sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo


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EESE – Cap. XVI – Itens de 5 a 7
Tema: Parábola do mau rico
          Parábola dos talentos
          Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria
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A - Texto de Apoio:
Parábola do mau rico
5. Havia um homem rico, que vestia púrpura e linho e se tratava magnificamente todos os dias. - Havia também um pobre, chamado Lázaro, deitado à sua porta, todo coberto de úlceras, - que muito estimaria poder mitigar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas, ninguém lhas dava e os cães lhe viam lamber as chagas.
Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também morreu e teve por sepulcro o inferno. - Quando se achava nos tormentos, levantou os olhos e via de longe Abraão e Lázaro em seu seio - e, exclamando, disse estas palavras: Pai Abraão, tem piedade de mim e manda-me Lázaro, a fim de que molhe a ponta do dedo na água para me refrescar a língua, pois sofro horrível tormento nestas chamas.
Mas Abraão lhe respondeu: Meu filho, lembra-te de que recebeste em vida teus bens e de que Lázaro só teve males; por isso, ele agora está na consolação e tu nos tormentos.
Ao demais, existe para sempre um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que queiram passar daqui para aí não o podem, como também ninguém pode passar do lugar onde estás para aqui.
Disse o rico: Eu então te suplico, pai Abraão, que o mandes à casa de meu pai, -onde tenho cinco irmãos, a dar-lhes testemunho destas coisas, a fim de que não venham também eles para este lugar de tormento. - Abraão lhe retrucou: Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. - Não, meu pai Abraão, disse o rico: se algum dos mortos for ter com eles, farão penitência. - Respondeu-lhe Abraão: Se eles não ouvem a Moisés, nem aos profetas, também não acreditarão, ainda mesmo que algum dos mortos ressuscite. (S. LUCAS, cap. XVI, vv. 19 a 31.)
Parábola dos talentos
6. O Senhor age como um homem que, tendo de fazer longa viagem fora do seu país, chamou seus servidores e lhes entregou seus bens. - Depois de dar cinco talentos a um, dois a outro e um a outro, a cada um segundo a sua capacidade, partiu imediatamente. - Então, o que recebeu cinco talentos foi-se, negociou com aquele dinheiro e ganhou cinco outros. - O que recebera dois ganhou, do mesmo modo, outros tantos. Mas o que recebera um cavou um buraco na terra e aí escondeu o dinheiro de seu amo. - Passado longo tempo, o amo daqueles servidores voltou e os chamou a contas. - Veio o que recebera cinco talentos e lhe apresentou outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão, além desses, mais cinco que ganhei. -Respondeu- lhe o amo: Servidor bom e fiel; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor. - O que recebera dois talentos apresentou-se a seu turno e lhe disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão, além desses, dois outros que ganhei. - O amo lhe respondeu: Bom e fiel servidor; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor. - Veio em seguida o que recebeu apenas um talento e disse: Senhor, sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e colhes de onde nada puseste; - por isso, como te temia, escondi o teu talento na terra; aqui o tens: restituo o que te pertence. - O homem, porém, lhe respondeu: Servidor mau e preguiçoso; se sabias que ceifo onde não semeei e que colho onde nada pus, - devias pôr o meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim de que, regressando, eu retirasse com juros o que me pertence. -Tirem-lhe, pois, o talento que está com ele e dêem-no ao que tem dez talentos; -porquanto, dar-se-á a todos os que já têm e esses ficarão cumulados de bens; quanto àquele que nada tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que pareça ter; e seja esse servidor inútil lançado nas trevas exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes. (S. MATEUS, cap. XXV, vv. 14 a 30.)
Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria
7. Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, ideia que repugna à razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.
Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à ideia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício.
O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até à abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: "Fora da caridade não há salvação".
A consequência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear; consequência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.
Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. E a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.
Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.
B - Questões para estudo e diálogo virtual:
1 – Basta passar pela prova da pobreza para “entrar no reino dos céus”?
2 – Qual o significado das palavras de Jesus: “Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me”?
3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

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