------------------------------------------------------------------------------------------
EESE – Cap. XVI – Itens de 5 a 7
Tema: Parábola do mau rico
Parábola dos talentos
Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria
-----------------------------------------------------------------------------------------
A - Texto
de Apoio:
Parábola do mau rico
5. Havia
um homem rico, que vestia púrpura e linho e se tratava magnificamente todos os
dias. - Havia também um pobre, chamado Lázaro, deitado à sua porta, todo
coberto de úlceras, - que muito estimaria poder mitigar a fome com as migalhas
que caíam da mesa do rico; mas, ninguém lhas dava e os cães lhe viam lamber as
chagas.
- Ora, aconteceu que
esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também
morreu e teve por sepulcro o inferno. - Quando se achava nos tormentos,
levantou os olhos e via de longe Abraão e Lázaro em seu seio - e, exclamando,
disse estas palavras: Pai Abraão, tem piedade de mim e manda-me Lázaro, a fim
de que molhe a ponta do dedo na água para me refrescar a língua, pois sofro
horrível tormento nestas chamas.
Mas
Abraão lhe respondeu: Meu filho, lembra-te de que recebeste em vida teus bens e
de que Lázaro só teve males; por isso, ele agora está na consolação e tu nos
tormentos.
Ao
demais, existe para sempre um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os
que queiram passar daqui para aí não o podem, como também ninguém pode passar
do lugar onde estás para aqui.
Disse o
rico: Eu então te suplico, pai Abraão, que o mandes à casa de meu pai, -onde
tenho cinco irmãos, a dar-lhes testemunho destas coisas, a fim de que não
venham também eles para este lugar de tormento. - Abraão lhe retrucou: Eles têm
Moisés e os profetas; que os escutem. - Não, meu pai Abraão, disse o rico: se
algum dos mortos for ter com eles, farão penitência. - Respondeu-lhe Abraão: Se
eles não ouvem a Moisés, nem aos profetas, também não acreditarão, ainda mesmo
que algum dos mortos ressuscite. (S. LUCAS, cap. XVI, vv. 19 a 31.)
Parábola dos talentos
6. O
Senhor age como um homem que, tendo de fazer longa viagem fora do seu país,
chamou seus servidores e lhes entregou seus bens. - Depois de dar cinco
talentos a um, dois a outro e um a outro, a cada um segundo a sua capacidade,
partiu imediatamente. - Então, o que recebeu cinco talentos foi-se, negociou
com aquele dinheiro e ganhou cinco outros. - O que recebera dois ganhou, do
mesmo modo, outros tantos. Mas o que recebera um cavou um buraco na terra e aí
escondeu o dinheiro de seu amo. - Passado longo tempo, o amo daqueles
servidores voltou e os chamou a contas. - Veio o que recebera cinco talentos e
lhe apresentou outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos;
aqui estão, além desses, mais cinco que ganhei. -Respondeu- lhe o amo: Servidor
bom e fiel; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras;
compartilha da alegria do teu senhor. - O que recebera dois talentos
apresentou-se a seu turno e lhe disse: Senhor, entregaste-me dois talentos;
aqui estão, além desses, dois outros que ganhei. - O amo lhe respondeu: Bom e
fiel servidor; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras;
compartilha da alegria do teu senhor. - Veio em seguida o que recebeu apenas um
talento e disse: Senhor, sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste
e colhes de onde nada puseste; - por isso, como te temia, escondi o teu talento
na terra; aqui o tens: restituo o que te pertence. - O homem, porém, lhe
respondeu: Servidor mau e preguiçoso; se sabias que ceifo onde não semeei e que
colho onde nada pus, - devias pôr o meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim
de que, regressando, eu retirasse com juros o que me pertence. -Tirem-lhe,
pois, o talento que está com ele e dêem-no ao que tem dez talentos; -porquanto,
dar-se-á a todos os que já têm e esses ficarão cumulados de bens; quanto àquele
que nada tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que pareça ter; e seja esse servidor
inútil lançado nas trevas exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes.
(S. MATEUS, cap. XXV, vv. 14 a 30.)
7. Se a
riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem,
conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo
a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de
alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, ideia que repugna à
razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera
e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada,
mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e
da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do
céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da
miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a
partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do
fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível
e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como
certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com
discernimento.
Quando Jesus
disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna:
"Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu,
decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do
que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar
que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação.
Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos
e, no entanto, recusava-se à ideia de abandonar os bens de que era dono. Seu
desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com
sacrifício.
O que Jesus
lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento.
Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo,
não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso,
honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude
não chegava até à abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma
aplicação do princípio: "Fora da caridade não há salvação".
A
consequência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da
riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de
males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear;
consequência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso
mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.
Se a riqueza
é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo
tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa,
como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe
poderia ser de maior utilidade. E a consequência do estado de inferioridade do
mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a
teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um
elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de
progresso intelectual.
Com efeito,
o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe
desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a
sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce
incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é
insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre
os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam
destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as
comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair
os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar
com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de
recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência.
A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a
inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação
das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes
verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não
mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com
razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.
B -
Questões para estudo e diálogo virtual:
1 – Basta
passar pela prova da pobreza para “entrar no reino dos céus”?
2 – Qual o
significado das palavras de Jesus: “Desfaze-te de todos os teus bens e
segue-me”?
3 – Extraia
do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
Nenhum comentário:
Postar um comentário