Não ao aborto
Ely Matos (CVDEE - FEAK/JF)
Se você é a favor da legalização do aborto, pode parar a leitura aqui: este texto não é para você. Quero me dirigir apenas aos que são contra a legalização, mas têm sido submetidos a uma avalanche de argumentos (e pseudo-argumentos) típicos desta sociedade confusa em que estamos vivendo. Eu gostaria que o texto fosse lido pelos espíritas, em especial os mais jovens.
Isso não é uma discussão. Ninguém muda a crença de ninguém. São apenas elementos, apresentados muito rapidamente, para reflexão pessoal. Alguns argumentos que temos visto a favor da legalização são:
a) “Se você é contra, não aborte; mas deixe cada um cuidar da sua vida”. Um pseudo-argumento. Basta trocarmos por “se vc é contra matar, não mate, mas deixe os outros matarem” ou “se vc não é preconceituoso, deixe os outros serem”, para vermos a fragilidade da argumentação. É a explícita negação da vida em sociedade.
b) Freakonomics Movie. “Em suma, vamos evitar que futuros criminosos nasçam”. Bom, se a ideia é essa, porque não matar logo a mãe, já que existe o risco dela continuar “produzindo” estes “futuros criminosos”? Aqui se esconde um tipo sutil de eugenia.
c) “Até 3 meses não é um ser humano” (ou qualquer outro período de tempo). Muitos senhores de engenho achavam que os escravos não eram seres humanos; os nazistas achavam que os judeus não eram seres humanos. “Desumanizar” existe apenas para tentar aliviar a consciência (que vai pesar, mais cedo ou mais tarde). A questão básica é que o óvulo fecundado já é um ser humano.
d) “A legalização do aborto vai diminuir o número de abortos”. Então matar menos é melhor que matar mais? É uma sociedade feita de números, não de gente. Por que não considerar que o dinheiro a ser gasto para a realização do aborto “oficialmente” (e outros milhões desviados) fosse usado em programas sociais de prevenção à gravidez, ou de acompanhamento social depois que a criança nascesse? É ilusão? Não tem dinheiro pra isso? Mas matar oficialmente, pelo SUS, pesa menos para a sociedade, não? Isso demonstra apenas como nós, enquanto sociedade, estamos (muito) doentes.
e) “O corpo é meu e faço dele o que quiser”. Sim, seu corpo é seu, mas aquele outro que está no útero não é seu. É corpo de outro alguém.
f) Vamos lembrar que nem todas as mulheres que abortam são a favor do aborto. Abortam com medo da reação da sociedade, da reação dos pais, ou porque estão com vergonha de si mesmas (entre milhares de outros motivos). É para muitos casais uma solução extrema. Mas pergunte a qualquer pai ou mãe, que realmente amem as suas filhas e filhos, se eles preferem ser avós prematuramente ou se preferem ser pais de uma assassina ou de um assassino (quando houver cumplicidade do homem).
g) “É fácil você falar quando não é com você”. É claro que é fácil, o que não significa que não seja necessário. Cada um enfrenta as situações que criou para si mesmo. O que podemos fazer é oferecer o maior número de informações para que a “livre escolha” seja o mais livre possível, ou seja, com mais plena consciência dos resultados dos atos.
h) “isso não deveria ser questão religiosa”, “o estado é laico”, “isso é sua crença pessoal”, “a religião não deve limitar a liberdade das outras pessoas”, “não se deve misturar direito com religião”, etc etc. Outro pseudo-argumento, já que aqueles que defendem a legalização, defendem suas crenças com fervor “religioso”. Apenas acreditam em outras coisas diferentes das religiões tradicionais. Mas nem por isso estão certos.
i) “As mulheres continuarão abortando, seja legalizado ou não”. Bom, isso demonstra que o problema real não é apenas a legislação, não? Enquanto continuarmos fingindo que não estamos vendo o problema real, o assassinato em massa, oficial ou não, vai continuar.
j) “Não vou colocar no mundo uma criança que não tenho condições de criar”. Outro pseudo-argumento. Imagine apenas o que aconteceria se seus pais, seus avós ou seus bisavós tivessem pensado assim também, seriamente.
A lista é grande. E claro que cada item aqui dá uma conversa imensa. Mas só estou publicando minha opinião. Não quero convencer ninguém. Mas todos precisamos de pensar mais e melhor a respeito do assunto.
Ely Matos (CVDEE - FEAK/JF)
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