terça-feira, 20 de dezembro de 2016


Vítima de boato em redes sociais, homem tem medo de sair de casa

Pedro Zuazo
 
Há duas semanas, o serralheiro Carlos Luiz Batista, de 39 anos, tem medo de sair de casa. Ele passou a receber ameaças depois que uma foto sua viralizou na internet com a informação de que ele seria estuprador e sequestrador de crianças. Nas mensagens, o nome de Carlos não é citado. Ele é identificado como morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, e dono de um carro Fox de cor preta. O serralheiro, no entanto, mora em Cosmo, na Zona Oeste do Rio, e dirige um Corsa verde.
— Estão acabando com a minha vida. Não sei quem inventou essa mentira, mas minha família toda está ameaçada por causa de uma calúnia — desespera-se Carlos.
Assustado com a repercussão, ele registrou uma queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), no último dia 22. As mensagens, no entanto, continuaram a ser compartilhadas, então Carlos decidiu publicar um vídeo na internet para implorar que não repassem o boato.
Na gravação, ele aparece reunido com toda a família e exibe o registro de ocorrência feito na polícia. As imagens foram gravadas na sexta-feira e, ontem à tarde, já tinham sido assistidas por mais de um milhão de internautas.
As mensagens começaram a circular em grupos de WhatsApp, depois foram compartilhadas também no Facebook. O administrador da página “Plantão Notícias 24 horas”, que publica notícias na rede social, contou ao EXTRA que foi procurado por uma internauta para reproduzir a informação, mas não o fez por falta de provas contra Carlos.
As acusações chegaram a ser divulgadas em perfis de usuários e páginas da rede social, mas foram tiradas do ar após a divulgação do vídeo. Nos grupos de WhatsApp, no entanto, a mensagem continua a ser compartilhada.
O caso de Carlos está sendo investigado pela DRCI. De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, a Polícia Civil encaminhou ao Ministério Público um pedido de quebra de sigilo de IP — um protocolo interno do computador — para obter os dados de um perfil do Facebook que pode ter dado origem à calúnia. A apreciação, no entanto, pode levar de 6 a 8 meses. Há uma fila grande de pedidos, porque praticamente todos os casos investigados pela DRCI exigem a quebra de IP.

Morte em 2014
A cada dia, Carlos recebe de amigos e parentes gravações de áudio, compartilhadas por telefone, nas quais ele é citado em ameaças. Pessoas que dizem ser moradores de comunidades do Rio, como Vila Kennedy e Senador Camará, e da Baixada, como Parque União, avisam que ele será morto se for visto na rua.
Histórias semelhantes a de Carlos ocorreram em abril deste ano, em Pernambuco, em abril do ano passado, em Manaus, e em janeiro de 2014, em Lagarto. Nos três casos, homens tiveram suas fotos compartilhadas sob a acusação de estupro.
Em maio de 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi espancada e morta depois de ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças que praticava rituais de magia negra em Guarujá, no litoral de São Paulo. A confusão começou quando uma página do Facebook publicou o retrato falado da suspeita. A informação chegou até moradores da cidade da dona de casa, que a agrediram.
Notícia publicada no Jornal Extra, em 4 de outubro de 2016.

Marcia Leal Jek* comenta
 
Lendo essa matéria, e sem conhecimento, acaba se tornando bem desgastante, como é o caso do Carlos Luiz Batista.
Sabemos que Deus não castiga ninguém e o sofrimento pelo qual estamos sendo infligidos é fruto dos nossos próprios erros.
Todos nós cometemos erros no passado. Esse é o motivo de não nos lembrarmos de nossas existências passadas e é providencial. É claro que há uma barreira vibratória que nos impede de acessarmos dados que não estão vinculados ao nosso cérebro físico, mas isso é apenas um aspecto. O fato é que não podemos lembrar de outras existências. Se lembrássemos de tudo o que fizemos de mal, com a consciência que temos hoje, provavelmente enlouqueceríamos.
Allan Kardec(1) nos ensina que a reencarnação está para os Espíritos assim como a morte está para os encarnados: é um processo incontestável, tão certo quanto o desencarne o é para os homens.(2)
A encarnação é uma necessidade evolutiva, porque somente ao contato com a matéria física consegue o Espírito elementos necessários ao seu progresso.
É interessante perceber que muitas vezes o que nos acontece de forma desagradável não deve ser visto por nós como armadilhas, como essa notícia, mas sim como oportunidades de aprendermos a lidar com essas mesmas situações.
Mas qual a finalidade da encarnação?(3)
“— Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea; nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a matéria essencial do mesmo, afim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progredir”.
Ensina-nos ainda que, para o nosso progresso, é da Lei Divina que cada um de nós viva o resultado das próprias escolhas e ações, na mesma existência ou em outras, não escapando nunca às consequências de suas faltas.
Allan Kardec nos esclarece que “os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros. (...) Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras”.(4)
Podemos então concluir que quanto maior a nossa dificuldade, maior a nossa necessidade de progresso.

Bibliografia:
(2) O Livro dos Espíritos - questão 330;
(3) O Livro dos Espíritos – questão 132;
(4) O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V, itens 5-7.
 
* Marcia Leal Jek é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

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