A Figura do Jovem na Visão do Espiritismo
Em 1868, em A Gênese, Kardec anunciava a chegada de novos tempos e de uma geração nova.
Afirmava, já naquele momento, progressos da humanidade no campo das ciências, das artes e do bem-estar material.
Ressalva, no entanto, que um grande progresso ainda deveria ser realizado; “o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade que lhes assegurem o bem-estar moral”.
Estava colocado, de forma inequívoca, um novo capítulo da história da humanidade: a grande transição do ciclo de Caim, para o de Moisés, considerado como a primeira revelação em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Moisés traz as regras básicas de relacionamento entre os homens, sendo considerado o símbolo da Lei e da Justiça. Preparava-se o caminho para a instalação da era do Bem, do Perdão e do Amor, anunciada por Jesus, o Divino Mestre.
A partir de 1868, foi colocado em ação, sem a possibilidade de maiores atrasos, o plano de transformação moral do planeta Terra. Os espíritos propensos ao bem começaram a reencarnar de maneira cada vez mais frequente. Os jovens anunciados por Kardec Já vieram e retornaram ao plano espiritual algumas vezes, mas em que pese os progressos realizados, ainda falta muito a fazer na implantação do bem em nosso planeta.
Chico Xavier, respondendo a questões no livro Dos Hippies aos Problemas do Mundo, comenta que “os jovens são os nossos continuadores”.
Para que haja continuidade é necessário que uma geração realize conquistas morais, passe o bastão da evolução para outra.
Quantos jovens estão reencarnados sofrendo pressões de todo tipo para que não desempenhem as tarefas redentoras? A bebida fartamente anunciada, a droga que promete alegria e que pode ser encontrada com facilidade, o incentivo ao sexo descompromissado e independente de afeto são estímulos que desafiam as nossas conquistas morais ainda frágeis.
A busca do equilíbrio e da realização convive com o medo e a pressão num mundo competitivo, gerando altos níveis de ansiedade. A competição é conceito contrário à lei de Deus, uma vez que um irmão tem que ser melhor que o outro, como se no plano divino não houvesse lugar e oportunidade para todos.
Kardec nos ensina em O Livro dos Espíritos, que “na adolescência o Espírito retoma a sua natureza e se mostra tal qual era”, ou seja, expressa as necessidades de aprendizado e de evolução, que geraram o seu projeto reencarnatório.
Consideramos que o primeiro aspecto nesse processo são o autoconhecimento e a transformação interior, tarefa que não é fácil. O segundo, é que esse jovem propenso ao bem, lembrando Kardec, está muito distante de ser perfeito.
No entanto, a propensão ao bem representa um grande avanço porque exclui a visão de levar vantagem sobre o outro e da corrupção moral em todos os seus aspectos. Com isso, chegamos a Moisés! Regras básicas de relacionamento, não mais asseguradas pelo medo de punição, mas pelo sincero desejo de ser uma pessoa melhor.
Emmanuel, em sua obra Pensamento e Vida, nos diz que a sociedade é o nosso lar coletivo, e entendemos que no mundo de regeneração não haverá mais espaço para falta de consciência, desigualdade social, infidelidade, fraude, insídia, intolerância e desamor. Serão tempos de empatia, de consciência escrupulosa, capacidade de renúncia, de benevolência, altruísmo, disposição para a justiça e entendimento, ainda que relativo, do nosso papel no projeto do Criador.
A criança precisa de educação e formação moral e religiosa, de lar bem constituído, e quando a necessidade de autocorreção aflorar na adolescência, encontrará campo fértil e preparado para o autoaprimoramento, e o jovem poderá participar ativa e conscientemente no processo de transição planetária.
Caim faz os seus últimos esforços para sobreviver, mas agoniza diante do grande equívoco que comete em relação à Lei que Jesus veio nos ensinar. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Brevemente, a história da humanidade não será mais a história de Caim, mas a história de Deus, a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, como Jesus nos ensinou, Nosso Pai!
Diante do eterno recomeço, ser jovem é ser portador de um novo movimento de atualização planetária.
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