terça-feira, 14 de março de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A028 – Cap. 11 – As agressões– Primeira Parte


Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

 

A028 – Cap. 11 – As agressões– Primeira Parte

11-  As agressões

 

Para o espírita decidido, a tranquilidade de consciência, ante o dever retamente cumprido, é o melhor prêmio que ele pode oferecer a si mesmo. Esse era o estado que nos dominava, enquanto estavam em curso as tarefas a que os problemas da família Soares nos convocaram e que, por mercê de Deus, fôramos honrados pela oportunidade de servir.
Não poucas vezes nos surpreendíamos empolgados pelas evocações, que, conquanto não tivessem toda a clareza que gostaríamos de experimentar, se nos apresentavam em painéis de recordação agradável. Mesmo quando a memória registrava os fatos com as tintas sombrias de pesadelos, em que à receio assomava incontrolável, lembrávamo-nos do Mestre Inconfundível, do que Lhe custara descer aos homens e experimentar sem queixa a convivência com as paixões humanas, suportando o fardo pesado das incompreensões dos que O cercavam, acostumados conforme viviam com as questiúnculas do imediatismo. O estoicismo do amor de Jesus dava-nos forças e coragem para prosseguir, sentindo a felicidade de viver entre os dois mundos que se interpenetram e cujas fronteiras mais não são do que uma fimbria divisória, um claro-escuro de tênues colorações difíceis de definir e delimitar. Nesse sentido e sob outros vários aspectos o Espiritismo se nos apresenta como o roteiro de segurança para o equilíbrio do espírito do homem.
Desfazendo as ilusões da matéria e vencendo as sombras transitórias que vedam as visões do Mundo Espiritual, apresenta-nos as causas reais de cujos efeitos e somente neles, até agora, se há detido o pensamento da pesquisa tecnológica; suas asseverações rigorosamente filosóficas conseguiram avançar além da própria Filosofia no seu conjunto classicista, porque, em saindo da interrogação pura e simples, da indagação meramente vazia e das conjunturas das hipóteses, traz das realidades metafísicas as soluções morais e vitais para o enigma-homem, que se deixa de quedar perturbado pelas incógnitas diversas, para palmilhar a senda dos fatos, de cujo contexto extrai a realidade ontológica legítima que o capacita a avançar intimorato, embora as circunstâncias, condições e climas morais sob cuja constrição evolute na direção do Infinito. Sim, porque não são os homens apenas que realizam espontaneamente incursões no além-túmulo, mas, e principalmente, os vitoriosos da sepultura vencida que retornam, cantando a ressurreição da vida após a lama e a cinza do corpo, a repetirem incessantemente a lição imorredoura do Cristo, na manhã gloriosa do domingo, logo após a sua morte, como Astro fulgurante, atestando desse modo a indestrutibilidade do espírito e, consequentemente, as sucessivas transformações da vida para atingir a sublimação. Religião do amor e da esperança, pábulo eucarístico pelo qual o homem pode comungar com a imortalidade, é o lenitivo para a saudade do desconforto ante a ausência dos seres amados que o túmulo arrebatou, mas não lhes conseguiu silenciar a voz; esperança dos padecentes que sofrem as ácidas angústias de hoje, compreendendo serem elas o resultado da própria insânia do passado, porém, com os olhos fitos na esplendorosa visão do amanhã, que lhes está nas mãos apressar e construir; praia de paz, na qual repousam em dinâmica feliz os nautas aflitos e cansados do trânsito difícil no mar das lutas carnais; santuário de refazimento através da prece edificante; escola de almas, que aprendem no estudo das suas informações preciosas e das suas lições insuperáveis a técnica de viver para fruirem a bênção de morrer nobremente; hospital de refazimento para os trânsfugas do dever, que nele encontram o bálsamo para a chaga física, mental ou moral; todavia, recebem a diretriz para amar e perdoar, a fim de serem perdoados e amados pelos que feriram e infelicitaram; “colo de mãe” generosa é o amparo da orfandade, preparando-a para o porvir luminoso, já que ninguém é órfão do amor do Nosso Pai; abrigo da velhice, portal que logo abrirá de par-em-par a aduana da Imortalidade; oficina de reeducação onde a miséria desta ou daquela natureza encontra a experiência do trabalho modelador de caracteres a serviço das fortunas do amor; traço de união entre a criatura e o Criador, religando-os e reaproximando-os, até que a plenitude da paz possa cantar em cada criatura, à semelhança do que o Apóstolo das Gentes afirmava: «Já não sou eu o que vivo, mas é o Cristo que vive em mim...) (Gálatas, capítulo 2, versículo 20.)
As altas responsabilidades consequentes do conhecimento do Espiritismo forjam homens verazes, cristãos legítimos. Neles não há campo para a coexistência pacífica do erro com a retidão, da mentira com a verdade, da dissimulação com a honestidade, da lealdade com a hipocrisia, da maledicência com a piedade fraternal, da ira com o amor... Compreendendo que ser espírita é traçar na própria conduta o comportamento do Cristo, a exemplo de todos aqueles que O seguiram, e consoante preceitua o eminente apóstolo Allan Kardec, o aprendiz da lição espírita é alguém em combate permanente pela própria transformação moral, elevação espiritual e renovação mental, com vistas à perfeição que a todos nos acena e espera.
Sem dúvida, sentíamos a fragilidade das nossas fracas forças e buscávamos na prece o refúgio, e na meditação o refazimento, haurindo energias e vitalidade para atravessar bem os dias do trabalho superior no qual nos encontrávamos, e cujo êxito, em grande parte, dependia da contribuição que pudéssemos oferecer. Com muita propriedade se assevera que a insegurança de uma muralha está na pedra que se encontre mal colocada; arrancada esta, mais fácil se faz conseguir-se deslocar outra, e assim sucessivamente.
Pairando sempre sobre todos nós o Espírito do Senhor, convinha-nos e nos convém não desfalecer na luta.
Com tais pensamentos irrigando-nos a mente, no encontro imediato à excelente entrevista mantida com o irmão Teofrastus, pela psicofonia cristalina do médium Morais, o Benfeitor Saturnino elucidou-nos de que as operações espirituais em andamento, com o consequente deslocamento do diretor do Anfiteatro, em breve se refletiriam entre os demais componentes dos diversos Grupos de Espíritos Infelizes ligados ao mal, de maneira negativa, e que, logo se refizessem do choque, arremeteriam violentos, tentando uma revanche injustificável, perniciosa e de resultados para eles sempre mais danosos. Convinha que nos mantivéssemos nos padrões do Cristo para, resguardados, por nossa vez resguardarmos os resultados superiores da empresa da luz.
Devidamente esclarecidos e também fortificados, continuamos nas tarefas habituais, da propaganda espírita, quando, uma semana depois, começamos a experimentar, quase todos nós, os encarnados participantes do labor abençoado, singular melancolia e alguns traços de irritabilidade no comportamento...
Não ignorávamos que algumas das técnicas de que se utilizam os perseguidores de encarnados atormentados que buscam o concurso do Espiritismo são, em diversos casos: o aumento da agressão às suas vítimas a fim de lhes darem idéias falsas de que a frequência às sessões lhes acarretaram maior dose de sofrimento, inspirando-as a debandarem, após o que, então, cessam de inopino a constrição obsessiva, fazendo crer que a melhora decorreu do abandono àqueles compromissos repentinos, para voltarem mais ferozes, mais cruéis, mais implacáveis quando tais pacientes, invigilantes quase sempre, lhes favorecem o campo fisiológico e psíquico com recursos adequados à continuação dolorosa da perseguição insana. De outras vezes agem de maneira bem característica: logo que seus clientes começam a honesta participação no estudo. e na tarefa espiritista da própria libertação, seja porque a modificação no campo mental lhes impede o intercâmbio com a mesma facilidade, seja por tática de estratégia belicosa, afastam se temporariamente os perseguidores, permanecendo, porém, em contínua vigília; os incautos, logo experimentam a falsa liberação, reconhecem a desnecessidade do conhecimento clarificador e se dizem comprometidos com programas sociais e de outra ordem, transferindo para o futuro os deveres espirituais, e partem, lépidos, a gozar... Afirmam-se reconhecidos ou consideram a coincidência da cura, exatamente quando passaram a examinar o problema sob a luz do Espiritismo, mas lamentam as circunstâncias que os obrigam a um temporário afastamento... Quando a questão já lhes parece vencida, sem que as dívidas tenham sido necessariamente resgatadas, desde que nada fizeram por corresponder à confiança da Vida, eis que os verdugos perseverantes, que os seguem, retornam vigorosos e mais constringentes se fazem, com altas doses de fereza, sem que os obsidiados contem com quaisquer recursos a seu favor, considerando que nada providenciaram para a hora da aflição e do desconforto...
Não desconhecíamos que em todo processo de desobsessão, se a vigilância, a oração e o jejum moral são condições essenciais, o otimismo e o bom-humor não podem ser relegados para trás. Tristeza é nuvem nos olhos da saúde e irritabilidade é tóxico nos tecidos da paz...


QUESTÕES PARA ESTUDO
 

1 – O narrador afirma que o Espiritismo é capaz de promover em alguém um constante combate pela própria transformação moral, produzindo, assim, cristãos verdadeiros. A que se deve esta capacidade do Espiritismo? E como construir cristãos verdadeiros?
2 – Por que parte dos integrantes da equipe de desobsessão da Casa Espírita estava experimentando certa melancolia e irritabilidade após os trabalhos com Dr. Teofrastus?
3 – Explique as duas técnicas de obsessão narradas por Manoel Philomeno.


Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno

 

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