REVISTA ESPIRITA
JORNAL
DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS
DEZEMBRO 1863
Sobre a alimentação do homem.
(Sociedade de Paris, 4 de julho de 1862.
Médium, Sr. A. Didier.)
O sacrifício da carne foi severamente condenado pelos grandes filósofos
da antigüidade. O Espírito elevado se revolta à idéia do sangue, e sobretudo à
idéia de que o sangue é agradável à Divindade. E notai bem que não é aqui, de
nenhum modo, a questão dos sacrifícios humanos, mas unicamente dos animais
oferecidos em holocausto. Quando o Cristo veio anunciar a Boa Nova, não ordenou
o sacrifício do sangue: ocupou-se unicamente do Espírito. Os grandes sábios da
antigüidade tinham igualmente horror dessas espécies de sacrifícios, e eles
mesmos não se alimentavam senão de frutas e de raízes. Sobre a Terra, os
encarnados têm uma missão a cumprir; têm o Espírito que é necessário nutrir com
o Espírito, o corpo com a matéria; mas a natureza da matéria influi, se o
concebe facilmente, sobre a espessura do corpo, e, por conseguinte, sobre a
manifestação do Espírito. Os temperamentos naturalmente bastante fortes para
viverem como os anacoretas fazem bem, porque o esquecimento da carne conduz
mais facilmente à meditação e à prece. Mas para viver assim, seria preciso
geralmente uma natureza mais espiritualizada do que a vossa, o que é impossível
com as condições terrestres; e como, antes de tudo, a natureza jamais faz algo
de insensato, é impossível, para o homem, submeter-se impunemente a essas
privações. Pode-se ser bom cristão e bom Espírita e comer à sua maneira,
contanto que seja um homem razoável. É uma questão um pouco leviana para nossos
estudos, mas que não é menos útil e aproveitável.
LAMENNAIS.
Enviado por: "Joel Silva"
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