quinta-feira, 20 de julho de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A037 – Cap. 15 – Enfermidade salvadora – Primeira Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A037 – Cap. 15 – Enfermidade salvadora – Primeira Parte

15 - Enfermidade salvadora

Havia um mês que o Sr. Mateus retornara ao lar, após a crise que o conduzira inconsciente ao Pronto Socorro, vítima de embolia cerebral. O ambiente espiritual na residência dos Soares era sensivelmente melhor. Havia mesmo uma atmosfera de paz inabitual naquele domicílio longamente sacudido por tempestades de vária ordem. O genitor de Mariana, carinhosamente assistido pela esposa e filhas, dava mostras de confortadora recuperação orgânica. Já conseguia falar com menor dose de esforço e as lições consoladoras do Espiritismo, a que se acostumara paulatinamente, mediante a leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” realizada pela ex-obsidiada, penetravam-no fundo, fazendo-o reformular conceitos e modificar disposições íntimas...
O Delegado de Polícia, que continuava à espera de poder ouvir o depoimento da vítima contra o Sr. Marcondes Pereira, o agressor, visitou o enfermo para tomar por termos a queixa-crime contra o desafeto, e, para surpresa geral, o Sr. Mateus esteve à altura da situação. Pediu que tudo fosse esquecido, em considerando a própria leviandade, causadora do acontecimento, pois que ele não pretendia apresentar qualquer acusação. Germinava já naquele terreno, antes sáfaro, a semente do Evangelho Redentor.
O responsável pela ordem saiu agradecido e igualmente feliz com a decisão do Sr. Mateus, em considerando, afinal, os danos não terem sido de grande monta e que o tempo tudo regularizaria.
Dias depois, acompanhado do mesmo Policial, o cidadão Marcondes veio visitar a sua vítima e lhe solicitou escusas, considerando a circunstância de se conhecerem de há muito, conquanto a pouca afinidade espiritual existente entre ambos. Que fossem esquecidos os incidentes lutuosos que poderiam ter culminado na desgraça de dois chefes de família e na consequente desdita dos seus descendentes. Aquilo lhes serviria a ambos de lição preciosa.
Foi com essas noticias alvissareiras que nos reunimos para os trabalhos ordinários de desobsessão, após ouvi-las dos lábios de Dona Rosa e Amália que, serenadas as dificuldades no lar, retomavam os deveres do culto espiritual e da caridade aos desencarnados.
As operações socorristas estavam no término, quando Saturnino, incorporando o médium Morais, teceu algumas considerações em torno dos labores desobsessivos junto aos Soares.
— As nossas palavras de hoje — falou com inflexão de muita ternura e bondade, como lhe era habitual — são dirigidas à irmã Rosa, cujo exemplo de resignação nos comove e nos felicita. Convidada ao resgate em caudaloso rio de sofrimentos, a irmã querida tem sabido honrar a confiança do Senhor. Desde cedo requisitou a bênção da renúncia pessoal, reunindo no lar velhos compromissos que se complicavam e aceitou a incumbência de labutar infatigável até o fim da tarefa, sem desânimo nem rebeldia. É justo que lhe seja conferido o salário pela fidelidade no posto do dever retamente atendido. E o salário do servo devotado é a esperança de melhores horas, com a paz de todos os instantes, para a continuação do empreendimento de luz interior, ao qual se encontra nobremente vinculada.
E desejando, talvez, demonstrar a elevação dos méritos da mãe de Amália, acrescentou:
— Tínhamos em mãos o dilema de como conduzir o Sr. Mateus, em face das dores que pesavam sobre o seu lar e a sua irreverente deslealdade para com os deveres espontâneamente assumidos junto ao altar da família. Logo após o lamentável incidente de que se fez merecedor, reunimo-nos, aqueles que assumimos a responsabilidade do socorro a Mariana e posteriormente à família, para examinar o transcurso das tarefas futuras no seu lar, chegando à conclusão de que o remédio mais eficaz e mais bem aplicado para o nosso irmão seria o de demorada permanência no leito, a fim de que a limitação das forças e o constrangimento da enfermidade lhe pudessem despertar o espírito atormentado para as questões vitais da reencarnação, da imortalidade... Sabemos, por experiência e observação, que os mais calcetas e inveterados adversários da razão, do siso, dos sentimentos espirituais, modificam os conceitos logo se deparam com as perspectivas próximas da desencarnação e, embora não acreditando na continuação da vida, como fazem crer, rogam, desesperados, tempo para refazer o caminho e preparar-se... Assim, concluímos pela hipótese de retê-lo, no leito, dependendo das mãos da família, à queda espetacular e irreversível no despenhadeiro da delinquência para onde marchava sob poderoso comando de insensíveis inimigos com os quais se imantava desde há muito. Dessa forma, após o delíquio no atrito com Marta, igualmente perturbada, recorremos a providencial socorro, aplicando-lhe recursos magnéticos que libertaram a bolha de ar que se alojou em circuito especial do cérebro, gerando a embolia de que foi acometido... Como o Divino Benfeitor dispõe de recursos e terapêutica especializada para todos os problemas e enfermidades, a dor, que agora lhe é mestra e mãe gentil, abre-lhe, também, as portas da compreensão da família e da paz no lar, ajudando-o a descobrir o mundo novo do espírito para a própria felicidade.
Silenciou por breves momentos e, logo depois, prosseguiu:
— Certamente que há muito ainda por fazer. Ele mesmo deverá desatar inúmeros liames a que se deixou prender, na retaguarda. Inclinado, no entanto, a observações mais prudentes e valiosas, poderá refazer muito dos danos antes gerados, iniciando novos cometimentos em prol de si mesmo. Seus verdugos se aquietam na encruzilhada das tramas soezes e aguardam ensejo. Alguns sitiam-no durante os momentos da libertação pelo sono, pois que de mente fortemente fascinada pelas dissipações, por cujos caminhos enveredou, sintoniza livremente com os antigos comparsas e deles recebe sugestões negativas, abundantes, e altas doses de energia deletéria, retornando à organização física acabrunhado, saudoso, rebelde... A providencial e inspirada interferência de Mariana, quando se prontificou à leitura do Evangelho junto ao seu leito, lentamente lhe modifica os painéis mentais, permitindo-lhe deslocar o centro de interesse, antes monoideado pelo jogo, para a elevação dos deveres, fazendo-o considerar a perda de tempo até então e a desvalia das suas aspirações, ante a vida carnal que se extingue com a enfermidade, a idade, o acidente... Impossibilitado de falar com a clareza desejável, não pode reagir nem discutir a temática espírita, e, semi-imobilizado, sente-se constrangido à reflexão dos conceitos ouvidos. Vagarosamente se lhe acalmam os centros desordenados dos raciocínios, impondo-se-lhe necessários novos comentários íntimos sobre as belezas da reencarnação, até então despercebidos...
Concomitantemente, a união da família em torno dos estudos elevados e das meditações salutares granjeia simpatias enobrecidas do Mundo Espiritual e o reduto doméstico se transforma num pouso de refrigério para os lidadores desencarnados afeitos ao bem e, porque não dizer, uma escola viva para aprendizagem, na qual as lições são vidas que se rearmonizam em torno da Excelsa Vida de Jesus.
Frutificam já, nos ramos do arvoredo da fé, as doações do amor e da caridade, transformadas em seiva sadia e produtora.
Quando o Benfeitor silenciou, havia uma saturação de paz e alegria geral, que parecia carreada por mãos invisíveis e poderosas ali presentes.
Dirigiu-se, ainda, generoso e calmo, a alguns outros companheiros, quando, então, os trabalhos da noite foram encerrados.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – O benfeitor Saturnino comentou, através da psicofonia do médium Morais, a estratégia para evitar um desastre de terríveis consequências sobre o Sr. Mateus. Comente-a.

2 – Quais benefícios vieram a partir da leitura sistemática do Evangelho Segundo o Espiritismo junto ao leito do Sr. Mateus?


Bom estudo a todos!!
 Equipe Manoel Philomeno

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