Livro em estudo: Grilhões Partidos – Editora LEAL - 1974
Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo
Pereira Franco
B003 – Prolusão – Obsessor e
obsidiado
PROLUSÃO
2) O obsessor
O Espírito
perseguidor, genericamente denominado obsessor, em verdade é alguém colhido
pela própria aflição. Ex-transeunte do veículo somático, experimentou injunções
que o tornaram revel, fazendo que guardasse nos recessos da alma as aflições
acumuladas, de que não se conseguiu liberar sequer após o decesso celular. Sem
dúvida, vítima de si mesmo, da própria incúria e invigilância, transferiu a
responsabilidade do seu insucesso a outra pessoa que, por circunstância
qualquer, interferiu decerto negativamente na mecânica dos seus malogros, por
ser mais fácil encontrar razões de desdita em mãos de algozes imaginários, a
reconhecer a pesada canga da responsabilidade que deve repousar sobre os ombros
pessoais, como conseqüência das atitudes infelizes a que cada um se faz
solidário. Perdendo a indumentária fisiológica mas, não o uso da razão — embora
normalmente deambulando na névoa da inconsciência, com os centros do
discernimento superior anestesiados pelos vapores das dissipações e loucuras a
que se entregou — imanta-se por processo de sintonia psíquica ao aparente
verdugo, conservando no íntimo as matrizes da culpa, que constituem verdadeiros
“plugs” para a sincronização perfeita entre a mente de quem se crê dilapidado e
a consciência dilapidadora, gerando, então, os pródromos do que mais tarde se
transformará em psicopatia obsessiva, a crescer na direção infamante de
conjugação irreversível.
Ocorrências há, de
agressão violenta, pertinaz, dominadora, pela mesma mecânica psíquica, em que o
enfermo tomba inerme sob a dominação mental e física do subjugador.
Pacientemente
atendidos, nos abençoados trabalhos de desobsessão, nos quais se lhes desperta
a lucidez perturbada, concitando-os ao avanço no rumo da felicidade que supõem
perdida, faculta-se-lhes entender os desígnios sublimes da Criação,
convidando-os a entregarem os que se lhes fizeram razão de sofrimento à
Consciência Universal, de que ninguém se evade, e tratando de reabilitar-se,
eles mesmos, ante as oportunidades ditosas que fluem e refluem através do tempo,
esse grandioso companheiro de todos.
Em outros casos, —
quando a fixação da idéia venenosa produziu dilacerações nos tecidos muito
sutis do perispírito, comprometendo o reequilíbrio que se faria necessário para
a libertação voluntária do processo obsessivo, o que ocorre com freqüência, —
os Instrutores Espirituais, durante o transe psicofônico, operam nos centros
correspondentes da Entidade, produzindo estados de demorada hibernação pela
sonoterapia ou utilizando-se de outros processos não menos eficientes, para
ensejarem a recomposição dos centros lesados, após o que despertam para as
cogitações enobrecedoras.
Na maioria dos
labores de elucidação, podem-se aplicar as técnicas de regressão da memória no
paciente espiritual, fazendo-se que reveja os fatos a que se vincula,
mostrando-lhe a legítima responsabilidade dele mesmo, nos acontecimentos de que
se diz molesto, após o que percebe o erro em que moureja, complicando a
atualidade espiritual que deve ser aproveitada para reparo e ascensão, jamais
para repetições de sandices, pretextos de desídia, ensejos de desgraças...
Obsessores, sim, os
há, transitoriamente, que se entregam àfascinação da maldade, de que se fazem
cultores, enceguecidos e alucinados pelos tormentosos desesperos a que se
permitiram, detendo-se nos eitos de demorada loucura, em que a consciência
açulada pelos propósitos infelizes desvia o rumo das cogitações para reter-se,
apenas, na angulação defeituosa do sicário — verdugo impiedoso de si mesmo —
pois todo o mal sempre termina por infelicitar aquele que lhe presta culto de
subserviência. Tais Entidades — que oportunamente são colhidas pelas sutis
injunções da Lei Divina — governam redutos de sombra e viciação, com sede nas
Regiões Tenebrosas da Erraticidade Inferior, donde se espraiam na direção de
muitos antros de sofrimento e perturbação na Terra, atingindo, também, vezes
muitas, as mentes ociosas, os espíritos calcetas, os renitentes, revoltados,
cômodos e inúteis, por cujo comércio dão início a processos muito graves de
obsessão de longo curso, que se estende em conúbio estreito, cada vez mais
coercitivo, inclusive após a morte física dos tecidos orgânicos, quando o
comensal terreno desencarna.
Reunidos em
magotes, momentaneamente ferozes, se disputam primazia como sói acontecer entre
os homens de instintos primitivos da Terra, nos combates de extermínio, em que
os próprios comparsas se encarregam de autodestruir-se, estimulados por
ambições que culminam na vanglória da ilusão que se acaba, estando sempre
atormentados pelas lucubrações de domínio impossível, face à carência de forças
para se dominarem a si mesmos.
Exibindo multiface
de horror, com que aparvalham aqueles com os quais se homiziam moral e
espiritualmente, acreditam-se, por vezes, tal a aberração a que se entregam,
pequenos deuses em competição de força para assumirem o lugar de Deus. Trazendo
no substrato da consciência as velhas lendas religiosas do Inferno eterno, das
personificações demoníacas e diabólicas, crêem-se tais deidades
irremediavelmente caídas, estertorando, em teimosa crueldade, por assumirlhes
os lugares...
Expressivo número
deles, esses irmãos marginalizados por si mesmos do caminho redentor — que são,
todavia, inconscientes instrumentos da Justiça Divina, que ignoram e pensam
desrespeitar — obsidiam outros desencarnados que se convertem em obsessores, a
seu turno, dos viajantes terrenos, em processo muito complexo de convivência e
exploração físio-psíquica.
Todos, porém, todos
eles, nossos irmãos da retaguarda espiritual, — onde possivelmente já estivemos
também, — são necessitados de compaixão e misericórdia, de intercessão pela
prece e oferenda dos pensamentos salutares de todos os que se encontram nas
lídimas colméias espiritistas de socorro desobsessivo, ofertando-lhes o pábulo
da renovação e a rota luminescente para a nova marcha, como claro sol de
discernimento íntimo para a libertação dos gravames sob os quais expungem os
erros em que incidiram.
3) O obsidiado
Somente há
obsidiados e obsessões porque há endívidados espirituais, facultando a urgência
da reparação das dívidas.
Todo problema,
pois, de obsessão, redunda em problema de moralidade, em cuja realização o
Espírito se permitiu enredar, por desrespeito ético, legal, espiritual. Como
ninguém se libera da conjuntura da consciência culpada, já que onde esteja o
devedor aí se encontram a dívida e, logo depois, o cobrador. É da lei!
No fulcro de toda
obsessão estão inerentes os impositivos do reajustamento entre devedor e
cobrador. Indubitavelmente o Estatuto Divino dispõe de muitos meios para
alcançar os que lhe estão incursos nos códigos soberanos. Não é, portanto,
condição única de que o defraudador seja sempre defrontado pelo fraudado, que
lhe aplicará o necessário corretivo. Se assim fora, inverter-se-ia a ordem
natural, e o círculo repetitivo das injunções de dívida-cobrança-dívida
culminaria pela desagregação do equilíbrio moral entre os Espíritos.
Como todo atentado
é sempre dirigido à ordem geral, embora através dos que estão mais próximos dos
agressores, à ordem mesma são convocados os transgressores. Normalmente, porém,
graças às condições que facultam ligações recíprocas entre os envolvidos na
trama das dívidas, estes retornam ao mesmo sítio, reencontram-se, para que,
através do perdão e do amor, refaçam a estrada interrompida, oferecendo-se reciprocamente
recursos de reparação para a felicidade de ambos. Porque transitam nas
emanações primitivas que lhes parecem mais agradáveis, facultam-se perturbar,
enredando-se na idéia falsa de procurar aplicar a própria justiça, em face do
que, infalivelmente, caem, necessitados, por sua vez, da Justiça Divina.
Quando o Espírito é
encaminhado à reencarnação traz, em forma de “matrizes” vigorosas no
perispírito, o de que necessita para a evolução.
Imprimem-se, então,
tais fulcros nos tecidos em formação da estrutura material de que se utilizará
para as provações e expiações necessárias. Se se volta para o bem e adquire
títulos de valor moral, desarticula os condicionamentos que lhe são impostos
para o sofrimento e restabelece a harmonia nos centros psicossomáticos, que
passam, então, a gerar novas vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem
no corpo físico em forma de saúde, de paz, de júbilo.
Se, todavia, por
indiferença ou por prazer, jornadeia na frivolidade ou se encontra adormecido
na indolência, no momento próprio desperta automaticamente o mecanismo de
advertência, desorganizando-lhe a saúde e surgindo, por sintonia psíquica, em
conseqüência do desajustamento molecular no corpo físico, as condições
favoráveis a que os germens-vacina que se encontram no organismo proliferem,
dando lugar às enfermidades desta ou daquela natureza. Outras vezes, como os
recursos trazidos para a reencarnação, em forma de energia vitalizadora, não
foram renovados, ou, pelo contrário, foram gastos em exagèros, explodem as reservas
e, pela queda vibratória, que atira o invigilante noutra faixa de evolução, a
sintonia com Entidades viciadas, perseguidoras e perversas, se faz mais fácil,
dando início aos demorados processos obsessivos. No caso de outras enfermidades
mentais, a distonia que tem início desde os primórdios da reencarnação vai, a
pouco e pouco, desgastando os depósitos de forças específicas e predispondo o
para a crise que dá início à neurose, à psicose ou às múltiplas formas de
desequilíbrio que passa a sofrer, no corredor cruel e estreito da loucura.
Através de
experiências realizadas pelo dr. Ladislaus von Meduna, no Centro Interacadêmico
de Pesquisas Psiquiátricas de Budapeste, foram constatadas diferenças
fundamentais entre os cérebros dos epilépticos e dos esquizofrênicos,
verificando-se que a presença de uma dessas enfermidades constitui impedimento
à presença da outra. Assim, desde o berço, o espírito imprime no encéfalo as
condições cármicas, para o resgate das dívidas perante a Consciência Cósmica,
podendo, sem dúvida, a esforço de renovação interior —já que do interior
procedem as condições boas e más da existência física e mental — recompor as
paisagens celulares onde se manifestam os impositivos reabilitadores, exceção
feita às problemáticas expiatórias..
Quando a loucura se
alastra em alguém, é que o próprio espírito possui os requisitos que lhe
facultam a manifestação. A predisposição a este ou àquele estado é-lhe
inerente, e os fatores externos, que a fazem irromper, tais os traumatismos
morais de vária nomenclatura, os complexos, bem como os recalques já se
encontram em gérmen, na constituição fisiológica ou psicológica do indivíduo, a
fim de que o cumprimento do dever, em toda a sua plenitude, se faça
impostergável. Há, sem dúvida, outros e mais complexos fatores causais da
loucura, todos, porém, englobados nas “leis de causa e efeito”.
Daí a excelência
dos ensinos cristãos consubstanciados na Doutrina dos Espíritos e vazados na
mais eloqüente psicoterapia preventiva, mediante os conceitos otimistas, valiosos,
conclamando à harmonia e à cordialidade, do que decorrem conseqüentemente,
equilíbrio e renovação naquele que os vive, em cuja experiência realiza o
objetivo essencial da reencarnação: produzir para a felicidade!
No que diz respeito
ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da
própria cura. É óbvio que, para lográ-la, necessita do concurso do cireneu da
caridade que o ajude sob a cruz do sofrimento, através da diretriz de segurança
e esclarecimento que o desperte para maior e melhor visão das coisas e da vida,
em cujo curso se encontra progredindo. Não se transfere, por tanto, para os
passistas, doutrinadores e médiuns, a total responsabilidade dos resultados,
nos tratamentos das obsessões. Ë certo que ocorrem amiúde curas temporárias,
recuperações imediatas sem o concurso do enfermo. Sem dúvida são concessões de
acréscimo da Divindade. O problema, porém, retomará mais tarde, quando o
devedor menos o espere, já que, a esse tempo, deverá estar melhor preparado
para fazer o seu reajustamento moral e espiritual com a Lei Divina.
Esclareça-se,
portanto, o portador das obsessões, mesmo aquele que se encontra no estágio
mais grave da subjugação, através de mensagens esclarecedoras ao subconsciente,
pela doutrinação eficaz, conclamando-o ao despertamento, do que dependerá sua
renovação. Por outro lado doutrine-se o invasor, o parasita espiritual;
entrementes, elucide-se o hospedeiro, o suporte da invasão, de modo que ele
ofereça valores compensadores, eleve-se moral e espiritualmente, a fim de
alcançar maior círculo de vibração, com que se erguerá acima e além das
conjunturas, podendo, melhormente, ajudar-se e ajudar aqueles que deixou na
estrada do sofrimento, marchando com eles na condição de irmão reconhecido e
generoso, portador das bênçãos da saúde e da esperança.
QUESTÕES PARA ESTUDO
1 – Da leitura do texto, quem é o
obsessor e quem é o obsidiado?
2 – Sobre o que se estabelece a
sintonia psíquica nas obsessões?
3 – De que modo um transtorno
obsessivo pode se transformar em um estado de loucura?
4 - Enviem dúvidas e comentários!
Bom estudo a todos!!
Equipe Manoel Philomeno
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