quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Menina de 11 anos que sobreviveu a câncer no cérebro se mata por sofrer bullying na escola

Americana Bethany Thompson, do estado de Ohio, estava na sexta série

Por Crescer online

Bethany Thompson era uma criança como qualquer outra, a não ser por um fato incrível: lutou contra um câncer no cérebro quando tinha apenas 3 anos de idade e sobreviveu. A cirurgia que retirou o tumor foi um sucesso, mas deixou uma pequena sequela em seu rosto: a boca ficou levemente repuxada para a direita.
Isso foi suficiente para ela se tornar alvo de comentários maldosos de outras crianças na escola. Em entrevista à revista americana Time, a mãe, Wendy Feucht, contou que a filha sofreu um bullying implacável durante o ano todo. “Havia garotos na escola que eram incansáveis. Faziam de tudo para deixá-la fora de si. Ela costumava reagir, embora ficasse triste. Mas chegou a um ponto em que não conseguiu mais ignorar e fez o que fez”, relata a mulher. Bethany tirou a própria vida com um tiro no último dia 19. Até agora, não se conhece a origem da arma.
O fato, chocante e triste, traz dois alertas a todos os pais e mães: o primeiro deles é estar atento às mudanças de comportamento dos filhos e buscar ajuda profissional sempre que necessário. Se você reparar que a criança começou a apresentar alterações bruscas de humor, está distante, calada e triste, tente conversar para entender o que ela está sentindo. Se os pais notam que não estão conseguindo ajudar, é válido contar com um psicólogo.
O segundo alerta é igualmente importante: desde sempre, fale com o seu filho sobre o respeito às diferenças. Ensine sobre diversidade e tolerância. Essas lições, quando assimiladas desde cedo, formam pessoas mais empáticas e sensíveis à dor do outro – além, é claro, de evitar comportamentos agressivos, como o bullying.
Notícia publicada na Revista Crescer, em 2 de novembro de 2016.

Jorge Hessen* comenta

Como vimos na reportagem, Bethany Thompson lutou contra um câncer no cérebro quando tinha apenas 3 anos de idade e sobreviveu. A cirurgia que retirou o tumor foi um sucesso, mas deixou uma pequena sequela em seu rosto: a boca ficou levemente repuxada para a direita. Por causa disso, Bethany, com 11 anos de idade, sofria bullying implacável na escola, até que chegou a um ponto em que não suportou mais e tirou a própria vida com um tiro. Caso semelhante ocorreu no Colégio Holy Angels Catholic Academy, em Nova York, Estados Unidos. Aí estudava Daniel Fitzpatrick, um aluno de 13 anos, que estava sofrendo bullying. Resultado! Daniel acabou se suicidando. Deixou uma carta de despedida e dentre outros bramidos de dor moral escreveu: "Eu desisto"! Disse ainda que os seus colegas da escola o atormentavam há muito tempo e a direção do colégio não fazia nada a respeito, mesmo após ele e os seus pais terem feito uma reclamação formal. A resposta do Holy Angels teria sido: "Calma! tudo vai ficar bem. É só uma fase, vai passar."
Como esquecermos a chacina na Escola Municipal Tasso da Silveira, de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em que meninos e meninas ficaram irmanados num trágico destino! Suas vidas foram prematuramente ceifadas num episódio de insonhável bestialidade. O assassino, Wellington Menezes de Oliveira, embora com a mente arruinada e razão obliterada, fez sua opção de atirar contra os alunos que o incomodavam. Numa fita gravada, Wellington alegou ter sofrido bullying, anos antes, na mesma escola; neste caso, houve uma reação violentíssima.
O bullying é uma epidemia psicossocial e pode ter consequências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo, pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade.
Os fatos, chocantes e tristes, trazem dois alertas a todos os pais e mães: o primeiro deles é estar atento às mudanças de comportamento dos filhos e buscar ajuda profissional sempre que necessário. O segundo alerta é falar com o filho sobre o respeito às diferenças. Ensinar sobre diversidade e tolerância. Essas lições, quando assimiladas desde cedo, formam pessoas mais empáticas e sensíveis à dor do outro – além, é claro, de evitar comportamentos agressivos, como o bullying.
Urge estabelecer limites aos nossos filhos. Desde os primeiros anos, devemos ensiná-los a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto as más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo amando-os, independentemente de como se situam na escala evolutiva.
Crianças as quais são criadas dentro de padrões de liberalidade excessiva, sem limites, sem noções de responsabilidade, sem disciplina, sem religião e muitas vezes sem amor serão aquelas com maior tendência aos comportamentos agressivos, tais como o bullying, pois foram mal-acostumadas e por isso esperam que todos façam as suas vontades e atendam sempre às suas ordens.
Por isso mesmo, importa  ensinar à criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois a infância é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. A criança livre é a semente do malfeitor. A própria reencarnação se constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo.

* Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados

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