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EESE – Cap. XXIV – Itens 1 a 7
Tema: Candeia sob o alqueire. Porque fala Jesus por parábolas
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A - Texto de Apoio:
Candeia sob o alqueire. Porque fala Jesus por parábolas
1. Ninguém acende uma
candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre o
candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa. (S. MATEUS, cap.
V, v.15.)
2. Ninguém há que, depois
de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama;
põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; - pois nada
há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser
conhecido e de aparecer publicamente. (S. LUCAS, cap. VIII, vv. 16 e 17.)
3. Aproximando-se,
disseram-lhe os discípulos: Por que lhes falas por parábolas? -
Respondendo-lhes, disse ele: É porque, a vós outros, foi dado conhecer os
mistérios do reino dos céus; mas, a eles, isso não lhes foi dado (1). Porque,
àquele que já tem, mais se lhe dará e ele ficará na abundância; àquele,
entretanto, que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará. - Falo-lhes por
parábolas, porque, vendo, não veem e, ouvindo, não escutam e não compreendem.
-E neles se cumprirá a profecia de Isaías, que diz: Ouvireis com os vossos
ouvidos e não escutareis; olhareis com os vossos olhos e não vereis. Porque, o
coração deste povo se tornou pesado, e seus ouvidos se tornaram surdos e
fecharam os olhos para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, para
que seu coração não compreenda e para que, tendo-se convertido, eu não os cure.
(S. MATEUS, cap. XIII, vv. 10 a 15.)
(1) No original francês
falta o versículo 12 que aqui repomos. - A Editora da FEB, em 1948.
4. É de causar admiração diga
Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando ele próprio
constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem
todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos:
"Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender
certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil
tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi
compreender estes mistérios." Procedia, portanto, com o povo, como se faz
com crianças cujas ideias ainda se não desenvolveram. Desse modo, indica o
verdadeiro sentido da sentença: "Não se deve pôr a candeia debaixo do
alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entrem a possam
ver." Tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente
todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcionado à inteligência daquele
a quem se queira instruir, porquanto há pessoas a quem uma luz por demais viva
deslumbraria, sem as esclarecer.
Dá-se com os homens, em geral, o
que se dá em particular com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua
juventude e sua maturidade. Cada coisa tem de vir na época própria; a semente
lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda
calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque, chegados a certo
grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes
a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem e se
guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre
sua fé. E então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto
que, sem a luz da razão, desfalece a fé. (Cap. XIX, nº 7.)
5. Se, pois, em sua previdente
sabedoria, a Providência só gradualmente revela as verdades, é claro que as
desvenda à proporção que a Humanidade se vai mostrando amadurecida para as
receber. Ela as mantém de reserva e não sob o alqueire. Os homens, porém, que
entram a possuí-las, quase sempre as ocultam do vulgo com o intento de o
dominarem. São esses os que, verdadeiramente, colocam a luz debaixo do
alqueire. É por isso que todas as religiões têm tido seus mistérios, cujo exame
proíbem. Mas, ao passo que essas religiões iam ficando para trás, a Ciência e a
inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. Havendo-se tornado adulto,
o vulgo entendeu de penetrar o fundo das coisas e eliminou de sua fé o que era
contrário à observação.
Não podem existir mistérios
absolutos e Jesus está com a razão quando diz que nada há secreto que não venha
a ser conhecido. Tudo o que se acha oculto será descoberto um dia e o que o
homem ainda não pode compreender lhe será sucessivamente desvendado, em mundos
mais adiantados, quando se houver purificado. Aqui na Terra, ele ainda se
encontra em pleno nevoeiro.
6. Pergunta-se: que proveito
podia o povo tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido se lhe conservava
impenetrável? E de notar-se que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre
as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade
para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que
disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambiguidade alguma.
Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de
compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante,
à qual ele se limitava a dizer: "Eis o que é preciso se faça para ganhar o
reino dos céus." Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia
o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente,
Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver
dito: Aos que já têm, ainda mais se dará. (Cap. XVIII, nº 15.)
Entretanto, mesmo com os
apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa
inteligência ficava reservada a ulteriores tempos. Foram esses pontos que deram
ensejo a tão diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o
Espiritismo, de outro, revelassem as novas leis da Natureza, que lhes tornaram
perceptível o verdadeiro sentido.
7. O Espiritismo, hoje, projeta
luz sobre uma imensidade de pontos obscuros; não a lança, porém,
inconsideradamente. Com admirável prudência se conduzem os Espíritos, ao darem
suas instruções. Só gradual e sucessivamente consideraram as diversas partes já
conhecidas da Doutrina, deixando as outras partes para serem reveladas à medida
que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem
apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de
pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se
achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua
propagação. Se, pois, os Espíritos ainda não dizem tudo ostensivamente, não é
porque haja na Doutrina mistérios em que só alguns privilegiados possam
penetrar, nem porque eles coloquem a lâmpada debaixo do alqueire; é porque cada
coisa tem de vir no momento oportuno. Eles dão a cada ideia tempo para
amadurecer e propagar-se, antes que apresentem outra, e aos
acontecimentos o de preparar a aceitação dessa outra.
B - Questões para
estudo e diálogo virtual:
1
- Qual o sentido da frase: "... não se acende uma candeia para pô-la
debaixo do alqueire"?
2
- O que devemos entender por "... àquele que já tem, mais lhe será dado...
àquele que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará"?
3
- Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.
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