sexta-feira, 8 de junho de 2018

"Vida é mais bonita do que era nas drogas", diz jovem que arrancou os olhos

Da Universa, em São Paulo

A americana Kaylee Muthart, de apenas 20 anos, voltou para casa nessa semana depois de passar quase um mês em hospitais e clínicas psiquiátricas. A jovem deu entrada no Greenville Memorial Hospital no dia 6 de fevereiro deste ano, após ser encontrada arrancando os próprios olhos do lado de fora de uma igreja na cidade de Anderson, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos.
O incidente ocorreu quando a jovem estava sob efeito de metanfetamina, droga altamente viciante que pode induzir a comportamentos psicóticos. À "PEOPLE", ela contou que experimentou a droga pela primeira vez influenciada por um colega de trabalho. "Eu fiz um vídeo de mim mesma quando usei metanfetamina, eu fiquei acordada por três dias seguidos. Por fim, fui levada para casa, fiquei sóbria e assisti aos vídeos. Então decidi que tiraria essa pessoa da minha vida e parei de usar a droga".

Vozes e alucinações

Depois de um período sem usar, Kaylee voltou a consumir metanfetamina porque sentiu-se sozinha e isolada. Na manhã do dia 6 de fevereiro, ela conta que teve uma alucinação que distorceu sua percepção de seu relacionamento com Deus e a levou ao terreno de uma igreja em sua cidade. "Eu pensei que todas as pessoas que já morreram estavam presas em suas covas, que Deus estava sozinho no céu, e que eu tinha que sacrificar alguma coisa importante para poder libertar todo mundo", contou.
"Foi assustador. Eu não entendia o que Deus queria de mim, mas fui tomada por um senso de justiça e senti que eu teria que ser a pessoa a fazer aquilo", lembra. "E fiquei feliz em fazê-lo, porque sempre tive um grande coração e ninguém nunca me deu esse amor de volta".
À medida que ela se aproximava da igreja, sentia que o tempo estava se esgotando, então ela fez seu "sacrifício". "Eu comecei puxar meus olhos para fora com as minhas mãos, então os torci e arranquei", conta. Ela foi encontrada por um pastor, e disse que pediu a ele que rezasse por ela.
Quando Katy Tompkins, mãe de Kaylee, chegou ao hospital, recebeu a notícia que sua filha tinha ficado cega.
Já em casa, a jovem conta que está aprendendo a viver sem a visão, mas está tranquila. "É a mesma vida, mas eu estou aprendendo tudo de uma nova maneira. A vida é mais bonita agora do que era quando eu estava nas drogas. Era um mundo horrível para se viver", disse.
Aos poucos, ela está tentando se reconectar com a sua fé e tem se surpreendido com a nova maneira como "vê" o mundo. "Às vezes eu esqueço que sou cega porque eu sei o que tem ao meu redor. Eu sei como é a casa da minha mãe, por exemplo. Você ainda enxerga, mas não com os olhos. É difícil explicar porque nem eu entendo ainda".
"Eu finalmente posso ser a Kaylee de novo, assim como era 10 anos atrás. Apenas melhor", finaliza.
Notícia publicada na Universa, em 10 de março de 2018.

Glória Alves* comenta


Kaylee precisou sofrer com a perda da visão física para poder valorizar a vida, a sua saúde como a recebeu de Deus, e conforme ela mesma diz: “A vida é mais bonita agora do que era quando eu estava nas drogas; finalmente posso ser a Kaylee de novo, assim como era 10 anos atrás. Apenas melhor”. Esse caso, como outros tantos que nos chegam pela mídia, em nossas próprias famílias, ou ainda em nossa vida de relação profissional, são casos de adolescentes, meninos e meninas, jovens que se perdem num labirinto sombrio, almas sem rumo, sem um sentido para as suas vidas, oscilando entre a angústia e o tédio.
O que vai na alma desses jovens? Por que chegam ao ponto de se mutilarem, de se suicidarem, sem dar chance à vida de mostrar que tudo pode ser melhor, diferente? Kaylee se sentia sozinha e isolada, e diz que sempre teve um grande coração e que ninguém nunca lhe deu esse amor de volta.
Amor, eis toda a questão da Humanidade terrestre. A resposta a todas as perguntas, a chave que abre o coração daqueles que como Kaylee se drogam, se matam e não veem um significado para as suas vidas. O amor é dádiva divina, é dom e não se cobra, vive-se. Conforme nos ensina o Mestre Incomparável de nossa vida, quando interrogado por um doutor da lei sobre o maior mandamento da lei de Moisés, que devemos amar a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todo o nosso espírito, esse é o maior, o primeiro de todos os mandamentos, mas Jesus nos dá um segundo, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos.
Esse é o ponto crucial; quando me respeito, quando me amo, procuro fazer o melhor para mim, e dessa maneira devo fazer ao outro, respeitando e desejando o melhor para ele também. Ora, ninguém se maltrata, se fere, quando entende que isso lhe prejudicará.
O uso das drogas, seja ela qual for, lícitas, substâncias naturais ou sintéticas que possuem a capacidade de alterar o comportamento do indivíduo e cuja produção, distribuição e consumo é permitida por lei, como o álcool, o cigarro e os medicamentos... No caso do álcool, vemos através da própria mídia que o incentiva, pois o dinheiro fala mais alto e cada um que se cuide, cada vez mais vem sendo consumido pela população mundial, principalmente pelos jovens, que experimentam a bebida cada vez mais cedo, e muitas vezes com o incentivo dos próprios pais, quando molham o dedo no líquido e dão aos pequenos, e acham engraçado. E quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior é a possibilidade de se tornar dependente.
E as drogas ilícitas, substâncias em que a produção, comercialização e consumo são proibidos por lei... No caso de Kaylee, ela usou metanfetamina, o cristal devastador, droga altamente viciante que pode induzir a comportamentos psicóticos. Um pequeno comprimido que provoca uma explosão, uma euforia extrema, agitação e movimentos repetitivos, deixa o usuário acordado até 30 horas, conforme a jovem narra, “eu fiquei acordada por três dias seguidos”.
Falávamos do amor; hoje, com a vida corrida que muitos de nós levamos, pais que saem pela manhã para suas atividades profissionais, enquanto os filhos, uns vão para a escola e outros para a universidade, outros ainda em idade de trabalhar saem apressados para pegar a condução. No final do dia todos retornam à casa, ao lar, é nesse momento, quando estamos juntos, que é bom aproveitar a presença de todos para uma conversa, trocar abraços, beijos, dizer "eu te amo meu filho", "eu te amo meu pai, minha mãe". Em quantos lares isso acontece?
O diálogo é muito importante entre os membros da família, pois é nesse núcleo, nessa pequena sociedade, que Deus, em sua Infinita Sabedoria, nos colocou para aprendermos a amar. Me aproximando do meu filho posso perceber que algo não está bem; eu conheço meu filho, há algo acontecendo, e vou conversar com ele, buscar estar ao lado e me colocar como o principal amigo.
Quais são e onde se encontram os verdadeiros amigos de nossos filhos? Os pais devem estar ao lado de seus filhos, não importa se os pais estão casados ou divorciados, continuam pais; não há ex-pais! Pai e mãe é para sempre.
Muitas vezes cada um se recolhe ao seu ambiente, ou melhor ao seu celular; cansados, após o jantar ou lanche, vão dormir, e assim sucessivamente durante os 365 dias do ano. Os pais conhecem seus filhos, sabem seus gostos, quais são suas aflições? Quem são seus amigos, seus ídolos? Como estão na escola? E os filhos, por sua vez, o que pensam dos pais?
“Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pelo caminho do bem”.(1) É uma missão, um dever que muitos descuram, pois se preocupam muito mais em cuidar e de “aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho”.(2) “Os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.”(3) Todavia, não são responsáveis se apesar de todos os cuidados os filhos enveredarem pela senda do mal.
Portanto, o lar é o grande formador do caráter do educando; além dos pais, os educadores são responsáveis pela educação das crianças e jovens; não falamos aqui da educação intelectual, educação acadêmica, mas a educação moral. “Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, àquela que cria hábitos, uma vez que a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.”(4) “Aquela que trabalha a inteligência e a emoção, os hábitos e as aspirações, o ser integral, que é de duração eterna.”(5)
Somos Espíritos Imortais, trazemos em nossas bagagens as nossas histórias, todo um passado de muitos erros, conflitos, enganos, de lutas, mas também de acertos... E a reencarnação é essa porta aberta que o Supremo Criador deixa ao Espírito, a fim de que possa passo a passo ir se libertando dos “resquícios e sequelas decorrentes do trânsito por onde peregrinou, sendo indispensável incutir-lhe ensinamentos cujas estruturas transcendem às ambições do gozo e do egoísmo, numa concepção humanista a princípio, humanitária depois, conforme compreende a educação moral”.(6)
Juntamente com o amor, essa contribuição moral formará pessoas de hábitos e sentimentos disciplinados, de comportamentos saudáveis, que envolverão todos os familiares e se propagarão a toda sociedade.
“As drogas liberam componentes tóxicos que impregnam as delicadas engrenagens do perispírito, atingindo-o por largo tempo. Muitas vezes, esse modelador de formas imprime nas futuras organizações fisiológicas lesões e mutilações que são o resultado dos tóxicos de que se encharcou em existência pregressa. (...) Além de facilitar obsessões cruéis, atingem os mecanismos da memória, bloqueando os seus arquivos e se imiscuem nas sinapses cerebrais, respondendo por danos irreparáveis.”(7)
O autoamor, respeito a si mesmo e direito à vida, à felicidade que o indivíduo tem e merece... Trata-se de um amor preservador da paz, do culto aos hábitos sadios e dos cuidados morais, espirituais e intelectuais para consigo mesmo. O autoamor proporciona uma visão mais clara de quem se é, do que se deseja e do que não se deseja para si.
Kaylee diz em sua entrevista: “Sempre tive um grande coração e ninguém nunca me deu esse amor de volta.” E alucinada pela ação da metanfetamina: “Comecei a puxar meus olhos para fora com as minhas mãos, então os torci e arranquei.”
“A vida é mais bonita agora do que era quando eu estava nas drogas. Era um mundo horrível para se viver, eu finalmente posso ser a Kaylee de novo, assim como era 10 anos atrás. Apenas melhor.”
"Ninguém dilapida os dons de Deus, permanecendo livre da reparação."(8)

Bibliografia:

(1) “O Livro dos Espíritos” - Allan Kardec - Q. 582;
(2) Idem (1);
(3) Idem (1) - Q. 208;
(4) Idem (1) - Q. 685 (a) - comentário de Allan Kardec;
(5) “Dias Gloriosos” - Espírito Joanna de Ângelis - Divaldo Franco - Cap. 26;
(6) Idem (5);
(7) “Nas Fronteiras da Loucura” - Manoel P. de Miranda - Divaldo Franco - cap. 11 - Efeitos das Drogas;
(8) Idem (7).
* Glória Alves nasceu em 1º de agosto de 1956, na cidade do Rio de Janeiro. Bacharel e licenciada em Física. É espírita e trabalhadora do Grupo Espírita Auta de Souza (GEAS). Colaboradora do Espiritismo.net no Serviço de Atendimento Fraterno off-line e estudos das Obras de André Luiz, no Paltalk

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