quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A "lei seca" e o direito à liberdade

A "lei seca" e o direito à liberdade

Sergio Rodrigues

Recente lei decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República vem causando polêmica na sociedade. Trata-se da lei que altera o Código Nacional de Trânsito, proibindo o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor e estabelecendo sanções para o seu descumprimento. Não vamos emitir juízo de valor quanto ao acerto ou não da medida nem se a proibição deve ser absoluta ou relativa, pois isto fugiria aos objetivos desta publicação. O que gostaríamos de refletir é sobre a necessidade ainda presente de sermos tutelados pela legislação humana, no que concerne a algo que, à primeira vista, de tão óbvio, deveria ser regulado apenas pelo bom senso: a incompatibilidade entre o consumo de alcoólicos e a condução de veículo automotor.

Por que ainda precisamos que o poder público venha intervir numa questão que a nossa própria consciência deveria ser suficiente para ditar o que devemos ou não fazer? Os Espíritos ensinam que unicamente as Leis Naturais bastariam para reger a sociedade, desde que todos as compreendessem e quisessem praticá-las. Quando isto acontecer, as Leis Naturais serão suficientes para regularem as relações entre os homens. Por enquanto, como espíritos ainda imperfeitos, mais próximos do começo da caminhada do que da nossa destinação, que é a condição de espíritos puros, inteiramente depurados e com a evolução concluída, ainda estamos sujeitos a desvios de conduta, precisando de leis severas para colocarem um freio nos desmandos de alguns.

Para que possamos prescindir de dispositivos coercitivos tão rigorosos como este é indispensável que, através da educação, o homem se reforme. Quanto menos evoluídos forem os espíritos que formam uma sociedade, mais duras haverão de ser as leis que regem as relações entre eles. A Lei Natural é perfeita, imutável e existe desde sempre, como o Criador. Mas a legislação humana é temporal e progressiva. Modifica-se naturalmente, pela força do progresso, que cria novas necessidades e faz com que o homem tenha que adaptá-la à nova condição social que ocupa. O Espiritismo mostra que o progresso é lei da natureza e sua ação se faz sentir em todo o Universo. O homem pode criar-lhe embaraços e atrasá-lo, porém não frustrá-lo nem impedí-lo. A legislação humana não foge a esse determinismo divino e vai se adaptando ao progresso realizado.

Nesse estágio de evolução em que nos encontramos, o egoísmo ainda está fortemente presente, fazendo com que alguns não percebam que o homem não pode gozar de uma liberdade absoluta. Há direitos recíprocos que lhe cumpre respeitar. À legislação humana cabe zelar pelo respeito a esses direitos, estabelecendo o limite que deve ser observado por cada indivíduo no uso de sua liberdade. O homem goza de liberdade absoluta apenas quanto ao pensamento e à consciência, aos quais não se pode opor embaraços. Em tudo o mais, de uma ou de outra maneira, a liberdade é relativa, desde que juntos estejam dois ou mais homens.

À medida que o processo civilizatório for avançando, alguns males gerados pelo egoísmo, pela ambição e pelo orgulho deixarão de existir e o progresso moral prevalecerá. Quando os valores morais sobrepujarem os materiais, o homem poderá gozar do  direito à liberdade de modo mais amplo e com menos restrições. Combatendo o homem suas más tendências através da educação, a legislação humana acompanhará esse progresso, tornando-se mais branda e menos punitiva, pois haverá um maior discernimento quanto ao que podemos ou não fazer. A Terra é o educandário que a misericórdia divina nos oferece para que possamos operar essa transformação. Por enquanto, havemos de admitir que, apesar de seu caráter restritivo ao direito de liberdade, não podemos prescindir de leis semelhantes à acima citada, necessárias para frearem essas más tendências que ainda trazemos em nosso íntimo.

Sergio Rodrigues

Mensagem: Carta de Ano Novo

papelembrancoCarta de Ano Novo

Ano Novo é também oportunidade de aprender, trabalhar e servir. O tempo como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno, é novo dia a convocar-te para a execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir.

Se tens inimigos faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita esquece-a e procura a alegria serena da consciência tranquila no dever bem cumprido.

Ano Novo! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.

Não maldigas nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: - Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.

Pelo Espírito Emmanuel

XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Caminho. Espíritos Diversos. GEEM.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mural reflexivo: sobre anjos

vovodesencSobre anjos

A palavra anjo desperta geralmente a ideia da perfeição moral.

É, frequentemente, aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se o bom e o mau anjo, o anjo da luz e o anjo das trevas.

Na Bíblia encontra-se muito este termo. Às vezes, com o sentido de criaturas humanas exercendo a função de mensageiros, embaixadores, profetas.

O uso mais frequente se aplica a criaturas já existentes antes da criação do mundo, mas igualmente criadas por Deus.

Distinguem-se do homem pela superioridade da inteligência, sabedoria e poder.

Alguns críticos julgam ser influência dos povos vizinhos a Israel, sobretudo a Pérsia, a ideia de anjos substituindo os deuses.

É assim que eles aparecem, em descrições bíblicas, falando aos homens na forma e linguagem humana. E são mostrados com graus hierárquicos entre si.

Observa-se que, no Novo Testamento, as referências aos anjos são menos frequentes do que no Antigo Testamento.

A existência de seres humanos exercendo as funções de mensageiros da Divindade aos homens é admitida como realidade entre religiões não bíblicas, também.

É assim que vemos descrições de anjos no maometismo, nas mitologias gregas e orientais e em algumas formas do budismo.

O Corão é extraordinariamente rico em referências aos anjos.

A Doutrina Espírita ensina que os anjos são seres criados como todos os Espíritos.

Por já terem percorrido todos os graus e reunirem em si todas as perfeições, se tornaram Espíritos puros.

Como existem Espíritos dessa categoria, muito anteriores ao homem, este acreditou que eles haviam sido criados assim, perfeitos.

Entre os anjos, existem aqueles que se dedicam a proteger: são os anjos da guarda.

São sempre superiores ao homem. Estão ali para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a montanha escarpada do progresso.

São amigos mais firmes e mais devotados do que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra.

Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao lado dos homens. Ali estão por Seu amor.

Cumprem junto aos homens uma bela mas, ao mesmo tempo, penosa missão.

Seja nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, eles se encontram ao lado dos seus protegidos.

É deles que a nossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Eles nos auxiliam nos momentos de crise.

Para os que pensam ser impossível os Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, é bom lembrar que eles nos influenciam a milhões de léguas de distância.

Para eles, o espaço não existe. Podem estar vivendo em outros mundos e conservar a ligação com os seus protegidos.

Gozam de faculdades que não podemos compreender.

Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho.

Sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

O anjo da guarda é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte. Frequentemente o segue depois da morte e mesmo através de numerosas existências corpóreas.

Para o Espírito imortal, essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida.

* * *

Foi Gregório Magno o primeiro a introduzir a concepção da angelologia na teologia cristã no Ocidente.

Surgiram assim, além dos anjos e arcanjos, duas outras classes: a dos querubins e serafins, jamais mencionadas em toda a Bíblia como seres angelicais.

No Novo Testamento, os anjos são apresentados como sujeitos a Cristo, o Espírito perfeito.

Redação do Momento Espírita com base nos itens 128 a 130 e 489 a 495 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Anjo, da Enciclopédia Mirador, v. 2, ed.Enclyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Você sabia?!

 

Você sabia...

Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes, isto é, sem saber.

Os Espíritos, conhecidos popularmente como anjos, são, em verdade, os que já muito progrediram por seu próprio esforço e trabalho no bem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Estudo dirigido: O Evangelho segundo o Espiritismo

------------------------------------------------------------------------------------------
EESE – Cap. VII – Itens 11 a 13
Tema:   O orgulho e a humildade
            Missão do homem inteligente na Terra
-----------------------------------------------------------------------------------------

A - Texto de Apoio:

O orgulho e a humildade

11. Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho para encorajar-vos a seguir o bom caminho.

Aos pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede: a de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tomar compreensível a minha palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance de todos! Oh! vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos vossos olhos!

A humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos dAquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os profetas.

O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas deferidas aos seus méritos e se consideram de essência mais pura do que a do pobre. Julgam que os títulos e as riquezas lhes são deferidas; pelo que, quando Deus lhos retira, o acusam de injustiça. Oh! irrisão e cegueira! Pois, então, Deus vos distingue pelos corpos? O envoltório do pobre não é o mesmo que o do rico? Terá o Criador feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio; não lhe atribuais nunca as ideias que os vossos cérebros orgulhosos engendram.

Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. "Pois quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudofilósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?" E exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! lança sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh! quanto então te lamento, pois bem digno de compaixão serás.

Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes. Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que tem seus títulos de nobreza.

Pobre criatura! és mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; tem fome, e tu vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para lhes conseguires um pedaço de pão! Oh! inclino-me diante de ti. Quão nobremente santa és e quão grande aos meus olhos! Espera e ora; a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que nele confiam, concede Deus o reino dos céus.

E tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho, às privações, por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Dirige a Deus, piedoso e sereno, o teu olhar: ele dá alimento aos passarinhos; tem-lhe confiança: ele não te abandonará. O ruído das festas, dos prazeres do mundo, faz bater-te o coração; também desejaras adornar de flores os teus cabelos e misturar-te com os venturosos da Terra. Dizes de ti para contigo que, como essas mulheres que vês passar, despreocupadas e risonhas, também poderias ser rica. Oh! caia-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores inomináveis se ocultam sob esses vestidos recamados, quantos soluços são abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferirias o teu humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus, se não queres que o teu anjo guardião para o seu seio volte, cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias perdida, a aguardar a punição no outro.

Todos vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.

Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem sabe? ó homens! se o não renegaríeis como outrora, caso Deus vos concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria o orgulho dos modernos fariseus. E bem possível que o fizésseis perlustrar novamente o caminho do Gólgota.

Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as joias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas ideias.

Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua demência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos. Assim seja. Lacordaire. (Constantina, 1863.)

12. Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.

Generaliza-se o mal-estar. A quem inculpar, senão a vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas, como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas consequências. Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.

Por que haveis de ter em maior estima o que brilha e encanta os olhos, do que o que toca o coração? Por que fazeis do vício na opulência objeto das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer parte um rico debochado, perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho, mal se dignam todos de saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se corrigirem de seus defeitos?

Dar-se-ia o inverso, se a opinião geral fustigasse o vicio dourado, tanto quanto o vicio em andrajos; mas, o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequências.

Não esqueçais que tal estado de coisas é sempre sinal certo de decadência moral. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os soberbos. Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo a reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para os advertir. Mas, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.

Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita, Deus te envia poderoso remédio para os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos; que, finalmente, a humildade e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno. - Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862.)

Missão do homem inteligente na Terra

13. Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a ideia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tomam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. -Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 – Quais são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno? Explique.

2 – Qual é a missão do homem inteligente na Terra?

3 – Extraia do texto acima a frase ou parágrafo que mais gostou e justifique.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Qual sua opinião?

Cremação X Células tronco

A Karina nos enviou a seguinte indagação:

“Oi pessoal!!

Estava assistindo uma palestra da AME (Associação de Médicos Espíritas) em que a médica era contra usar as células troncos de embriões congelados pela questão de poder haver um espírito ainda vinculado ao feto.

São permitidas apenas o uso de células troncos dos cordões umbilicais...

Fiquei então pensando. A cremação é possível, porque se considera que após 48 horas o espírito já se desvinculou do corpo. Alguns espíritas esperam até uma semana, tempo em que é possível deixar o cadáver no forno.

O raciocínio do embrião, não seria o mesmo?

Após um período de tempo com um feto congelado, sem vinculo materno, o Espírito não se retiraria?

O que vocês pensam?

beijos, Karina.”

Aguardamos sua participação!

Beijos e abraços,

sábado, 27 de dezembro de 2014

Jogos violentos deixam jovens mais imaturos, diz pesquisa

Jogos violentos deixam jovens mais imaturos, diz pesquisa

Sean Coughlan
da BBC News

Jogar videogames violentos por longos períodos pode prejudicar a "maturidade moral" dos jovens, revelou uma nova pesquisa.
Analisando o comportamento de 100 adolescentes de 13 a 14 anos, uma cientista canadense constatou que a superexposição a esse tipo de jogo diminuiu o sentimento de solidariedade deles com o próximo.
Mais da metade dos jovens que participou da pesquisa jogava videogame todo dia. A preferência era por jogos mais violentos.
Uma das conclusões foi de que os adolescentes estariam perdendo o senso do que é "certo e errado".
O estudo, realizado por Mirjana Bajovic, da Universidade de Brock, no Canadá, observou o comportamento de estudantes de sete escolas em Ontário, no leste do país. O objetivo era entender o tipo de jogos que eles jogavam, o tempo gasto em cada jogo e a influência do videogame em suas atitudes.
Falta de solidariedade
A cientista descobriu que o videogame era o lazer preferido por essa faixa etária, que dedicava entre uma a três horas diárias à atividade.
Jogos "violentos" são aqueles em que os jogadores matam, mutilam ou decepam a cabeça de outros personagens.
O estudo destaca, contudo, que muitos adolescentes podem jogar esse tipo de jogo e não desenvolver nenhuma mudança de comportamento.
Entretanto, os problemas são notados naqueles que passam mais de três horas por dia em frente à tela da TV ou do computador, jogando continuamente os jogos violentos sem qualquer outra interação com o mundo real.
As mesmas evidências não foram encontradas em jogos não violentos, corroborando a tese da pesquisadora.
'Certo e errado'
Segundo o estudo, o hábito acaba atrasando a evolução psicológica dos adolescentes, uma vez que sentimentos como solidariedade, confiança e preocupação com o próximo não são totalmente desenvolvidos.
"Passar muito tempo dentro do mundo virtual da violência pode impedir que esses jovens se envolvam em experiências sociais positivas na vida real, além de desenvolverem uma senso do que é certo ou errado", afirma um trecho da pesquisa.
A pesquisadora também sugere que os professores, pais, e adolescentes trabalhem juntos para proporcionar oportunidades diferentes aos jogadores carentes de interação social, como trabalho voluntário, por exemplo.
O estudo, intitulado "Violent video gaming and moral reasoning in adolescents: is there an association?" ("Videogames violentos e maturidade moral nos adolescentes: existe uma associação?", em tradução livre) foi publicado na revista científica Educational Media International.

Notícia publicada na BBC Brasil, em 16 de fevereiro de 2014.

Humberto Souza de Arruda* comenta

Há mais de dois mil anos, nosso amigo e Mestre Jesus nos trouxe o mandamento maior que é “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Percebemos aí que para amar ao próximo precisamos nos amar. Uma vez que não podemos dar o que não temos.
Nós desenvolvemos o autoamor para poder distribuir amor sem a preocupação se receberíamos algo em troca. Os sentimentos de autoamar junto com o de amor ao próximo desenvolveram a caridade, pois se ficarmos somente com o sentimento de autoamor sem se preocupar com o próximo, estaremos sendo egoístas.
E, com esta ótica, podemos analisar outra máxima; “Não faças ao outro aquilo que não gostarias que ele te fizesse”. Vemos aí novamente a importância do autoamor.
Sem trabalhar bem este sentimento, podemos ficar sem referência de o que seria prejudicial ao próximo. Poderíamos fazer, por exemplo, algo de ruim a alguém como faríamos conosco. Daí a importância de termos boas referências de conduta moral para construirmos com eficiência o autoamor.
Mas quem seria este próximo que tanto se fala quando se pensa em caridade?
Se nós nos vermos como um todo na sociedade, este próximo seria desde os amigos, familiares a até os companheiros de jogos violentos ou de outras atividades como tal. Assim também como tantas outras pessoas que estão emocionalmente ou fisicamente próximas a nós.
Um sentimento colérico nosso com relação a uma situação de “faz de contas”, como nos jogos virtuais violentos, alteram outros sentimentos que poderíamos oferecer a um familiar, como paciência e segurança.
Agora, se considerarmos a influência espiritual e a comunicabilidade dos espíritos, vemos que a responsabilidade nossa com relação aos nossos próximos passa a ser maior. Com estas primícias, vemos a nossa influência com relação aos nossos obsessores. Pois estão próximos a nós por questão de afinidades.
Vejamos uma situação hipotética, mas pertinente: Um Espírito, que quando encarnado matou por alguma vingança, não teria receio em se aproximar de nós que matamos em um jogo virtual só para fazer pontos. Um Espírito que decapitou por ordens superiores, analogamente, podemos entender que não hesitaria em aproximar de quem decapita em um jogo para ganhar pontos ou “vidas”.
Vemos que, apesar de ser uma brincadeira, somos responsáveis por esta baixa muito grande de vibração. São um risco muito grande estes jogos. Mas foram mostrados nos dados da pesquisa canadense alguns jovens, que mesmo em condições iguais a dos outros, não sofreram mudanças comportamentais. É muito complicado medir a resistência moral de um adulto, muito mais seria medir a de um jovem que se permite estar sob influências de baixa elevação, como o cenário que um jogo violento fornece. Um risco que não vale a pena correr.
Nesta brincadeira, a competição extrapola o que seria saudável. Mas como seria uma competição saudável?
Se nestes jogos não tivessem as violências e fossem trocadas por machucados leves... Seria uma competição saudável? Mas alguém estaria se machucando.
Então seria melhor imaginarmos um jogo sem violência e contatos físicos. Assim seria então uma competição saudável? Mas alguém sairia perdendo. O psiquismo de quem perde algo tem uma avaliação tão pessoal que fica difícil quantificar se seria prejudicial ou só uma queda pra ajudar no crescimento do indivíduo.
Mas então podemos reformular tudo para criar uma competição que julgue em uma disputa quem faz mais caridade. Agora sim... Temos uma competição saudável? Neste caso, quem receberia as ajudas, ficaria com mais intenções de ajuda que se fosse vindo de só um. Mas não receberia mais caridade. Pois os disputadores estariam preocupados em fazer pontos e não se envolver amorosamente com o próximo para crescimento mútuo.
Como nas definições de competição vem a palavra rivalizar, que é criar um rival, podemos então tentar ao máximo mostrar o nosso melhor em tudo que fazemos. Sem necessariamente querermos ser melhores que outros que também fazem algo como nós.
Assim, a violência, mesmo que seja de brincadeira, mostra como é grande a vontade do indivíduo em ser mais forte que os outros. Desta forma, fica muito difícil este mesmo indivíduo praticar a caridade onde ele precisaria se curvar para auxiliar. Se mostrar menos forte para não intimidar. Se mostrar menos intelectual para não ofuscar o atendido. E, principalmente, se igualar com o irmão próximo em um abraço de coração para coração.

* Humberto Souza de Arruda é evangelizador, voluntário em Serviço de Promoção Social Espírita (SAPSE) e colaborador do Espiritismo.net.