segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sem idade para amar


Você já se apaixonou por alguém mais velho? Isso pode ser mais comum do que você pensa


Foto: Getty Images

Se apaixonar por alguém mais velho pode ser difícil. Mas acontece bastante. Mallu Magalhães que o diga. Recentemente a cantora teen, de 16 anos, levantou uma grande polêmica na mídia ao anunciar o namoro com o ex-vocalista do Los Hermanos, Marcelo Camello, de 30. Questionamentos e julgamentos públicos foram inevitáveis.

Por quê um trintão estaria com uma adolescente? Como será que foi a reação dos pais da garota? Afinal de contas, quando a diferença de idade é muito grande, como é que os apaixonados e (suas famílias) podem lidar com a situação e continuar com a pessoa amada?

À primeira vista

Quem nunca ficou a fim de alguém mais velho que atire a primeira pedra. No colégio, sempre há aquela pessoa de algumas séries acima, que desperta as mais animadas expectativas (e que geralmente nem sabe o seu nome). Mas o que acontece quando a paixão platônica vira realidade?

*Amanda tem 19 anos. Seu namorado, 27. Tudo começou com uma situação bastante comum. A quedinha de uma aluna pelo seu professor (nesse caso, de informática). Ao contrário do que a maioria das pessoas possa pensar, quem iniciou a relação foi a garota. "Eu que cheguei nele, mas tinha muito medo. A cabeça dele é totalmente diferente. Não curto menino da minha idade. Tudo pra eles é novidade, mesmo que não assumam. O cara mais velho tem aquela coisa protetora", diz Amanda.

A jovem afirma que não rolou preconceito por parte das famílias. O maior receio de represálias, na verdade, vem dos amigos de seu próprio namorado. "Foi difícil contar para o meu pai, mas só porque ele era meu professor. Não sofri nenhum preconceito por conta da idade. Acho que se vier alguma restrição vai ser de alguma turma mais velha, de amigos dele".

Segundo a psicóloga Cristina Godoy, atrações como essas são justificadas pelas relações familiares. "Acontece muito o jovem buscar reproduzir no namorado a imagem do pai ou da mãe". Em sua opinião, para os mais jovens, é preciso ter cuidado para não se anular, entendendo que o(a) namorado(a) está vivendo um momento diferente. "É possível ocorrer um sentimento de ter uma vida pobre em relação a do outro, que pode trazer insegurança e baixa auto-estima, uma vez que o parceiro mais velho pode minimizar o momento em que o outro vive".

Choque de gerações

Às vezes o namoro pode trazer um conflito entre as idades. No caso de *Sabrina, de 16 anos, foi amor à primeira vista pelo amigo do irmão, que hoje tem 36 e é pai de um garoto de 14. Entre os prós e contras da relação, ela destaca a experiência, que pode vir para o melhor e para o pior. "Ele é muito experiente, gosta de me mimar. Mas às vezes pode ser meio careta e ciumento demais. No final ele me respeita muito mais que os anteriores. Meninos mais novos não ligam para isso, não tem comparação".

Foto: Getty Images

De acordo com Sabrina, a família não interfere no relacionamento, no qual enxergam algo passageiro. Mas embora tudo esteja bem no namoro, ela observa uma tensão de gerações inevitável, principalmente no seu contato com o filho do namorado. "Eles acham que é perda de tempo, mas não interferem. A família dele também me aceita bem. Mas o filho dele é quase da minha idade. Já tive problemas com isso, porque ele tem ciúmes dele comigo. Parece loucura, mas ele sente isso", completa Sabrina.

Sem crise

Em qualquer situação de namoros com grandes diferenças de idade, um dos momentos mais difíceis é anunciar o relacionamento em casa. Para não rolar maiores problemas e tensões desnecessárias, é preciso haver o diálogo aberto de ambas as partes. A dica vale para pais e filhos. Afinal, é necessário aceitar que os coroas têm o direito de se preocupar com sua vida amorosa. A sinceridade é o melhor modo de se estabelecer um laço de comunicação, que facilita a compreensão e confiança na suas escolhas, como explica a psicóloga.

"Esconder nunca é o melhor caminho. O melhor é o jovem comunicar aos seus pais e tentar mostrar-lhes o lado bom. Permitir que conheçam o parceiro e que quebrem possíveis preconceitos. Mas se os pais criticam com base em fatos reais, talvez seja uma boa idéia ouvir o que eles têm a dizer. É importante se lembrar que o amor é cego, e para quem esta de fora é sempre mais fácil perceber o que esta se passando", conclui.

* Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados.

Colaborou

Cristina Godoy
(11) 8133-9103 / 3852-5603
 
 

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Como psicóloga sempre compreendi esta questão, pelo aspecto do desenvolvimento emocional do indivíduo, onde as mulheres amadurecem emocionalmente mais cedo que os homens. Mas será que apenas isto é levado em conta quando uma jovem ou um jovem se apaixona por alguém mais velho?

 

O espiritismo nos amplia a compreensão desta questão, de uma forma tão profunda e lógica, que nos proporciona a possibilidade de rever muitas crenças e conceitos, que mantemos e alimentamos durante séculos. A reencarnação é um destes conceitos chave.

 

Nosso corpo físico é como uma roupa, um equipamento que utilizamos para viver e sobreviver neste planeta. A idade do corpo indica apenas há quanto tempo aquele espírito está reencarnado na Terra. Somos todos muito mais velhos do que nossa idade física atual. Aquele que possui a idade corporal maior pode ser um espírito mais jovem do que aquele que apresenta uma idade corporal menor.

 

É claro que podem existir aspectos psicológicos que vão influenciar na escolha amorosa por uma pessoa mais velha, mas até que ponto elas serão a causa da escolha? Não podemos deixar de pensar na Lei da Conservação, que para alguns é um instinto puramente mecânico e para outros é racional. Todos nós devemos colaborar nos desígnios da Providência, pois a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres (questão 703 do O Livro dos Espíritos). Então, para uma jovem, escolher um homem mais maduro, que possa lhe oferecer certa segurança e estabilidade, que possa de certa forma garantir a sobrevivência dos filhos, parece ser uma escolha lógica e racional.

 

Mas lembremos também, que na maioria das vezes escolhemos espíritos simpáticos, que já conhecemos de outras experiências terrenas ou não, muitas vezes escolhemos espíritos que são nossos devedores, ou a quem devemos algo. Uma união amorosa é sempre uma prova, às vezes uma expiação e na maioria das vezes foi escolhida e planejada por ambos, na erraticidade.

 

Viver esta experiência, com suas dificuldades, com os preconceitos que surgem, dependendo do local onde ocorre e como ocorre, é sempre uma prova necessária ao progresso dos espíritos envolvidos direta ou indiretamente. Todos nós estamos aqui para aprender, para desenvolver as virtudes, para aprendermos a nos relacionar com o próximo e desta forma progredir espiritualmente.

 

A idade cronológica do indivíduo é bem menos importante do que a intenção de se estabelecer uma união amorosa. Relacionar-se com um homem mais velho, buscando garantia emocional ou econômica é bem diferente de se relacionar por ter se apaixonado por este homem. A intenção sempre demonstra o caráter da pessoa e somente a consciência de cada um conhece as verdadeiras intenções de uma pessoa.

 

(Claudia Cardamone é psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)
  
 
 

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