O surto de academias e ginásios que prolifera nas grandes cidades é elogiável. Proporciona e incute na população a importancia da prática regular de exercício físico. Mas muitas vezes, o bom senso e o exercício regrado cedem lugar ao excesso e ao risco, passando o equilíbrio para um plano bem secundário. Reféns dos seus desejos e aspirações, alguns jovens treinam de forma excessiva, provocando um enorme desgaste físico e mental com consequências na sua saúde. Outros, no entanto, confrontados com o enorme esforço necessário para conquistar o corpo perfeito, desistem facilmente dos métodos convencionais e apelam para os resultados imediatos dos anabolizantes, sem se darem conta dos graves danos que estão a provocar ao organismo físico. Nunca é demais repetir os perigos que o uso de anabolizantes pode provocar: problemas no fígado, inclusive câncer; redução da função sexual; derrame cerebral; alterações de comportamento com aumento da agressividade e nervosismo; aparecimento de acne; diminuição da produção de esperma; retração dos testículos; impotência sexual; dificuldade ou dor ao urinar; calvície; desenvolvimento irreversível de mamas; paragem prematura de crescimento; depressão; fadiga; insónia; diminuição da libido; dores de cabeça; dores musculares; desejo de tomar mais anabolizantes.
Meditemos nesse trecho do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, cap II:
“Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes.”
A vaidade é uma paixão muito exigente. É um ditador interno que não se satisfaz com pequenos sucessos e exige cada vez mais, sedento de protagonismo, admiração e de realizações que alimentem o ego e o orgulho. Ofuscado pelas luzes do materialismo e pelo prazer imediato, o Homem vai esquecendo que a transitoriedade da vida física é um facto incontornável. Procura ignorar que as únicas aquisições definitivas são as da alma imortal, relegando a cultura, a ciência, a solidariedade, a caridade, a reforma íntima e a transformação pessoal para o fim da lista das suas prioridades. O organismo físico, instrumento da nossa evolução íntima, deverá ser respeitado de forma cuidada para que seja um veículo eficaz e de longa duração, mas sem os excessos e abusos reportados na notícia, que inevitavelmente provocarão efeitos colaterais, por vezes irreversíveis, e que mais cedo ou mais tarde, fruto da lei de causa e efeito, humilharão a vaidade, o orgulho e instigarão o indivíduo para a necessidade de educação, aprendizado e observância das leis maiores da vida.
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