domingo, 3 de maio de 2009

Notícia: "Jovens estão entre as principais vítimas do trânsito".

Por: Marcelo Alves - O Globo Online


RIO - Os jovens são as maiores vítimas da violência no trânsito do país. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a cada ano tem aumentado o número de mortos e feridos devido a acidentes de trânsito entre pessoas de 18 e 29 anos nas estradas e rodovias. Em 2002, dos 116.720 jovens vítimas de acidentes, 5.006 foram fatais e outros 111.714 não-fatais. Em 2001, embora o número de vítimas fatais tenha sido menor, 4.769, o total de jovens vítimas de acidentes foi de 134.571. Em dados percentuais, as vítimas fatais do trânsito cresceram de 23,7% para 26,5%.

Especialistas acreditam que a mistura de álcool com direção é o maior vilão dessa triste estatística e que o jovem precisa ter mais consciência nas viagens para o Reveillon deste ano.

- Entre 65% e 70% dos acidentes de trânsito houve ingestão de álcool. Se você somar isso ao excesso de confiança do jovem e de velocidade, o resultado pode ser um acidente - afirma o chefe da clínica do setor de Ortopedia do Hospital Lourenço Jorge, o Dr. Ricon Jr., lembrando que nessa época do ano aumenta em 20% o movimento na emergência do hospital.

"Entre 65% e 70% dos acidentes de trânsito houve ingestão de álcool."

(...)

"A pressa não combina com o lazer e é inimiga do trânsito."

Lesões e seqüelas graves

Os jovens não medem as conseqüências de um acidente de trânsito. Segundo o doutor Ricon Jr., os traumas mais comuns de um acidente com automóvel são fraturas nos membros inferiores e no pescoço no caso de colisões frontais. Em caso de colisões laterais há lesões na bacia e nos membros inferiores. Já motociclistas podem apresentar também fraturas expostas e lesões de crânio, assim como os casos de atropelamento. Ricon Jr. diz que dependendo da gravidade do acidente, as seqüelas podem ser graves e irreversíveis:

- Em traumas de crânio as seqüelas neurológicas afetam a parte intelectual, por afetar áreas do cérebro ligadas à inteligência. Podem ser provocados também problemas de fala e de motricidade. No caso de lesões dos membros inferiores, as fraturas expostas provocam perdas ósseas, de músculos, nervos, trazendo problemas nas articulações causando uma deficiência física - afirma.

- Em lesões na coluna cervical ocorrem casos de tetraplegia. No caso da bacia, as cirurgias são grandes e bem complicadas. Por vezes é necessário fazer mais de uma cirurgia. Há consequências como o aparecimento de casos de osteomielite, uma infecção profunda dos ossos, de difícil cura e tratamento. Além dos impactos sócio-econômicos, pois é uma lesão de difícil tratamento com o uso de antibióticos caros - completa.

Para evitar que outros jovens se tornem vítimas do trânsito, Gilberto Cytryn dá algumas dicas:

- O principal é não consumir bebida alcoólica. Os jovens devem utilizar o cinto de segurança, que é responsável por salvar muitas vidas. Quem envolve em um acidente com capotamento, a chance de sobreviver é infinitamente superior, pois ele evita que você seja arremessado para fora do carro, o que aconteceu no caso do acidente da Lagoa.

"Os jovens devem utilizar o cinto de segurança, que é responsável por salvar muitas vidas."

Ricon Jr. também orienta o uso do cinto de segurança a todos os passageiros do veículo, inclusive os que estão no banco de trás.

- Quando o veículo está em alta velocidade, o peso de uma pessoa ao ser lançada sobre a da frente equivale ao peso de um elefante - compara o médico que pede que os jovens respeitem as leis de trânsito.

- A grande maioria dos acidentes são ocasionados pela pressa e pela imprudência. Dirigir nas ruas e nas estradas é diferente, portanto é preciso respeitar as leis, evitar ultrapassar nos trechos de faixa contínua. Aqueles que não estão acostumados com a estrada devem evitar dirigir à noite e saber como estão as condições das estradas.

Cytryn também afirma que os jovens não podem ultrapassar os limites de velocidade das estradas:

- Muitos vão fazer viagem para a praia ou a casa de campo, pegam os carros com amigos, namorados e é coisa do jovem correr um pouco mais, se exceder. Não há a necessidade disso. Não há a necessidade de correr, pois eles estão saindo a passeio e devem chegar com segurança aos seus destinos.

Matéria completa em: http://oglobo.globo.com/rio/segurancanotransito/mat/2006/12/27/287202514.asp
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COMENTÀRIO

A alta taxa de sinistralidade rodoviária dos jovens adultos é um problema que é transversal a inúmeros países e sociedades, havendo várias predisposições para que a relação jovens e acidentes de trânsito seja tão íntima. A transição da juventude para a idade adulta é uma época bastante complexa da existência humana mas que cada vez mais os nossos jovens vêm adiando. Reclamam liberdade mas muitas vezes rejeitam a responsabilidade. Exigem os direitos mas esquecem os deveres e as obrigações. Não possuindo a maturidade da experiência, são facilmente fascinados pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um momento para o outro, julgam-se invulneráveis, atiram-se com avidez aos novos prazeres sem se darem conta das suas consequências, rendendo-se às sensações fortes que lhes tomam todo o corpo.

O gosto pelo perigo, o fascínio pela velocidade, a impulsividade, a procura de novas experiências e a apetência pela aventura levam muitos jovens a fazer da condução um desporto radical, esquecendo voluntáriamente os riscos que estão a criar em si próprios e nos outros. O automóvel é visto pelo jovem como uma conquista social, uma tentativa de afirmação e valorização pessoal, um meio de exibição perante os outros, sendo frequentes os despiques verbais entre amigos sobre as suas proezas nas estradas, colocando os jovens no fino limite que separa o prazer de ser herói do sofrimento de ser a próxima vítima.

A estes fatores precisamos juntar a apetência que os jovens têm pelo consumo de álcool. Nos bares e nas festas, andar com um copo na mão fá-los sentir mais crescidos. O consumo de álcool, sendo socialmente aceite, está enraízado na cultura ocidental e para os jovens faz parte de um ritual de entrada na vida adulta. Juntar álcool e condução é uma irresponsabilidade tão óbvia e publicitada mas que parece não ser percebida por alguns e aí não podemos acusar os jovens de serem os únicos prevaricadores.

Muitos jovens vivem unicamente o agora, agindo como que por instinto, reagindo mais do que pensando, acumulando por vezes comportamentos de tal risco que são mais do que apenas imprudências, podemos mesmo enquadrá-los como potencialmente suicídas. Através do estudo da Doutrina Espírita, sabemos que as consequências das nossas atitudes não terminam com a morte do corpo. Na erraticidade, o Espírito sofre pela angústia e arrependimento da sua irresponsabilidade e das atitudes irrefletidas, revivendo-as até que as consiga superar.

Como tal, mesmo sabendo que mudar a mentalidade dos jovens não é uma tarefa simples, é necessário investir cada vez mais no único meio capaz de reduzir esses números de uma forma significativa: A educação. Os especialistas consideram que o fato mais importante na transformação dos jovens em condutores prudentes e conscientes é a atitude dos pais ao volante. Pais tranquilos, que cumprem as regras de trânsito e que respeitam os outros condutores, incutem nos seus filhos as mesmas atitudes. É que o exemplo é a melhor maneira de influenciar os outros e se esse exemplo é dado pelos progenitores, torna-se ainda mais fundamental para, nesse caso, atenuar e até mesmo parar com a tragédia que representa a morte de tantos jovens nas nossas estradas. Sabendo do enorme número de acidentes que vitimam os jovens nos primeiros 5 anos depois da aquisição da licença de condução, os pais não devem simplesmente entregar um automóvel nas mãos do filho, precisam antes possuir um papel activo na educação do seu filho na estrada: Viajar bastante tempo ao seu lado, incutir-lhe a importância da segurança na estrada, da necessidade do respeito das regras de trânsito, da responsabilidade que existe em conduzir um automóvel e criando regras de conduta e de utilização do veículo.

Mas acima de tudo isso, é necessário falar aos jovens. Mostrar-lhes que se possuem idade para conduzir, também têm idade para serem responsáveis e medirem as consequências das suas atitudes antes de as provocarem. A irreverência não é sinónimo de irreflexão ou irracionalidade. Todos precisamos parar para pensar. O automóvel é uma arma letal se estiver em mãos negligentes, inconscientes, irresponsáveis e imprudentes. Usem-no com respeito, ignorem os estímulos exteriores e interiores ao exibicionismo gratuito e jamais aceitem entrar num automóvel em que o condutor esteja sobre o efeito do álcool ou de substâncias narcóticas, mesmo que esse condutor sejam vocês mesmo. Peguem um taxi, telefonem aos pais ou a um irmão para os irem buscar. Não existe pai algum nesse mundo que não prefira perder algumas horas do seu sono, a correr o risco de o seu filho ser uma das próximas vítimas dessa tragédia diária que é a sinistralidade rodoviária.

(Comentário por: Carlos Miguel Pereira. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.Net)

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