sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dilema de viver a paixão estudantil ou militar em ONG

Ativismo no País tem várias facetas

Moacir Assunção, SÃO PAULO

Universitária com jeito de classe média e ar de intelectual, a estudante de fonoaudiologia da Universidade de São Paulo (USP) Débora Manzano Nogueira, de 22 anos, é firme em suas posições. Militante do movimento estudantil e diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição, ela participou da ocupação da reitoria da USP há dois anos e integra, desde o ano passado, o PSTU. Não abre mão de sua militância, mesmo diante do quadro de descrença nos partidos hoje no País.

"O que faz com que a política partidária tenha essa péssima imagem é a associação natural que as pessoas fazem dos partidos clássicos com a corrupção e os altos salários dos políticos. No PSTU, nossa meta, como o próprio nome diz, é unificar as lutas dos trabalhadores, estudantes e outros setores, o que é bem diferente." A militância, no seu caso, foi uma consequência da política estudantil.

Já o geógrafo Vinícius Madazio, de 35 anos, militante da ONG SOS Mata Atlântica desde 1998, jamais se filiou a um partido. Uma única vez, em 1992, fez campanha à prefeitura paulistana para o tucano Fábio Feldman, ligado à causa ambiental, mas acha que a sua militância ultrapassa os partidos e Estados. Para ele, a filiação partidária envolve questões como a "dificuldade muito grande de separar o público do privado" e a proliferação de partidos.

O assunto é polêmico. Fábio Bandeira Maciel, estudante de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará (UFC) e também militante do PSTU, considera que a militância ambiental pode ter um viés individualista, em detrimento das demandas coletivas. "É importante lutar pela causa do ambiente, mas esta luta não pode ser desconectada das demais", defendeu.

Madazio contesta: "Hoje, a maior luta política, por curioso que possa parecer, trava-se dentro de um supermercado. Se você escolher uma marca compromissada com o meio ambiente e o respeito às minorias, deixará de apoiar uma outra que pode até usar trabalho escravo na confecção dos seus produtos." Na ONG, ele trabalha com a proposta de consumo consciente.

O ambientalista, que já acompanhou sessões da Câmara e da Assembleia que tratavam da questão ambiental, afirma que se desencantou com os políticos. "Já ouvi debates em que, dos 15 que estavam falando, 2, no máximo, sabiam do que se tratava a discussão. Os demais estavam fazendo conchavos."

Débora e Maciel atribuem ao PT e às suas mudanças de rumo após chegar ao poder parte das frustrações dos brasileiros com os partidos. Para eles, havia a ideia de que o PT no poder não agiria como os partidos tradicionais, mas não foi o que ocorreu. A estudante não teme que aconteça o mesmo ao seu partido. "Lá, todo mundo discute todos os assuntos o tempo inteiro. Não dá para se formar um grupo que se torne hegemônico."
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Comentário:

Eu não vou fazer um comentário político porque não é este o objetivo, proponho uma reflexão sob a ótica espírita.

A luta pela desigualdade social é importante, assim como assegurar aos mais necessitados seus direitos básicos, mas devemos compreender a origem desta desigualdade para "combatê-la" de forma eficaz. No O Livro dos Espíritos, as questões 806 e 807 falam sobre isso:

"806. A desigualdade das condições sociais é uma lei natural?

- Não; é obra do homem e não de Deus.

806-a. Essa desigualdade desaparecerá um dia?

- Só as leis de Deus são eternas. Não a vês desaparecer pouco a pouco, todos os dias? Essa desigualdade desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando tão somente a desigualdade do mérito. Chegará um dia em que os membros da grande família dos filhos de Deus não mais se olharão como de sangue mais ou menos puro, pois somente o Espírito é mais puro ou menos puro, e isso não depende da posição social.

807. Que pensar dos que abusam da superioridade de sua posição social para oprimir o fraco em seu proveito?

- Esses merecem o anátema; infelizes que são! São oprimidos por sua vez e renascerão numa existência em que sofrerão tudo o que fizeram sofrer."

Desta forma, enquanto o homem for orgulhoso e egoísta ainda existirão desigualdades e isto parece lógico, pois se um indivíduo se considera especial por alguma razão, como poderá ele reconhecer o próximo como seu igual. No meio político é a mesma coisa, pois reflete a realidade da situação evolutiva de seus membros, porque tanta desavença, intolerância senão é a existência ainda destes dois vícios morais.

Todos nós queremos uma sociedade melhor, mas antes de tudo precisamos compreender o que realmente seja uma sociedade melhor:

"793. Por que sinais se pode reconhecer uma civilização completa?

- Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral. Acreditais estar muito adiantados por terdes feito grandes descobertas e invenções maravilhosas;porque estais melhor instalados e melhor vestidos que os vossos selvagens; mas só tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados, quando houverdes banido de vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento não sereis mais do que povos esclarecidos, só tendo percorrido a primeira fase da civilização."

(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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