domingo, 21 de junho de 2009

Fw: Os Ecomauricinhos

Mistura de hippie com yuppie, os scuppies aliam muito trabalho, alta renda e elevado padrão de consumo com consciência social e ecológica

Francisco Alves Filho

Imagine um profissional de sucesso. Aquele empresário ou executivo supercompetitivo, com excelente remuneração e alto padrão de consumo, que não abre mão de frequentar bons restaurantes, viajar para o Exterior e usar roupas de grife. Agora pense em alguém preocupado com a preservação do planeta. Uma pessoa empenhada em evitar a utilização de sacos plásticos, que só usa madeira certificada, come alimentos orgânicos e contribui com alguma ONG envolvida em causas ecológicas ou sociais. Nos últimos tempos, é cada vez mais fácil encontrar todas essas características concentradas em uma mesma pessoa. De tão numerosos, esses espécimes foram batizados nos Estados Unidos com um termo próprio: scuppies, palavra derivada da expressão socially conscius, upwardlymobile person (pessoa socialmente consciente em ascensão econômica). O criador da palavra é Chuck Failla, 40 anos, presidente de uma empresa de planejamento financeiro em Nova York.

"Um scuppie é parte hippie e parte yuppie", resume. Aqui, alguém com este perfil poderia ser chamado de ecomauricinho. Para Failla, que também apoia ações sociais em favor dos semteto, estes personagens são muito comuns no Brasil. "Foi o país de onde recebi o maior número de mensagens", disse ele à ISTOÉ.

O executivo americano criou um site há dois anos para explicar o que é um scuppie, mas só agora o termo começou a se popularizar. O empresário Marcus Buaiz, 30 anos, é um deles. Para viver bem, ele trabalha incansavelmente à frente de sofisticados restaurantes como o The Art, em Belo Horizonte, e o Shaya, em São Paulo (em sociedade com Fausto Silva), da casa noturna Club Royal e da agência de gerenciamento de talentos RIP.

Ao mesmo tempo, Buaiz apoia projetos sociais como o AfroReggae, do Rio de Janeiro, que atua nas favelas cariocas. "Já estive no Complexo do Alemão e em Vigário Geral", conta. Ele acredita que essas ações são importantes em sua vida, e na de todos. "Quero que a minha história mostre que sou uma pessoa generosa, que me preocupo com os outros", diz. As atitudes que toma para corroborar sua história também passam por procedimentos simples, como adotar a coleta de lixo seletivo e usar produtos ecologicamente corretos. "No projeto de nossa nova casa em Alphaville incluímos energia solar, captação de água da chuva e madeira certificada", afirma. Recentemente, ele esteve numa reunião da ONG SOS Mata Atlântica a convite de sua mulher, a cantora Wanessa Camargo. Mas esse tipo de militância não faz o seu estilo. "Não quero convencer ninguém, quero apenas fazer o que acho correto."

Buaiz diz que não é workaholic, mas admite que não fica longe de seu BlackBerry. O dinheiro que consegue no trabalho gasta em prazeres sofisticados, no melhor estilo yuppie. "Sou viciado em Nova York e adoro os restaurantes da cidade, como o Nobu (que pertence ao ator Robert De Niro) e o L'Atelier", conta. Há outro item obrigatório no seu rol de consumo. "Tenho fixação por relógios, tenho 42", conta ele. Os mais caros da coleção são um Audemars Piguet e um Roger Dubuis, ambos avaliados em US$ 35 mil.

Na opinião de Failla, muitas pessoas já viviam como scuppies. "Mas só agora passaram a ter um grupo demográfico com o qual se identificar." É onde se enquadra a carioca Isabela Piereck, 40 anos, mais conhecida como Zazá, dona do charmoso restaurante carioca que leva seu nome, o Zazá Bistrô. O estabelecimento é conceituado e consome muitas horas de trabalho diárias. A atividade rende o bastante para realizar vários desejos de consumo. Recentemente, ela cumpriu um longo roteiro de viagem que incluiu Marrocos, Peru, Espanha e Estados Unidos. "Adoro viajar. É um dos itens nos quais me permito gastar um pouco mais", diz Zazá, que também não abre mão de ter um carro confortável, como sua Pajero Air Track. Mas Zazá diz praticar o consumo consciente. "É preciso ter em mente que, ao consumir muito, estamos arrasando o planeta", alerta. Por isso, seu guardaroupa não tem peças em quantidade. Ela prioriza a qualidade e garante não ser vítima da moda. "Um dos meus estilistas favoritos é Ronaldo Fraga, mas também gosto de tecidos naturais", explica. A opção pelos alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, tanto em casa quanto no restaurante, é para preservar a saúde - a sua e a do planeta. Para exercitar seu lado social, ela escolheu o projeto Uerê, que tenta socializar meninos de rua. "Fico pensando que futuro deixaremos para nossos filhos, me preocupo com isso."



Uma das características do scuppie é justamente não ter um enquadramento só, um figurino único. "Alguns têm mais características hippies e menos traços yuppies, e vice-versa. É essa a razão pela qual este termo tem sido tão bem recebido", acredita Failla. A analista de conteúdo do canal de tevê Futura, Isadora Andrade, 36 anos, guarda mais semelhanças com os personagens da contracultura dos anos 60. Ela é quase uma militante. "Na festa de um ano da minha filha não servi refrigerantes, mas somente sucos naturais e água de coco", recorda. "E o bolo não tinha corantes." Para arrematar, deu como brinde aos bebês da festa pequenas ecobags. "Espero que assim as crianças criem consciência ecológica e evitem usar plástico no futuro", diz.

A conscientização, entretanto, não faz Isadora deixar de usar seu cartão de crédito para curtir seus maiores prazeres: viajar com assiduidade a Nova York e Washington, além de frequentar bons restaurantes. Sem culpa, ela também consome novidades tecnológicas. "Acabei de comprar um Macintosh sem fio", conta.

O criador do termo, claro, é um scuppie. Enquanto dirige sua empresa de planejamento financeiro, Failla aproveita tudo de bom que Nova York proporciona, em especial a quem tem boa conta bancária, e cultiva o hobby de navegação a vela, que pratica com a mulher, Carmen. A disposição para gastar e curtir a vida é igual à que ele mantém na hora de ajudar vários projetos destinados a pessoas carentes e de preservação ecológica. A ideia de criar uma nova palavra para designar essa dupla militância nasceu numa prosaica conversa com uma colega. "Quando expliquei que estava fazendo um trabalho para uma organização de pessoas sem-teto, ela lançou um olhar cético para meu terno Armani e meu relógio Rolex e respondeu, meio brincando, que não podia acreditar que um yuppie como eu poderia fazer qualquer coisa de graça", recorda. Ao responder, Failla disse ser totalmente possível desejar ascensão social e se dedicar a um projeto social - ao mesmo tempo. Surgia, assim, a filosofia scuppie.




http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2063/artigo139332-1.htm

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Comentário:


Se olharmos para os sete mandamentos da tribo iremos perceber que é um grupo de pessoas bem materialistas, que preservam acima de tudo os prazeres que a vida pode lhe oferecer. Mas também podemos ver que são espíritos, assim como nós, em evolução, começam a perceber que vivem num grupo muito maior, e que é também seu dever preservar o local onde todos habitam.


Querem e ajudam o próximo e o fazem com sinceridade, mesmo que a intenção ainda seja orgulhosa como demonstra o empresário: "Quero que a minha história mostre que sou uma pessoa generosa, que me preocupo com os outros", para este grupo as aparências ainda possuem importância .


A doutrina espírita nos ensina que a evolução espiritual é lenta e caminha de acordo com o livre arbítrio de cada um. E todos nós, que possuímos níveis evolutivos diferentes, habitamos temporariamente a Terra, para aprender com muitos e ensinar alguns. Muitos espíritos que agora reencarnam ainda são seduzidos pela matéria e pelas paixões, mas já começam a perceber o outro e que não vale tudo para satisfazer suas vontades.


(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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