quarta-feira, 8 de julho de 2009

Notícia: "Jovens com "síndrome dos Simpsons" têm vergonha de atitudes dos pais".

por JULIANA CALDERARI
colaboração para a Folha de S.Paulo.


Ter vergonha de atitudes dos pais é algo por que todo mundo já passou.

Blogs e comunidades on-line estão repletos de queixas de jovens envergonhados. Personagens de desenhos animados que satirizam a vida cotidiana habitualmente fazem graça com o fenômeno.

Bart e Lisa Simpson, por exemplo, costumam ser vítimas dos foras dados por seus pais. E nem os próprios pais escapam. Se você perguntar aos seus, eles provavelmente terão uma boa história para contar sobre o dia em que seus avós quase os mataram de vergonha.

O maior incômodo para muitos adolescentes, como Andreas Cícero, 17, acontece quando os pais resolvem contar, na frente dos amigos, episódios da época em que ele era uma criança. "Eles contam histórias do meu passado negro", diz, conformado e com humor.

Para desespero dos jovens, os relatos podem ainda vir acompanhados de fotos ou vídeos. Esse é o temor de Nataly Mendes, 17. Quando sua mãe engata uma animada conversa com seu namorado, Lucas Previero, 16, vem a preocupação.

"Acabam surgindo histórias de quando eu era pequena. Ainda bem que nunca tiveram a ideia de mostrar os vídeos", conta, aliviada.

Lucas, que adora jogar futebol, também já passou por algumas situações constrangedoras, como quando o "paizão" resolveu dar aquela força durante um jogo. "Eu não estava jogando bem e ele ficava na arquibancada gritando para me incentivar."

Para os dois namorados, no entanto, o que mais causa constrangimento é quando os pais falam sobre sexo na frente de outras pessoas. A mãe de Nataly costuma comentar que conversa com a filha sobre o assunto. Já o pai de Lucas costuma lhe fazer perguntas sobre sexo na presença de amigos. E os dois morrem de vergonha.

Apelidos e recados

Mônica Ribeiro, 15, sofre com os recadinhos que sua mãe, que também é usuária do Orkut, deixa em sua página.

Eles vão desde lembretes para que ela não se esqueça de afazeres diários a broncas em garotos mais assanhados.

Certa vez, um pretendente quatro anos mais velho postou uma cantada no perfil de Mônica. Sua mãe logo lhe mandou uma resposta pelo site: "Pare de falar com minha filha, ela é uma criança", conta a adolescente, rindo.

Fazer ou dizer coisas que sugiram que os filhos ainda são crianças fazem parte da lista de reclamações.

Frases como "Te carreguei no colo" ou "Você nem saiu das fraldas ainda" acabam com o dia de qualquer adolescente.

Apelidos carinhosos depois de uma certa idade também não são muito bem aceitos.

A estudante Amanda Rangel, por exemplo, ganhou de sua avó o apelido fofo de Zuzu quando era pequena. Hoje com 15 anos, Amanda não sabe onde se enfiar quando a matriarca da família resolve chamá-la dessa forma em público.

"Uma vez eu estava experimentando roupas em uma loja lotada e ela disse, bem alto: "Ai Zuzu, essa é bonitinha'". Amanda quis se esconder no provador e por lá ficar.

O estudante Pedro Andrade, 16, também não gosta quando recebe mimos ou ouve gracinhas na frente dos amigos.

"Tá saindo com alguém?" ou "Muitas garotas?" são perguntas frequentes da mãe, que, segundo Pedro, "tira uma de mulherengo" com ele.

Segundo Pedro, certas vezes os pais querem se enturmar, mas exageram e acabam dando vexame. Falar gírias, alugar os amigos dos filhos e dançar em festas são alguns dos comportamentos que podem deixar os jovens sem graça.

Levar broncas na frente dos amigos sempre deixa a estudante Stephany Avelino, 16, bastante envergonhada.

Embora os pais não percebam, o momento também é bastante desagradável para os amigos. "Às vezes você vai na casa de alguém e os pais começam a brigar com os filhos. Dá vontade de sumir", afirma.

Sem querer

Priscilla Ferreira, 14, no entanto, acha que muitos adolescentes não se importam com as "corujices" ou foras dos pais. "É muito relativo. Eu, por exemplo, não vejo problema." Ela acredita que o embaraço diminua à medida que a idade aumenta. Até um ano atrás, ela ficava sem graça quando sua mãe interferia em suas roupas, por exemplo. "Acho que é pior quando a gente é mais nova."

Seis anos mais velha, Natalia Gimenez, 20, também não liga tanto para esses episódios como acontecia há alguns anos. "Fico menos encanada."

Para o psicólogo e professor da PUC de São Paulo Ari Rehfeld, os jovens ficam constrangidos com mais frequência, pois "estão no processo de construção de identidade e estão mais suscetíveis a julgamentos, especialmente na frente de seu grupo".

Buscar na escola ou nas festas, pedir satisfações e cobrar deveres por vezes deixam os filhos vermelhos de vergonha. "Há certos casos em que os jovens sentem-se mal por não conseguirem lidar com suas limitações e responsabilizam os pais. Mas será que há algo errado em receber ajuda deles?", pergunta o psicólogo.

Os pais, por outro lado, subestimam as reclamações em alguns momentos porque não lembram mais do que passaram. "Eles esqueceram de sua vivência como adolescente."

Na maior parte dos casos, explica Rehfeld, "o que mais incomoda o filho é ter sua intimidade revelada, sem que ele tenha participado dessa decisão".

Quando passam da conta, a melhor saída ainda é a conversa. Bater um papo com seus "velhos" pode mostrar a eles até onde ir sem deixar ninguém encabulado.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u531452.shtml

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COMENTÁRIO
"385. Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?
- É o espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era." O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

Por este motivo muitas coisas que eram engraçadas na infância, agora na adolescência não são toleradas. O espírito retomando suas características muitas vezes não aceita ser tratado como criança, exige respeito e reage de acordo com a sua verdadeira natureza.

Muitos conflitos tem como base a pouca tolerância, em não aceitar que o filho ou filha é um indivíduo único e que precisa ser respeitado nisto, ou em não aceitar que os pais que o receberam nesta encarnação e que aceitaram a missão de educá-lo e criá-lo, geralmente possuem maior sabedoria para orientá-los.

Também acho que a melhor saída é a conversa, mas caso não queira sair e sim resolver a questão, procure refletir porque fica envergonhado ou encabulado, reflita se não é por orgulho e vaidade, se não quer aparentar algo que ainda não é. A tal reforma íntima é isto, reconhecer nossos defeitos, refletir como podemos melhorar e tentar agir da melhor forma possível.

Porque se refletimos não temos vergonha das atitudes dos pais, e sim daquilo que fizemos na infância, temos vergonha de assumir nossa sexualidade como algo normal e natural, mas como é difícil sentir vergonha de nós, sentimos vergonha dos pais quando estes revelam aquilo que desejávamos manter nas sombras do esquecimento.

(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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