quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Notícia: "Dança transforma a vida de muitos jovens na Favela da Maré."

Mais uma vez Carlinhos de Jesus está com a missão especial de descobrir a importância da arte e da cultura no dia a dia dos cariocas.

Vocês se lembram da Coluna Passo a Passo da Folia, que mostrava surpresas do carnaval? Dá saudade. Quem está de volta ao RJTV é o dançarino Carlinhos de Jesus. Mais uma vez ele está com uma missão especial, que é descobrir a importância da arte e da cultura no dia a dia dos cariocas. O nome da Coluna é ‘Arte pra Vida’.

“Eu estou entrando nas comunidades, como eu já entrei na Maré, na Vila Aliança. Nós estivemos lá preparando a matéria dentro da comunidade. Estamos descobrindo que o carioca é muito voltado para a arte, para a arte de um modo geral. Desde garoto, houve uma coincidência muito grande nesta coluna, com a minha própria história de vida, em que a arte foi uma ferramenta de transformação na minha vida e na vida de todo brasileiro”, afirma o dançarino Carlinhos de Jesus.

RJTV - 1ª edição – Se não fosse a arte, você não seria a pessoa que você é hoje, conhecida e querida por todo mundo?

Carlinhos de Jesus, dançarino – Eu acho que não, eu teria seguido outro caminho. Eu me formei, estudei e, de repente, com a dança eu descobri que eu estava no caminho errado, que o caminho meu era esse mesmo.

Na reportagem, você descobriu talentos, que se não fossem pela arte, talvez nunca saíssem dali.

Descobrimos também o quanto essas pessoas têm de ações, de forma de contribuir para a sociedade e mostrar que, lá dentro das comunidades, existem pessoas de bem, pessoas que têm talento e condições de oferecer para nós coisas muito boas.

'Arte pra vida' visita uma escola de dança na Vila Olímpica da Maré

Eu estou na comunidade da Maré e descobri a Vila Olímpica, que tem um projeto de dança muito interessante e como isso transformou a vida de muita gente aqui dentro.

“Cultura transforma mesmo a vida das pessoas, vocês que lidam com os meninos da comunidade”, questiona o dançarino Carlinhos de Jesus.

“Com certeza há essa transformação”, diz a professora.

“Quantas pessoas chegaram para a gente e falaram assim: ‘Nossa, eu nunca fui a um teatro. Quem bom que vocês me deram esta oportunidade de conhecer'. "Elas adoraram a própria apresentação das crianças aqui, então não transforma somente o aluno”, afirma professora de balé Patrícia Mota.

“Quando ele sai daqui, vai para um teatro, vai de cabeça erguida e se mostra, e se apresenta, ele sabe o valor que ele tem. É todo mundo aplaudindo ele, então ele é um cidadão que tem grande valor. Ele é o protagonista da história dele. Isso faz com ele cresça na vida escolar, na vida familiar. O convívio com os outros melhora, porque a auto-estima vai melhorando”, diz a professora de teatro Naiamara Bonfim.

“Como é a história do bailarino?”, pergunta o dançarino Carlinhos de Jesus.

“É um menino e ele era muito esforçado, era um talento, uma jóia. A gente resolveu fazer audição para o Bolshoi. A gente não sabia que só tinha uma vaga e a vaga foi dele, concorrendo com mais de 550 candidatos. O nome dele é Davi”, conta Naiamara Bonfim.

O Arte pra Vida preparou uma surpresa para a galera do projeto. Procuramos o Davi e a Jordana, que saíram daqui e hoje estão em uma das maiores companhias de balé do mundo, o Bolshoi, que tem um escola em Joinville, Santa Catarina. A equipe promoveu um encontro pela internet, do Davi e da Jordana, com os colegas da Maré. Eles não se falavam há mais de três meses.

“Qual é a sua perspectiva de vida?”, pergunta Carlinhos de Jesus.

“Vou levar isso para a minha vida, eu quero ser um grande bailarino e está sendo uma experiência muito boa”, afirma Davi.

“Você desbravou com todo o seu empenho, com toda a sua luta, dando uma demonstração de que a cultura tem que estar em todos os lugares, não só lá na sociedade da alta, mas também dentro das comunidades de baixa renda”, afirma o diretor da Vila Olímpica da Maré Amaro Domingues.

“Todo mundo pensa que na favela só tem gente que não estuda, que só tem vândalos, e são poucas as pessoas que saem daqui para fazer coisas diferentes, coisas bacanas. Meu pai é mecânico, pintor. Minha mãe era vendedora, mas agora ela está trabalhando como doméstica mesmo. Ela faz faxina”, fala a estudante Diana da Costa Bezerra.

“Como é que eles viram a filha deles, através de um projeto, traçando um rumo?”, pergunta Carlinhos.

“Neste sentido, meus pais sempre foram muito tranquilos, porque eles sempre investiram muito na minha educação. Sempre foi assim: ‘Diana, estuda!’, porque eles não tiveram. Eles trabalharam desde muito cedo”, se emociona Diana.

Fonte: http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL1181355-9106-276,00-DANCA+TRANSFORMA+A+VIDA+DE+MUITOS+JOVENS+NA+FAVELA+DA+MARE.html

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Comentário:

O ser humano, e aqui vou entender pelo espírito encarnado, tem a propensão ou talvez a necessidade de rotular tudo o que está ao seu redor, e neste sentido uma das suas propriedades psíquicas do ponto de vista psicológico faz com que esta rotulação seja mais destrutiva do que se imagina, esta propriedade é a generalização.

Os telejornais sempre estão noticiando os conflitos e a guerra que existem nas favelas, mas não é culpa da imprensa a nossa imperfeição. No Domingo Willian Bonner falou algo sobre o assunto, de que só tem notícia ruim nos telejornais, e ele esclareceu que esta é infelizmente uma das funções da imprensa. Se ela passasse a mostrar apenas o que há de bom poderia criar a falsa ilusão de que melhorou. É necessário que ela aponte também aquilo que precisa melhorar.

Mas o maior erro é o nosso, que generaliza as coisas baseadas na nossa ignorância. Isto não é uma desvalorização, e sim uma constatação. Daqueles que acreditam que uma favela é um local onde estão pessoas marginalizadas, pessoas de índole má, fracas ao vício e incapazes de viver pacificamente em sociedade, quantos realmente conhecem uma favela? Conhecem a realidade de uma favela?

A doutrina espírita nos diz que esta desigualdade social é obra do homem e irá desaparecer juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando apenas a desigualdade de mérito. Quando as pessoas compreenderem que todos somos iguais em criação, diferentes na caminhada mas que seremos iguais novamente ao alcançarmos a evolução espiritual tornando-nos espíritos perfeito, independente do caminho trilhado, elas passarão a entender porque muito dizem que somos todos irmãos.

E esta reportagem nos mostra que todas as encarnações estão interligadas, uns que alcançaram destaque social e econômico tem a missão de auxiliar os que ainda não alcançaram, estes ao percorrer o caminho e progredir tem a missão de retornar para auxiliar os demais e todos independente de suas condições terrenas, condições estas temporárias e úteis. E é assim que o espírito progride lentamente, avançando um pouco e parando para que outros possam apoiados nele avançar também.

(Comentário por: Claudia Cardamone, psicóloga e espírita. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de atendimento fraterno e notícias.)

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