Sintetizador de pensamentos permite escrever
com a força da mente
Redação do Diário da Saúde
Leitura da mente
Cientistas têm relatado avanços seguidos em uma
área que dificilmente escapa da descrição de leitura da mente.
Alguns experimentos já saíram dos hospitais, sendo
utilizados até para permitir que um motorista freasse um carro sem tomar nenhuma
ação motora.
Agora, uma equipe da Universidade de Maastricht,
na Holanda, usou a técnica para fazer com que uma pessoa totalmente paralisada
fisicamente se comunicasse usando apenas o cérebro.
Eles criaram um "sintetizador de
pensamentos".
Comunicação mental
Bettina Sorger e seus colegas partiram dos
resultados obtidos pela equipe de Adrian Owen, que estabeleceu uma comunicação
mental com um paciente em estado vegetativo em 2010.
"O trabalho de Owen me fez pensar se seria
possível usar fMRI, tarefas mentais e um aparato experimental adequadamente
projetado para codificar livremente os pensamentos, letra por letra," disse
Bettina.
fMRI, ou imageamento por ressonância magnética
funcional, é uma técnica usada para acompanhar o que está acontecendo no cérebro
por meio do rastreamento do fluxo sanguíneo para as diversas partes do
órgão.
E deu certo.
Leitura do cérebro
Os pacientes aprenderam a gerar diversos padrões,
correspondentes às diversas letras e a uma barra de espaço.
Ou seja, é como se os pacientes "digitassem
mentalmente" seus pensamentos.
Para cada letra, os participantes precisam
executar uma tarefa mental diferente por um determinado período de
tempo.
As tarefas - que incluem falar consigo mesmo,
imaginar um movimento e fazer um cálculo mental - foram escolhidas porque é
possível identificá-las com precisão no exame de fMRI. Hoje ainda não é
possível, por exemplo, identificar quando a pessoa pensa em um "A" ou em
"B".
As três tarefas foram combinadas com durações de
cada tarefa e com a demora para iniciar a execução de cada uma delas. Assim, 3
tarefas, com 3 durações diferentes, iniciadas em três tempos diferentes,
perfazem 27 possibilidades: as 26 letras mais o espaço.
Não se trata, portanto, a rigor, de leitura da
mente, no sentido de que uma máquina estaria lendo os pensamentos, mas de uma
leitura do cérebro: o paciente deve executar, intencionalmente, tarefas mentais
que o exame de fMRI decodifica como sendo cada uma das letras.
Sintetizador de pensamentos
A técnica ainda é incrivelmente lenta: leva cerca
de uma hora para uma "conversa" consistindo de duas perguntas e duas
respostas.
Mas o avanço é significativo em relação à
"comunicação de múltipla escolha" feita até agora, quando os pacientes apenas
podiam marcar sim ou não a perguntas que lhes eram feitas.
Agora o paciente pode se comunicar livremente,
mostrando sua mensagem letra por letra.
Isto pode fazer toda a diferença para pessoas
completamente paralisadas, que não conseguem se beneficiar de outras técnicas de
comunicação.
Prática
Os cientistas sabem que é pouco prático usar a
fMRI para conversar com os pacientes, uma vez que estes são equipamentos
caríssimos e enormes, e que estão disponíveis apenas em alguns poucos centros
médicos.
Por isso, a Dra. Bettina afirma que, agora que se
demonstrou que a técnica funciona, ela e seus colegas vão tentar executá-la com
equipamentos e exames mais simples, como a espectroscopia funcional no
infravermelho próximo (fNIRS).
Claudio Conti* comenta
Os avanços nesta área estão acontecendo de uma
forma gradual, mas constante. Com certa frequência, são divulgadas, nos meios de
comunicação, descobertas e possibilidades novas. Sem sombra de dúvidas que é uma
possibilidade muito promissora e que, uma vez estabelecida, será uma ferramenta
fundamental para muitos que se encontram impossibilitados de realizar alguma
tarefa, decorrente das mais variadas limitações físicas e/ou mentais. A ciência
bem aplicada deve servir para auxiliar a humanidade no que for possível,
especialmente nos casos em que minimize sofrimentos e limitações na qualidade de
vida. A encarnação consiste em nos desenvolvermos intelectualmente, superando as
dificuldades que ela impõe e, nesta caminhada, auxiliar o próximo.
Todavia, é importante ressaltar que existe, muitas
vezes, certa confusão entre "mente" e "cérebro" e os conceitos se confundem,
tomando um pelo outro. Na reportagem em questão, esta diferença é explicada,
apesar da ambiguidade do uso, mas a grande maioria não apresenta a distinção.
Estas pesquisas detectam ondas cerebrais ou ativação de áreas do cérebro, que
são distintas das ondas mentais. As ondas cerebrais são decorrentes dos
processos que ocorrem no cérebro, variado em frequência. Assim, cada frequência
corresponderia a um processo que seria decodificado pelo equipamento. Em
contrapartida, as ondas mentais são exteriorizações decorrentes dos processos
mentais e podem irradiar a grandes distâncias, carregando consigo a informação
inerente ao processo que deu origem. As ondas mentais corresponderiam ao que é
denominado de "pensamento" pela Doutrina Espírita, quando, por exemplo, Kardec
diz que "para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para
o homem." (A Gênese, Capítulo XIV.)
As ondas mentais ainda não são detectadas por
instrumentos. Os seus efeitos são percebidos de outras formas mais subjetivas.
Vários experimentos foram realizados utilizando sensitivos e um experimento em
particular é muito conhecido, chamado de "dupla fenda", onde elétrons se
comportam diferentemente dependendo da ação ou não de um observador para uma
mesma configuração. Muitos destes estudos são debatidos no livro Entangled
Minds: Extrasensory Experiences in a Quantum Reality (Mentes Entrelaçadas:
Percepção Extra-sensorial em uma Realidade Quântica - tradução livre), escrito
por Dean Radin.
* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em
Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de
Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em
cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e
Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium
pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com.
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