terça-feira, 9 de outubro de 2012

Qual sua opinião?

O Pedro, do Espiritismo.Net, escreveu falando sobre suas sugestões para os congressos Espíritas.
Agora, esperamos Vc trocar ideias conosco acerca dessas sugestões e também nos falando quais seriam as suas sugestões.
Aguardamos Vc! :)
Beijos e Abraços
 
De: Pedro Vieira
Data: 30 de setembro de 2012 00:10
Assunto: Sugestões para os Congressos Espíritas


Caros confrades,

Reverencio as boas intenções em reunir os espíritas do RJ em torno de uma proposta de estudos.

Nos congressos acadêmicos, os trabalhos são reunidos por área de interesse, selecionados por mérito e importância, e publicados a posteriori nos anais do evento, tanto em formato digital quanto impresso, disponíveis para acompanhamento e consulta sem limites. Isso permite que novos trabalhos possam se basear nos antigos e, com isso, facilitar o progresso do conhecimento, no caso da Ciência.

No campo empresarial, os congressos são menos democráticos, mas, em compensação, possuem diversas formas de contato interpessoal, como feiras e intervalos onde o networking é não só possível como estimulado. É onde nascem os negócios, conectados sempre com o objeto do congresso. No final, é comum que um palestrante-chave faça um resumo de todas as apresentações e gere, com isso, um resumo útil a todos.

Ambos os modelos evoluíram muito de 60 anos para cá, notadamente após a Segunda Guerra com as técnicas de mercadologia e o advento da computação, na década de 1970, e da Internet, nos anos 90.

E os congressos espíritas? Desde as narrativas de Denis e Delanne dos primeiros encontros no início do século XX, o que progrediu? Será que esse gênero de encontro tem sido vanguarda, como sonhou Kardec, ou retaguarda dos progressos da própria sociedade? Pior: será que regredimos com relação ao que lemos, por exemplo, em "No Invisível"?

Será que a juventude que compra pelo celular, compartilha sua vida no Facebook e estuda no tablet é atraída para um formato expositivo puro, como as palestras em nossas Casas Espíritas, iguais às que existem há mais de 100 anos no Brasil? Será que atingimos o público que tomará o Espiritismo em seu lombo para divulgá-lo em breve de forma eficaz?

Em 1996, fundei junto com poucos amigos o trabalho que hoje se tornou o Espiritismo.Net, o maior site espírita colaborativo da Internet, que originou outras tantas tarefas no mundo virtual. Na época, falar em divulgar a Doutrina Espírita na Internet era sinônimo de obsessão. E hoje? O que ainda ignoramos hoje?

Todos esses questionamentos têm por objetivo enviar a vocês sugestões simples, baseadas em experiências diversas nos mundos acadêmico e empresarial, e também na carreira de educador, para que nossos congressos espíritas não sejam autofágicos e se tornem úteis a todos, gerem produtos reais, e sejam eficazes na divulgação da ideia espírita. Tentarei ser objetivo e direto.

(1) É preciso que um encontro gere um produto que tenha relação com o tema abordado. No caso, uma carta de intenções, uma orientação aos Centros Espíritas, relacionado com as posturas para a valorização da vida, em diversas áreas. Isso está fora dos objetivos divulgados por vocês. Sem produto, o fruto é restrito, e suas conquistas são efêmeras. Léon Denis relata produtos claros dos primeiros congressos espíritas: deliberações, orientações, análises. Andamos para trás?

(2) É importante que o material gerado no congresso esteja disponível automaticamente, em formato autoexplicativo, a quem desejar, de forma simples. Caso o expositor não use slides, pedir que gere um resumo escrito e didático é sempre uma ideia útil.

(3) O afastamento que o movimento espírita brasileiro criou do Plano Espiritual, elegendo sacerdotes no lugar da metodologia kardequiana fecha as portas a uma oportunidade única: a de obtenção e análise de orientações relacionadas a problemas cotidianos, de uma forma estruturada. Os desencarnados não conseguem mais crachá de participantes em nossos congressos espíritas. Não parece um contrasenso? E é. Por que não reunir médiuns de diversas Casas e fazer reuniões instrutivas com objetivo de obter orientações ligadas ao tema, de forma atual, compará-las criticamente e submeter seu senso geral ao crivo do bom senso, divulgando-o como produto mediúnico? Em um congresso brasileiro da FEB em Brasília há alguns anos atrás vi uma cena patética, e, envergonhado, me retirei do recinto: o excelente médium Divaldo Franco recebeu uma psicografia especular com xenoglossia e, ANTES QUE SE LESSE A MENSAGEM, o público aplaudiu o fenômeno, numa prova de ignorância kardequiana total, que manda que seja analisado o conteúdo e não a forma de uma mensagem. É isso que queremos? Se não for, o congresso é a hora de fazer e ensinar a fazer diferente.

(4) Ao invés de selecionar expositores com conhecimentos muito questionáveis da Doutrina Espírita (mas eventualmente com algum cargo em alguma instituição), por que não deixar uma parte do congresso para submissão de trabalhos, analisados por seu conteúdo por uma comissão do CEERJ? Isso estimularia os anônimos a expor suas ideias e seus trabalhos e nos ajudaria a nos afastar do modelo sacerdotal-católico que tem tomado conta de nosso movimento nos últimos anos, no Brasil.

Vejo que temos uma escolha: ou damos à mensagem espírita uma finalidade que responda aos anseios do mundo moderno, insuflando novamente, como fez Kardec, o Espiritismo com vida e dinamismo, ou os revolucionários que ditaram a Codificação certamente encontrarão outros caminhos, fora, distante do Movimento Espírita, para continuarem seu trabalho de progresso para a Humanidade. O trem está partindo. Cabe-nos escolher o lugar: maquinistas, passageiros ou, pior, esquecidos na estação. Ainda há tempo.

Abraços,
Pedro Vieira 
 Rio de Janeiro - RJ/Brasil

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