quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Primeiro Ano – 1858

Revista Espírita, dezembro de 1858
Variedades - Monomania religiosa
Leu-se, na Gazette de Mons: "Um indivíduo atacado de monomania religiosa, seqüestrado há sete anos no estabelecimento do senhor Stuart, e que até ali se mostrara de uma natureza muito doce, chegou a enganar a vigilância de seus guardas e a se apoderar de uma faca.
 
Estes, não podendo fazê-lo devolver essa arma, informaram o diretor do que se passava.
 
"O senhor Stuart logo se colocou perto desse furioso, e, não consultando senão sua coragem, quis desarmá-lo; mas, apenas havia dado alguns passos ao encontro do louco, este se arrojou sobre ele com a rapidez do relâmpago e o atingiu a golpes redobrados. Não foi senão com muita dificuldade que se chegou a dominar o assassino.
 
"Das sete feridas, com as quais o senhor Stuart fora atingido, uma era mortal: a que recebera no baixo ventre; e segunda-feira, às três horas e meia, sucumbiu em conseqüência de uma hemorragia que se declarara nessa cavidade."
 
Que se diria se esse indivíduo estivesse atacado de uma monomania espírita, ou mesmo se, em sua loucura, tivesse falado de Espíritos? E todavia isso se poderia, uma vez que há muitas monomanias religiosas, e todas as ciências forneceram seu contingente. Que se poderia racionalmente disso concluir contra o Espiritismo, senão que, em conseqüência da fragilidade de sua organização, o homem pode se exaltar sobre esse ponto como sobre tantos outros? O meio de prevenir essa exaltação não é combater a idéia; de outro modo se correria o risco de se ver renovarem os prodígios das Cévènes. Se jamais se organizasse uma cruzada contra o Espiritismo, vê-lo-íamos propagar-se mais e mais; por que, como se opor a um fenômeno que não tem nem lugar nem tempo preferidos; que pode se reproduzir em todos os países, em todas as famílias, na intimidade, no segredo mais absoluto, melhor ainda que em público?
 
O meio de prevenir os inconvenientes, dissemo-lo em nossa Instrução prática, é fazê-lo compreender de tal modo que nele não se veje mais que um fenômeno natural, mesmo naquilo que ofereça de mais extraordinário.
 
(Enviado pelo JoellSilva via email)

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