sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Richard Simonetti responde: Fatalidades.

1 - Os construtores do navio Titanic apregoavam que “nem Deus afundará nosso navio”. Deus castigou?
O despótico Jeová da tradição mosaica, que se vinga até a quarta geração daqueles que o aborrecem, como está no texto bíblico, é mera fantasia. Somente um Deus antropomórfico, a refletir as fraquezas humanas, promoveria um tragédia para “castigar” alguns presunçosos.
2 – Se não foi Deus, quem afundou o grande navio?
Em primeiro lugar, a desonestidade. Recentes pesquisas revelam que o aço empregado na construção do navio era quebradiço e poroso, de qualidade inferior, que jamais poderia ser usado em embarcação de tal porte. Houve deu mais lucro para os fornecedores, mas irreparável prejuízo de vidas humanas, vitimando 1.513 pessoas.
3 – E o que mais?
A imprudência e a incompetência. Havia a intenção de bater o recorde de tempo na travessia do Atlântico. O navio seguia a pleno vapor, uma temeridade num mar gelado, minado de icebergs. Por outro lado, a desastrada manobra do comandante, que ao tentar conter o navio, revertendo as máquinas, jogou o frágil costado no gigante de gelo.
4 – não poderíamos debitar a tragédia à fatalidade?
A morte é uma fatalidade – todos morreremos um dia. Mas não há um dia certo para morrer. Depende das contingências geradas pelas ações humanas. Tragédias como a titanic seriam evitadas se os homens agissem sempre orientados pela prudência, a distância das ambições e paixões que costumam inspirá-los.
5 – As pessoas que morreram no naufrágio do Titanic não estavam pagando dívidas?
Se alguém, pela sua índole e os crimes que cometeu é remetido a uma prisão destinada a prisioneiros de alta periculosidade, poderá ser assassinado, seviciado, agredido, sem que isso faça parte de sua pena. O egoísmo, motivação maior do espírito humano, sujeita-nos a residir num planeta de provas e expiações, onde muitos males podem nos atingir, sem que, necessariamente, façam parte de nosso destino. Nós os merecemos, pelo simples fato de estarmos aqui.
6 – Então aquelas mortes não estavam “escritas”, conforme o maktub da tradição oriental?
Sabe-se que a grande maioria dos que morreram estavam na terceira classe, destinada aos passageiros de baixa renda. Não havia barcos salva-vidas para eles. Só o mais retrógrado e fantasioso preconceito poderá imaginar que entre os pobres estaria a quantidade maior de “pecadores”, cumprindo suposto carma. Foi a odiosa discriminação que os vitimou. Deus nos dá o dom de viver. As condições de vida e as contingências da morte, nós as fazemos.
7 – E como fica a idéia de que “não cai folha de uma árvore sem que seja pela vontade de Deus?”, conforme está no Evangelho?
É preciso entender essa vontade como consentimento. Não posso imaginar assassinatos e estupros, genocídios e atrocidades cometidos pela vontade de deus. Deus consente, permitindo-nos exercitar o livre-arbítrio, mas responderemos sempre por nossas ações, quando levarem prejuízo ao semelhante.
8 – Isso significa que no futuro, numa humanidade disciplinada e moralizada, tragédias como a do titanic não acontecerão?
Certamente. Observemos que nos últimos anos houve sensível redução no número de mortes nas estradas brasileiras. Haverá menos problemas cármicos hoje? Negativo! Esse resultado é fruto do novo código de trânsito. Mais rigoroso, impõe multas pesadas e sanções severas aos infratores, disciplinando o comportamento dos motoristas.

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