quinta-feira, 18 de abril de 2013

Revista Espírita: Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas

Agosto de 1859


Nota. A partir de hoje, publicamos, como havíamos anunciado, o Boletim dos trabalhos da Sociedade. Cada número conterá os das sessões que ocorreram no mês precedente. Esses boletins não conterão senão o resumo sucinto dos trabalhos e das atas de cada sessão; quanto às comunicações mesmas que nelas são obtidas, assim como as de origem estrangeira da qual foi feita a leitura, sempre as publicamos integralmente, todas as vezes que elas ofereçam um lado útil e instrutivo. Continuaremos a fazê-lo lembrando, como o fizemos até o presente, a data das sessões que elas ocorreram. A grande quantidade de matérias e as necessidades da classificação, freqüentemente, nos obrigam a modificar a ordem de certos documentos; mas isso não leva a nenhuma conseqüência, já que, cedo ou tarde, encontram seu lugar.
SEXTA-FEIRA. 1º DE JULHO DE 1859 (Sessão particular).
Assuntos administrativos. - Admissão do senhor S..., membro correspondente em Bordeaux.
Adiamento, até mais ampla informação, de dois membros titulares presentes nos dias 10 e 17 de junho.
Designação de três novos comissários-introdutores para as sessões gerais.
Leitura da ata e dos trabalhos da última sessão.
Comunicações. - O senhor Allan Kardec anuncia que viu o senhor W... filho, de Boulogne-sur-Mer, que foi questão na revista de dezembro de 1858, a propósito de um artigo sobre o fenômeno de bicorporeidade, e que lhe confirmou o fato de sua presença simultânea em Boulogne e em Londres.
Carta do senhor S..., correspondente de Bordeaux, contendo detalhes circunstanciados sobre os fatos notáveis de manifestações e aparições que são de seu conhecimento pessoal, da parte de um Espírito familiar. (Carta publicada acima, assim como evocação feita a esse respeito.)
O senhor doutor Morhéry homenageou a Sociedade com duas cantatas, das quais o autor, pelas palavras, intituladas, uma a Italie a outra a Venitienne. Embora essas duas produções sejam completamente estranhas aos trabalhos da Sociedade, ela as aceita com reconhecimento, e por elas agradece ao autor.
O senhor Th... observou, a propósito da comunicação de Cristóvão Colombo, obtida na última sessão, que suas respostas relativas à sua missão e à dos Espíritos em geral, parecem consagrar a doutrina da fatalidade.
Vários membros contestam essa conseqüência das respostas de Cristóvão Colombo, tendo em vista que a missão não tira a liberdade de fazer ou de não fazer. O homem não é arrastado fatalmente a fazer tal ou tal coisa; poder-se-ia que, como homem, ele agisse mais ou menos cegamente; mas como Espírito, tem sempre a consciência do que faz, e permanece sempre senhor de suas ações. Supondo que o princípio da fatalidade decorresse das respostas de Colombo, isso não seria uma consagração de um princípio que os Espíritos combateram em todos os tempos. Isso não seria, em todos os casos, senão uma opinião individual: ora, a Sociedade está longe de aceitar, como verdade refutável, tudo o que dizem os Espíritos, porque sabe que podem se enganar. Um Espírito poderia dizer muito bem que é o Sol que gira e não a Terra, e isso não seria mais verdadeiro porque viera de um Espírito. Tomamos as respostas por aquilo que elas valem; nosso objetivo é estudar as individualidades, qualquer que seja seu grau de superioridade ou inferioridade, e aí tomamos o conhecimento do estado moral do mundo invisível, não dando a nossa confiança às doutrinas de Espíritos senão quando não ferem nem a razão, nem o bom senso, e que nela encontremos a verdadeira luz. Quando uma resposta é evidentemente ilógica e errônea, disso concluímos que o Espírito que a deu está ainda atrasado, eis tudo. Quanto às de Colombo, elas não implicam, em nenhum aspecto, a fatalidade.
Estudos. - Perguntas sobre as causas do prolongamento da perturbação no doutor Gloyer, evocado em 10 de junho.
Perguntas sobre as causas da sensação física dolorosa produzida no senhor W... filho, de Boulogne, por Espíritos sofredores.
Perguntas sobre a teoria da formação de objetos materiais, no mundo dos Espíritos, tais como vestimentas, jóias, etc.; sobre a transformação da matéria elementar pela vontade do Espírito. Explicação do fenômeno da escrita direta. (Ver nosso artigo precedente, página, 197.)
Evocação de um oficial superior morto em Magenta (2ª conversa); perguntas sobre certas sensações de além-túmulo.
O senhor S... propôs evocar o senhor M..., desaparecido há um mês, a fim de saber se ele está morto ou vivo. São Luís, interrogado a esse respeito, disse que essa evocação não pode ser feita; que a incerteza que reina sobre a sorte desse homem tem um objetivo de prova, e que mais tarde, pelos meios comuns, saber-se-á o que lhe ocorreu.




SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 1859 (Sessão geral).
Leitura da ata e dos trabalhos da última sessão.
Comunicações. - Leitura de duas comunicações espontâneas obtidas pelo senhor R..., membro titular; uma de São Luís, contendo conselhos, à Sociedade, sobre o modo de apreciação das respostas dos Espíritos, a outra de Lamennais. (Elas serão publicadas no próximo número.)
Leitura de uma notícia sobre o diácono Paris e os convulsionários de Saint-Médard, preparada pelo comitê dos trabalhos, para servir de objeto de estudo.
O senhor Didier, membro titular, dá conta de preciosas experiências que fez sobre a escrita direta e dos resultados notáveis que obteve.
Estudos. - Evocação do guia ou Espírito familiar da senhora Mally, de Bordeaux, a propósito da notícia transmitida pelo senhor S..., sobre os fatos e manifestações produzidos na casa dessa senhora, e lido na última sessão.
Evocação do senhor K..., morto em 15 de julho de 1859, no departamento da Sarthe. O senhor K..., homem de bem, muito esclarecido, versado nos estudos espíritas, essa evocação, feita a pedido de seus parentes e amigos, constatou a influência desses estudos sobre o estado de desligamento da alma depois da morte. Por outro lado, ela revelou espontaneamente o fato importante das visitas espíritas noturnas entre o Espírito de pessoas vivas. Desse fato decorrem conseqüências sérias, para a solução de certos problemas morais e psicológicos.
sexta-feira, 15 DE julho DE i859(Sessão particular).
Leitura da ata e dos trabalhos da última sessão.
Assuntos administrativos. O senhor presidente, a pedido de vários membros, e considerando que muitas pessoas estão ausentes dessa sessão, propôs que conforme o uso estabelecido em todas as sociedades, seja dado algum tempo de férias.
A Sociedade decide que suspenderá as suas sessões durante o mês de agosto, e que serão retomadas sexta-feira, 2 de setembro.
O senhor Cr..., secretário adjunto, escreveu para pedir a sua substituição, por motivo de novas ocupações que não lhe permitem assistir, regularmente, ao começo das sessões. Ulteriormente será providenciada a sua substituição.
Comunicações. - Leitura de uma carta do senhor Jobard, de Bruxelas, presidente honorário da Sociedade, que dá conta de vários fatos relativos ao Espiritismo, e endereçou a Sociedade uma canção intitulada Chant du Zoua-ve, que foi inspirada pela evocação tio Zuavo de Magenta, narrada na Revista do mês de julho; foi cantada num teatro de Bruxelas. O objetivo dessa canção, onde se desdobra a verve espiritual do autor, é mostrar que as idéias espíritas têm, por efeito, o objetivo de destruir as apreensões da morte.
O senhor D... dá conta de novos fatos de escrita direta, que obteve em Louvre e em Saint-Germain-l'Auxerrois. (Ver artigo, página 205.)
Leitura de uma carta escrita ao senhor presidente a respeito da tempestade de Solferino. O autor assinala vários outros fatos análogos, e pergunta se não há alguma coisa de providencial nessa coincidência. Chegou a essa questão na segunda conversa com o oficial superior morto em Magenta. De resto, ela será objeto de um exame mais aprofundado.
Carta da senhora L..., na qual essa senhora dá conta de uma mistificação, da qual foi objeto, da parte de um Espírito malévolo que disse ser São Vicente de Paulo, e que a enganou com uma linguagem em aparência edificante e detalhes circunstanciais sobre ela e sua família, para induzi-la em seguida à deligências comprometedoras. A Sociedade reconhece, por essa própria carta, que esse Espírito revelara sua natureza por certos fatos com os quais não era possível se enganar.
Estudos. - Problemas morais e questões diversas: Sobre o mérito das boas ações tendo em vista a vida futura; - sobre as missões espíritas; - sobre a influência do medo ou do desejo da morte; - sobre os médiuns intuitivos.
Perguntas sobre as visitas noturnas entre as pessoas vivas.
Evocação do diácono Paris.
Evocação do falso São Vicente de Paulo, Espírito mistificador da senhora L...
SEXTA-FEIRA, 22 DE JULHO DE 1859 (Sessão geral).
Leitura da ata e dos trabalhos da última sessão.
Comunicações. - Leitura de uma comunicação particular do senhor R..., membro titular, sobre a teoria da loucura, dos sonhos, das alucinações e do sonambulismo, pelo Espírito de François Arago e de São Vicente de Paulo. Essa teoria é um desenvolvimento racional e sábio dos princípios já emitidos sobre essa matéria. (Ela será publicada no próximo número.)
O senhor R... dá conta de um fato recente de aparição. Estava ligado com o senhor Furne. No sábado, 16 de julho, dia do enterro desse último, durante a tarde, o senhor Furne se apresentou à mulher do senhor R..., com a aparência que ele tinha quando vivo, e procurava dela se aproximar, ao passo que um outro Espírito, mas do qual não podia distinguir o rosto, tinha o seu corpo abraçado, e procurava afastá-lo. Comovida com essa aparição, cobriu os olhos, mas continuou a vê-lo como antes. _No dia seguinte, essa senhora, que é médium escrevente, assim como seu marido, se pôs a traçar convulsivamente caracteres irregulares que pareciam formar o nome de Furne. Um outro Espírito interrogado sobre esse fato respondeu que, com efeito, o senhor Furne queria se comunicar com eles, mas que no estado de perturbação em que se encontra ainda, ele se reconhecia com dificuldade; acrescentou que era necessário esperar oito dias antes de evocá-lo e que, então, ele poderia manifestar-se livremente.
O senhor doutor V... dá conta de um fato de previsão espírita, realizado em sua presença, e tanto mais notável que a precisão de datas é muito rara da parte dos Espíritos. Há cerca de seis semanas, uma senhora de seu conhecimento, muito boa médium escrevente, recebeu uma comunicação do Espírito de seu pai; de repente, e sem provocação, este último põe-se a falar espontaneamente da guerra da Itália. A esse propósito, perguntou-lhe se ela acabará logo. Ele respondeu: No dia 11 de julho a paz será assinada. Sem ligar muita importância a essa previsão, o senhor V... encerrou essa resposta num envelope lacrado que remeteu a uma terceira pessoa, com recomendação de não abri-lo senão depois de 11 de julho. Sabe-se que o acontecimento se realizou como havia sido anunciado.
E notável que quando os Espíritos falam de coisas futuras fazem-no espontaneamente, porque, sem dúvida, eles julgam útil fazê-lo, mas isso jamais ocorre quando são provocados por um motivo de curiosidade.
Estudos. - Problemas morais e questões diversas. Perguntas complementares sobre o mérito de boas ações; - sobre as visitas espíritas; - sobre a escrita direta.
Perguntas sobre a intervenção dos Espíritos nos fenômenos da Natureza, tais como as tempestades, e sobre as atribuições de certos Espíritos.
Perguntas complementares sobre o diácono Paris e os convulsionários de Saint-Médard. - Evocação do general Hoche.

Fonte: www.espirito.org.br

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