Eu gostaria de informações sobre Regressão de memória.
Aqui vão 3 artigos espíritas que abordam o tema . Verá que há
alguma controvérsia mesmo no meio espírita.
TERAPIA DE VIDAS PASSADAS
Extraído do livro Loucura e Obsessão - pelo espírito Manoel
P. Miranda, psicog. de Divaldo P Franco
"A terapia de vidas passadas é conquista muito importante,
recentemente lograda pelos nobres estudiosos das "ciências da alma". Como ocorre
com qualquer terapêutica, tem os seus limites bem identificados, não sendo uma
panacéia capaz de produzir milagres. Em grande número de casos, os seus resulta
os são excelentes, principalmente pela contribuição que oferece, na área das
pesquisas sobre a reencarnação, entre os cientistas. Libera o paciente de muitos
traumas e conflitos, propiciando a reconquista do equilíbrio psicológico, para a
regularização dos erros pretéritos, sob outras condições. Mesmo ai, são exigidos
muitos cuidados dos terapeutas, bem como conhecimento das leis do
reencarnacionismo e da obsessão, a fim de ser levado a bom termo o tratamento,
nesse campo. Outrossim, nesta, mais do que em outras terapias, a conduta moral
do agente deve ser superior, de tal forma que não se venha a enredar com os
consócios espirituais do seu paciente, ou que não perca uma pugna, num
enfrentamento com os mesmos, que facilmente se interpõem no campo as evocações
trazidas à baila... Ainda devemos considerar que cristalizações de longo
período, no inconsciente, não podem ser arrancadas com algumas palavras e
induções psicológicas de breve duração. Neste setor, além dos muitos cuidados
exigíveis, o tempo e fator de alto significado, para os resultados salutares que
se desejam alcançar.
"Inicialmente, em se considerando a intensidade da alienação
de Aderson, com o seu total alheamento ao mundo objetivo, nada seria conseguido
com essa terapia, em face da sua total ausência de respostas aos estímulos
externos. Demais, se ora passível fazé-lo, numa fase menos grave, o seu
reencontro com toda a gama de fatos danosos praticados produzir-lhe-ia tal
horror, que a demência o assaltaria da mesma forma. Desejando esquecer, não
dispõe de forças para enfrentar-se e superar todos os prejuízos ocasionados às
suas vítimas. Desta forma, o recurso que ora se lhe aplica, nesta Casa, embora
haja outros, fará que, a pouco e pouco, retorne à lucidez, e, quiçá, ao
interesse pela vida. Por fim, um recurso terapêutico com eficiência imediata
somente resultaria positivo num paciente cujo mérito lhe facultasse a
recuperação, porque os fatores que geram a enfermidade, na condição de
regularizadores das dividas, não podem ficar esquecidos, quando da reconquista
da saúde por pane de quem os sofre. Isto ocorre em todos os campos da vida,
exceto quando a misericórdia de acréscimo funciona, liberando o ser de uma forma
de provação, para que outro recurso regenerador, pela ação do bem praticado,
seja posto em campo. A verdade é que a divida se torna o sinal de identificação
de quem delinqüi, esperando a justa regularização. Até esse momento, auxiliemos
conforme nos esteja ao alcance.
TERAPIA DAS VIDAS PASSADAS
Do livro A Força das Ideias de Richard Simonetti Ed. O Clarim
Nota-se certa resistência à Terapia das Vidas Passadas, no
meio espírita. Por quê?
Parece-me que não é bem isso. Enfatiza-se que a TVP é um
recurso terapêutico a ser aplicado por profissionais habilitados - médicos e
psicólogos -, e não um exercício de ajuda espiritual no Centro Espírita.
>Será prudente essa incursão pelo passado das pessoas, considerando, como
explica a Doutrina Espírita, que o esquecimento é uma bênção?
Aprendemos com o Espiritismo que a dor, em suas várias
manifestações, é uma bênção. Nem por isso a Doutrina considera imprudente o
empenho da medicina em aliviá-la.
3- Circula em vários periódicos-espíritas uma manifestação de
Emmanuel, em psicografia de Chico Xavier, condenando a regressão. O que dizer
disso?
Com a sabedoria que o caracteriza, Emmanuel pondera a
inconveniência da regressão inspirada em mera curiosidade. A TVP não se enquadra
nessa condição. Apenas procura identificar circunstâncias traumatizantes que
originaram determinados estados patológicos, favorecendo a recuperação do
paciente.
4- Mas isso não seria indébita interferência no carma?
Todas as disciplinas terapêuticas da medicina, inclusive a
TVP, são recursos facultados pela misericórdia divina, atenuando os efeitos de
nossas defecções no pretérito. As causas geradoras estão em nossas mazelas.
Estas somente nós mesmos teremos condições de eliminar com o esforço em favor de
nossa renovação.
5- E quanto ao fato da TVP envolver riscos?
Viver é um risco. Há pessoas que sofrem choques anafiláticos
ingerindo uma aspirina. No entanto, ela tem beneficiado a milhões de indivíduos.
Justamente pelos riscos que envolve, a TVP deve ser aplicada por profissionais
habilitados.
6- Poderíamos situar a TVP na área da ciência espírita?
Penso que não devemos situá-la em área nenhuma da Doutrina,
muito menos na área do Centro Espírita, a envolver confrades despreparados.
Não obstante, a TVP trabalha em favor do Espiritismo, na
medida em que familiariza o profissional com_ a reencarnação. Ele fatalmente
acabará por admiti-Ia. É a única explicação lógica para os fenômenos de
regressão que terá a oportunidade de observar, colocando-o em contato com vidas
anteriores do paciente.
"É preciso grande equilíbrio para podermos recordar,
edificando."1
GERALDO GOULART Publicado em "Reformador" FEB Julho, 1998
Recente reportagem veiculada na TV abordou problemas ocorridos no Exterior com
pessoas que se entregaram a experimentadores no Trabalho de regressão de
memória. De acordo com a matéria, alguns dos que se submeteram à regressão
induzida não conseguiram voltar à lembrança da vida atual, como se estivessem
prisioneiros das lembranças de vida anterior. Outros estacionaram na faixa
etária infantil exprimindo linguagem e trejeitos de crianças de pouca idade.
Não vamos, aqui, analisar a proficiência dos magnetizadores
nem o risco a que se submetem os magnetizados que se aventuram nesse campo ou
mesmo a propriedade de tal recurso. Isso porque é discutível o argumento que
defende o uso da regressão de memória no campo da psiquiatria ainda que com
finalidades terapêuticas.
Na maioria dos casos conhecidos de regressão de memória, o
pesquisado emerge do mergulho nos refolhos da consciência com a "descoberta" de
que foi uni grande rei, príncipe ou senhor de muitos haveres, etc. Nenhuma
referência a vidas humildes. Apenas as situações de destaque. Será afago ao ego
de quem pagou pelo trabalho? Não sabemos.
O esquecimento do passado é benção que faculta a imersão
total em uma nova existência para os justos resgates, propiciando, com tal
anestesia, a assunção das novas diretrizes retificadoras. Não é por acaso,
conforme nos orienta a Doutrina Espírita, que um véu é interposto sobre a
bagagem consciência do pretérito e a atual.
Crendo na Sabedoria e Justiça do Sempiterno, não nos é
lícito negar que se fosse de alguma utilidade a lembrança de uma ou mais
existências anteriores, isso, de berço, ser-nos-ia facultado. Da mesma forma que
não trazemos, presentemente, no campo da consciência, os registros das
impressões passadas, também na desencarnação isso não ocorrerá de chofre, mas
apenas de forma gradual e acorde com as necessidades do indivíduo. Por oportuno,
lembramos que André Luiz (Espírito), questionava a Sra. Laura quanto às
recordações do seu passado espiritual. O que causava estranheza a André era a
constatação de que ele, já desencarnado, não acessava qualquer informação do seu
pretérito. Incontido, perguntou: - "A senil ora recordou o passado, logo após
sua vinda, ou esperou o concurso do tempo?" Ao que respondeu a matrona: " -
Esperei-o (...); antes de tudo, é indispensável nos despojarmos das impressões
físicas. As escamas da inferioridade são muito fortes. É preciso grande
equilíbrio para poderemos recordar, edificando. Em geral, iodos temos erros
clamorosos, nos ciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometido costuma
considerar-se o mais desventurado do Universo; e quem recorda o crime de que foi
vítima, considera-se em conta de infeliz, do mesmo modo. Portanto, somente a
alma, muito segura de si, recebe tais atributos como realização espontânea. As
demais são devidamente controladas no domínio das reminiscências, e, se tentam
burlar esse dispositivo da lei, não raro tendem ao desequilíbrio e ã loucura.
Allan Kardec, com sua capacidade de síntese, brindou aos
estudiosos com o seguinte comentário:
"Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a
que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus
entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito,
a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos,
humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar
o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável per
turbação nas relações sociais.
É provável que a geratriz desse comentário tenha sido a
pergunta 392 de "O Livro dos Espíritos" (FEB) onde, à indagação: "-Por que perde
o Espírito encarnado a lembrança do seu passado?" a Entidade comunicante
responde:
"Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em
sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como
quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado ele
é mais senhor de si" (Grifos do original.)
Por todos os lados, as mais variadas mensagens
prodigalizam-nos a oportunidade de desenvolver tão preciosa informação para o
arrefecimento da curiosidade quanto às vidas passadas. Para quem não resista a
esse impulso, indica Kardec uma possibilidade de se atingir o conhecimento.
Basta consultar o parágrafo sexto do seu comentário à pergunta 399 da citada
obra básica.
Inferindo o pretérito pelo nível ou qualidade da condição
atual, sem dificuldade se poderá entender por que Emmanuel nos adverte: "Faz-se
mister olvidar o passado para que se alcance êxito na luta."
Pelas informações de D. Laura a André Luiz verifica-se que a
regressão de memória, no plano espiritual, só ocorre quando necessário; eqüivale
dizer, quando de utilidade para o desencarnado.
Gabriel Delanne lança mais luzes sobre o assunto comentando,
tecnicamente: "Na acepção comum do vocábulo, a memória compreende, para toda a
gente, três coisas, a saber: a conservação de certos estados, sua reprodução e
sua localização no passado." (Destaques do Autor.)
Mais além, praticamente explicitando a regressão de memória
(...) a atenção redunda no aumento de capacidade
motomuscular, ao passo que diminui o tempo de reação. Quando, voluntariamente,
concentramos o pensamento numa coisa que desejamos recordar, enviamos na sua
direção uma série de influxos sucessivos, que objetivam dar ao movimento
perispirítico o mesmo período vibratório que ele tinha, pode dizer-se, um tanto
mais fraco, no momento em que fora registrado, isto é, percebido. Essa
repetência de excitação, provocando, por superatividade funcional, uma espécie
de congestionamento do órgão material, produz, abaixo mesmo dos limites da
consciência, uma espécie de atenção passiva. Depois de uma série de excitações
da mesma intensidade, com exclusão das primeiras, naturalmente insensíveis, a
recordação torna-se nítida, muito embora momentos antes a lembrança não
existisse"6
Queremos lembrar, ao final, que um dos maiores tormentos da
criatura humana - a obsessão, mal insidioso e silente - via de regra deriva de
atos obscuros, equivocados mas ainda reparáveis, cometidos no passado. O
tratamento dos problemas pela única via possível, a espiritual, favorece a
identificação das geratrizes que patrocinaram escabrosas perseguições no tempo.
Daí concluirmos, com Hermínio C. Miranda: "O esquecimento proporcionado ao
Espírito, na fase da reencarnação, é uma bênção, uma concessão, para que ele
tente a reconstrução de si mesmo, como se estivesse momentaneamente desligado
das suas culpas, embora ainda responsável por elas. Com a finalidade de
conceder-lhe todas as oportunidades, e colocar à sua disposição os melhores
instrumentos, o esquecimento do passado Constitui dádiva preciosa, que nem
sempre ele sabe avaliar. Retornando, não obstante, à sua condição de Espírito
desencarnado, pode ser- lhe facultado o acesso à memória integral, para que faça
um inventário geral de seu acervo espiritual - as aflições que remanescem e as
conquistas que já conseguiu realizar."
Se os filtros do Espírito nos permitem atingir no campo das
recordações tudo o que seja necessário a cada etapa, para que nos expormos a um
sensível agravo à Lei submetendo-nos, magnetização, à regressão de memória? Esse
será, sempre, um desafio inócuo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. XAVIER, Francisco C. -- Nosso
Lar. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997, p. 117,cap.21. Idem.
3. KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 1997, p. 104, cap. V, item 11, 1pagrafo.
4. XAVIFR, F~cisco C., pelo Espirito Emmanuel - Emmanuel -
Ed. Rio de Janeiro: 1997, p. 83, cap. XV.
5. DELANNE, Gabriel - A Evolução Anímica. 8-' ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1995, p. 136, cap. 11pt">
IV,A Memoria e as Personalidades Múliplas. s
6. Idem, ibidem, pp. 145-146.
7. MIRANDA, Hermínio C. -Diálogo com as Sombras, 10' ed. Rio
de janeiro: FEB, 1997, p.253, cap. IV.
(fonte:CVDEE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário