segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Revista Espírita

Revista Espírita
Jornal de Estudos Psicológicos
Terceiro Ano – 1860
Junho
 
Boletim da Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas
 
Revista Espírita, junho de 1860
 
 
Sexta-feira, 18 de maio de 1860. (Sessão particular.)
Leitura da ata e dos trabalhos da última sessão. Com o parecer e a proposta do Comitê, e
depois de relatório verbal, a Sociedade recebeu no número de seus sócios livres: 1º o sr. B...,
negociante em Paris; 2Q o Sr. C..., negociante em Paris.
Comunicações diversas. 1a Leitura da comunicação seguinte, obtida numa sessão particular,
a propósito dos trabalhos da última sessão, pela senhora S..., médium.
P. Por que São Luís não se comunicou, na última sexta-feira, pelo Sr. Didier, e deixou que
falasse um Espírito enganador ? -R. São Luís estava presente, mas não quis falar. Aliás, não
reconhecestes que não era São Luís? E o essencial. Não fostes enganados, do momento que
reconhecestes a impostura.
P. Com que objetivo não quis falar? -R. Podes perguntara ele mesmo; está aqui.
P. São Luís, poderíeis fazer-nos conhecer o motivo de sua abstenção? - R. Ficaste contrariado
com o que se passou, mas deves entretanto saber que nada ocorre sem motivo. Há,
freqüentemente, coisas das quais não compreendeis o objetivo; que vos parecem más à
primeira vista, porque sois muito impacientes, mas das quais, mais tarde, reconhecereis a
sabedoria. Esteja, pois, tranqüilo, e não te inquietes com nada; sabemos distinguir aqueles
que são sinceros e velamos sobre eles.
P. Se foi uma lição que nos quisestes dar, concebê-la-ia quando estamos entre nós; mas em
presença de estranhos, que dela puderam receber uma impressão má, parece-me que o mal
domina sobre o bem. - R. Estás errado vendo as coisas assim; o mal não é o que tu crês, e te
asseguro que houve pessoas aos olhos das quais essa espécie de fracasso foi uma prova de
boa-fé de tua parte. Aliás, do mal, com freqüência, sai o bem. Quando vês um jardineiro
cortar belos ramos de uma árvore, deploras a perda da verdura, e isso te parece um mal;
mas uma vez cortados esses ramos parasitas, os frutos são mais belos e mais saborosos: eis
o bem, e achas, então, que o jardineiro foi sábio e mais previdente do que creste. Do mesmo
modo, ainda, se se amputa um membro a algum doente, a perda do membro é um mal, mas,
depois da amputação, se fica melhor, eis o bem, porque ter-lhe-á, talvez, salvado a vida.
Reflete bem nisto, e compreenderás.
P. Isso é muito justo; mas como ocorre que, apelando aos bons Espíritos, rogando-lhes
afastar os impostores, esse apelo não seja ouvido? - R. Ele é ouvido, guarda-te de duvidar
disso. Mas estais bem seguro de que esse apelo seja feito do fundo do coração por todos os
assistentes, ou que não haja aqui ninguém que, ao menos por um pensamento pouco
caridoso e malévolo, se não for pelo desejo, atraia junto a vós os maus Espíritos? Eis porque
todos nós dizemos sem cessar: Sede unidos, sede bons e benevolentes uns para com os
outros. Jesus disse: Quando estiverdes reunidos em meu nome, estarei no meio de vós.
Credes, para isso, que basta pronunciar seu nome? Não o penseis, e estejais bem
convencidos que Jesus não vai senão ali onde ele é chamado por corações puros: com
aqueles que praticam seus preceitos, porque estes estão verdadeiramente reunidos em seu
nome; não vai nem para os orgulhosos, nem para os ambiciosos, nem para os hipócritas,
nem para aqueles que desejam o mal de seu próximo; foi deles que disse: Eles não entrarão
no reino dos céus.
P. Concebo que os bons Espíritos se retirem daqueles que não escutam seus bons conselhos;
mas se, entre os assistentes, há os mal-intencionados, é isso uma razão para punir os
outros? - R. Admiro-me de tua insistência; parece que me expliquei bastante claramente para
quem queira compreender. É necessário, pois, repetir-te para não te preocupares com essas
coisas, que são pueris perto do grande edifício da doutrina que se eleva? Crês que a casa vai
cair porque uma telha se destacou dela? Duvidais do nosso poder, da nossa benevolência?
Não. Pois bem! Deixa-nos, pois, agir, e esteja certo que todo pensamento, bom ou mau, tem
seu eco no seio do Eterno.
P. Nada dissestes a respeito da evocação geral que fazemos no começo de cada sessão;
quereis dizer-nos o que pensais disso? -R. Deveis sempre apelar para os bons Espíritos; a
forma, vós o sabeis, é insignificante: o pensamento é tudo. Tu te admiras do que se passou;
mas examinaste bem os rostos daqueles que te escutam quando fazes essa evocação? Não
viste, mais de uma vez, o sorriso de sarcasmo errar sobre seus lábios? Que Espíritos crês que
essas pessoas vos conduzem? Espíritos que, como elas, se riem das coisas mais sagradas.
Por isso vos disse também não admitir o primeiro que chegue entre vós, e para evitar os
curiosos que não vêm para se instruírem. Cada coisa virá a seu tempo, e ninguém pode
prejulgar os desígnios de Deus; eu vos digo, em verdade, que aqueles que riem hoje destas
coisas, não rirão por muito tempo.
São Luís
(enviado formatado pelo JoellSilva, via email)

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