sábado, 30 de novembro de 2013

Valores: Compartilhar

    O falatório. Os gritos. A briga. Aquilo foi a gota d’água para mim enquanto eu despejava meus problemas sobre minha mãe. "Como faço para que sejam amigos como nós quando éramos crianças?", supliquei. A resposta foi uma gargalhada. "Muito obrigada, mamãe", eu disse. "Lamento", ela abafou o riso, "mas nem sempre vocês eram amigos". Começou a explicar sobre a "Caixa de brinquedos malcriados". Toda vez que brigávamos por causa de um brinquedo, ela calmamente o pegava e o colocava na caixa. Sim, lembro mesmo da caixa. Também lembro que nem sempre era justo porque uma pessoa podia ter causado a confusão toda. Mas minha mãe era coerente. Qualquer que fosse o motivo da briga, o brinquedo desaparecia na caixa por uma semana. Nada de perguntas, nenhuma chance de liberdade condicional.
    Logo aprendemos que compartilhar um brinquedo era melhor do que perdê-lo. Quase sempre, um resolvia esperar um pouco até que mais ninguém estivesse com o brinquedo em vez de brigar e perdê-lo. Não era um sistema perfeito, mas experimentei mesmo assim. A caixa foi um choque para os meus filhos e ficou lotada em poucos dias. Com o passar das semanas, notei que a caixa estava cada vez mais vazia e o bate-boca tinha diminuído. Hoje, mal acreditei no que ouvi quando meu filho disse à irmã: "Tudo bem, pode brincar com ele".
 

Qualquer coisa que temos dobra de valor quando temos a oportunidade de compartilhá-la com o próximo.

(Jean-Nicolas Bouilly - 1763-1842 escritor, político)

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