terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cada vez mais cães consomem maconha nos EUA

Cada vez mais cães consomem maconha nos EUA

Jaime González
Da BBC em Los Angeles

Nos últimos anos, o uso de maconha para fins medicinais se estendeu rapidamente pelos Estados Unidos. Agora especialistas afirmam que a popularidade da planta está tendo efeitos colaterais em cães.
Veterinários em Estados onde o uso medicinal da maconha é permitido – como Colorado e Califórnia – dizem que estão tratando cada vez mais cães com intoxicação por maconha.
Os especialistas explicam que os animais acabam ingerindo de forma acidental alimentos como biscoitos que contém maconha. Alguns cães acabam comendo diretamente a planta, que é guardada pelos seus donos.
A intoxicação é tratável na maioria dos casos. Os sintomas são falta de coordenação, pupilas dilatadas, vômitos, cansaço, incontinência urinária, mudança no ritmo cardíaco e tremores.
Um estudo divulgado na publicação científica americana Veterinary Emergency and Critical Care concluiu que, entre 2005 e 2010, os casos de cães que precisaram ser tratados no Colorado por ingestão de maconha quadruplicaram.
Uma das autoras do estudo, Elisa Mazzaferro, disse à BBC que o número de intoxicações registradas no Estado cresceu exponencialmente desde a legalização da maconha para uso medicinal.
"Antes, na área de Denver, nós tratávamos anualmente algo como quatro ou cinco cães. Nos últimos anos, os casos aumentaram à medida que eram abertos mais ambulatórios [com maconha medicinal]", disse a especialista.
"Para nos certificarmos de que não se tratava apenas de um fenômeno local, recolhemos informações de diversas partes do Estado e os dados mostraram um aumento significativo no número de cães intoxicados", disse.

Mudança de comportamento
Mazzaferro e seus colegas examinaram os casos de 125 cães que foram tratados em centros veterinários. Dois animais acabaram falecendo devido à intoxicação.
Para Ahna Brutlag, que trabalha para a empresa de serviços de emergência para animais Pet Poison Helpline, o fenômeno não acontece apenas no Colorado.
Ela diz que, nos últimos cinco anos, foi registrado um incremento de 200% no número de consultas sobre animais que ingeriram maconha. Para Brutlag, isso ocorre tanto pelo aumento dos casos, como também por uma mudança de comportamento das pessoas em relação à maconha.
"Um fator-chave foi a legalização da maconha medicinal. Mas o estigma ao redor da planta também está desaparecendo, e os donos dos cães já não têm tanta vergonha de registrar os casos."
Ela recomenda que donos de cães intoxicados deixem o animal em um lugar pouco iluminado, até que passem os efeitos. Os sintomas começam a surgir entre 30 e 60 minutos após a ingestão. Casos mais graves precisam de acompanhamento de um veterinário.
Notícia publicada na BBC Brasil, em 7 de novembro de 2013.

Raphael Vivacqua Carneiro* comenta
Dois aspectos merecem destaque no estudo publicado pela sociedade americana protetora dos animais Veterinary Emergency and Critical Care: a legalização da maconha e o desleixo que resulta em intoxicações acidentais de animais de estimação.
Nos locais analisados pelo estudo, a maconha foi legalizada apenas para fins medicinais. Isto pressupõe que o seu uso seja racional e restrito. As principais indicações terapêuticas são para reduzir a dor em doenças como glaucoma e esclerose múltipla, e também para conter náusea e vômito provocados pela quimioterapia. Contudo, a maconha possui efeitos colaterais, assim como todo medicamento ou droga, seja lícita ou não. A lista de possíveis efeitos indesejáveis é extensa, incluindo: surtos psicóticos, problemas de memória e aprendizado, sonolência e problemas na coordenação motora, entre vários outros. Estes efeitos certamente favorecem a ocorrência dos acidentes.
Via de regra, todo aquele que possui um animal de estimação nutre afeto por ele e deseja o seu bem-estar. As intoxicações desses animais pela ingestão acidental de drogas certamente é um fato alheio à vontade dos donos. Entretanto, isto ocorre, causando sofrimento e, por vezes, a morte.
Onde não há intenção, não há dolo. Contudo, há sempre um quinhão de responsabilidade quando o mal resulta do desleixo daquele que deveria ser o guardião e provedor de criaturinhas dependentes. Se, em vez de uso medicinal, o desleixo for provocado por uso recreativo da maconha, certamente a responsabilidade pelo mal causado será ainda maior.
Não devemos julgar, porque somos maus juízes. Contudo, temos o dever de estimular a razão e o bom proceder, em todas as ocasiões.

* Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.

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