domingo, 6 de dezembro de 2015

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB–1970 - A012 – Cap. 2 – Socorro espiritual

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970

Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A012 – Cap. 2 – Socorro espiritual – Primeira Parte

Socorro espiritual

Chegando ao lar, Amália conduzia o espírito balsa mizado e toda ela era alegria que se desdobrava em es peranças. A presença do antigo inimigo desencarnado que se comprazia em afligir os seus familiares, presença essa através da interferência carinhosa do Benfeitor Espiritual, prenunciava bonanças em relação ao futuro do seu lar. Era como se uma aragem houvesse de repente passado, deixando a agradável recordação do seu ameno frescor. Pelo caminho, fitando o firmamento, tivera a impressão de que na transparência da noite leve os as tros, luzindo ao longe, acenassem promessas de paz, em salmodias imateriais que pareciam poemas de amor em tom de confiança nos divinos desígnios.

Dona Rosa, em vigília, marcada pelos atrozes sofrimentos daquelas últimas horas, recebeu a filha transmitindo a notícia do retorno de Mariana, com os olhos umedecidos. A moça atormentada voltara a casa, atra vés das mãos generosas de Dona Aurelina, a velha ex -servidora doméstica, que era afeiçoada da família.

Sem saber o que ocorrera no Centro Espírita, a genitora tinha a certeza, porém, de que a interferência do Alto, em forma de socorro inesperado, era a responsável pelo imprevisto acontecimento. Não se cansava de louvar o Altíssimo, enquanto a filha aturdida, que chegara com expressão de demência a desfigurar-lhe o rosto, parecia agora repousar no leito modesto e asseado.

Enquanto Amália fazia ligeiro repasto, fez breve resumo dos sucessos da noite, e com luminoso brilho nos olhos reportou-se ao ministério do esclarecimento, transcorrido minutos atrás entre o Diretor Espiritual e ó encarniçado perseguidor.

Em seguida, e antes de se recolherem ao necessário repouso, as duas buscaram o benefício da oração, envolvendo o Sr. Mateus que se demorava fora de casa, atado à viciação que o atormentava, roubando ao corpo combalido as horas irrecuperáveis de refazimento das fadigas do dia, em vibrações de amor e paz...

Ocorrera, porém, que, antes mesmo de iniciada a reunião socorrista, Saturnino expedira Ambrósio, eficiente cooperador dos trabalhos de desobsessão, para que este encaminhasse Mariana de volta à família. Informado, no próprio recinto doméstico, por entidades ali residentes, quanto ao paradeiro da jovem, não lhe foi difícil encontrá-la em Praça ajardinada, no centro da cidade. Percebeu, no entanto, de imediato, que a moça se encontrava visivelmente perturbada por Entidades le vianas, encarregadas de darem prosseguimento ao clima da obsessão, embora a ausência do verdugo responsável pela enfermidade em curso.

Aturdida desde o momento do incidente com o genitor, Mariana procurou as ruas da cidade, tendo em mente a ideia de encontrar em Adalberto, o rapaz com que se afinava sentimentalmente, o braço amigo de amparo, de modo a fugir do lar que a infelicitava. Surda ira a compelia a tomar qualquer atitude, conquanto pu desse libertar-se do jugo paterno...

O namorado, que trabalhava no comércio, somente à noite, após o serviço, poderia escutá-la com a necessária calma para tomar as providências que o problema exigia. Assim, combinaram o encontro para as 20 ho ras, no local em que agora ela estava.

Supunha amar o jovem, embora reconhecendo nele os desvios habituais naqueles que são indiferentes ao dever e à dignidade. A mãe, ela o sabia, desaprovava aquela afeição, por constatar que ele era corrompido e leviano, a ponto de viver experiências comprometedoras... Dona Rosa sentia, quase por instinto, que aquele homem, ao invés de amar a sua filha, ainda não preparada para as investiduras de um lar, como sem o necessário equilíbrio para acautelar-se das ciladas das emoções em desgoverno, desejava arrancá-la do carinho defensivo da família para arrojá-la nos desfiladeiros da miséria moral...

Ela, porém, o amava ou pelo menos supunha amá-lo. Aguardava-o com tormentosa expectativa.

Como primeira providência, o vigilante mensageiro procurou desviar Adalberto de buscar a sua enamorada, propiciando-lhe mal-estar súbito, através da aplicação de fluídos no centro cardíaco, acentuando repentina indi gestão. Logo após demandou o lar de Dona Aurelina que, pelos laços de afeição à menina e aos seus, pode ria ser-lhe fácil instrumento para os fins do projeto em andamento.

Envolvendo a velha servidora em seus fluídos, pro curou falar-lhe com imensa ternura e forte vibração. A respeitável senhora não o escutou através dos ouvidos materiais. No entanto, em forma de intuição, sentiu imperiosa necessidade de demandar a rua, qual estivesse teleguiada, até à moça que, a sós, esperava o companheiro.

Vendo-a desfigurada, a bondosa senhora acercou-Se, assustada, e cingindo-a num abraço de espontânea afetividade, envolveu-a nos fluídos de Âmbrósio, inconcientemente, estabelecendo sensível permuta de energias, de modo a arrancá-la dos liames dos Espíritos ociosos que a vitimavam...

Percebendo-a quase anestesiada, de olhar vago, a senhora, humilde e nobre, inquiriu-a:

— Que faz a menina por estas bandas? Parece-me doente. Que se passa, menina Mariana?

E como não colhesse de imediato qualquer resposta, voltou à indagação:

— Que acontece, menina? Alguém em casa está mal? Desperte, minha filha!

E sacudindo-a com carinho, encostou a cabeça da jovem no seu ombro e dispôs-se a escutá-la com tal naturalidade que a enferma, como que retornando momentaneamente à realidade e vendo-se envolta no carinho de que necessitava, relatou entre soluços os maus sucessos do dia, informando do seu desejo de nunca mais retornar ao lar...

A delicada interlocutora escutou-a com serenidade e, seguramente inspirada pelo Benfeitor, concitou-a a irem à sua própria casa, onde ela providenciaria uma refeição refazente, incumbindo-se de informar a Adalberto sobre a mudança do local de encontro.

Simultaneamente Ambrósio exprobrou com energia o comportamento dos Espíritos viciosos ali presentes, libertando a atormentada jovem das suas forças deletérias e deprimentes.

Sem quase opor resistência, Mariana aceitou o alvitre, e amparada generosamente por Dona Aurelina de mandou o domicílio daquela servidora.

Feita ligeira refeição, ainda conduzida pelo assistente de Saturnino, Dona Aurelina falou a Mariana das preocupações maternas e suas aflições, do perigo que uma jovem poderia experimentar nas mãos de um moço apaixonado e sem o devido critério moral, das consequências que poderiam advir de um gesto impensado, e, como se falasse à própria filha, com lágrimas, conseguiu convencê-la a retornar a casa, enquanto meditava planos para o futuro, filtrando, assim, o pensamento da Entidade Desencarnada.

Sentindo-se, imensamente cansada e dominada pela branda energia da amiga idosa, a jovem aceitou a sugestão e, dessa forma, Dona Aurelina se transformou no anjo da alegria para a agoniada genitora que aguar dava a filha de volta.

Concluída a tarefa, Ambrósio retornou ao trabalho espiritual a fim de apresentar a Saturnino os resultados da investidura.

Os trabalhos se aproximavam do encerramento.

Compreensivelmente jubiloso, o Mentor Espiritual expressou sua gratidão ao Assistente e informou que logo mais, quando todos se recolhessem ao leito, teria continuação a tarefa da desobsessão, quando ele pretendia retomar as diretrizes do trabalho, convocando di versos dos envolvidos no processo perturbador e os membros da Casa para um encontro fora do corpo, quando as bênçãos do sono conseguissem libertar parcialmente alguns dos implicados...

Ambrósio compreendeu a magnitude do serviço e postou-se aguardando instruções.

A noite ia avançada quando Saturnino trouxe ao recinto das sessões, em parcial desdobramento, os irmãos Petitinga, Dona Rosa, as filhas Amália e Mariana e nós. O venerando trabalhador da Seara Espírita, habituado às incursões no Mundo Espiritual, embora ainda vinculado à roupagem carnal, apresentava-se calmo e lúcido, perfeitamente familiarizado com experiências de tal natureza. Dona Rosa e as filhas, no entanto, pare ciam atemorizadas na sua semilucidez, embora o amparo vigoroso do Instrutor que delas cuidava com carinho paternal. (*)

O assistente Ambrósio e os demais cooperadores desencarnados se encarregavam de localizar os recém-che gados na sala de trabalhos, enquanto o Benfeitor Saturnino cuidava das providências finais. Concluídas as tarefas preliminares, deu entrada no recinto, em sono hipnótico, carinhosamente trazida por dois enfermeiros espirituais, a Entidade que se comunicara horas antes.

Embora o ressonar agitado, o visitante refletia a angústia em que se debatia, deixando ver as marcas profundas em ulcerações na região da glote, que se apresentava purulenta, assinalando os danos cruéis do autocídio injustificável. Localizado em leito próximo, continuou assistido pelos que o trouxeram.

Logo, porém, que Mariana o viu, conquanto não o pudesse identificar de pronto, começou a experimentar significativa inquietude que se foi transformando em desespero e pavor. O Instrutor, no entanto, solícito, acercou-se dela e aplicou-lhe energias anestesiantes, de modo a deixá-la em tranquilidade suficiente para os bons reultados da operação em pauta.

Nesse momento, a Irmã Angélica, mentora do médium Morais, trouxe-o ao cenário abençoado, que lhe parecia familiar aos olhos espirituais. Tudo nele traduzia a segurança e o equilíbrio de uma existência voltada para o bem e para o dever.

Percebi, então, a excelência do ministério mediúnico sob a carinhosa proteção de Jesus, objetivando atender aos sofredores de ambos os planos da vida e reconheci, mais uma vez, que somente uma existência real mente desatrelada das paixões se constitui seguro roteiro para uma libertação felicitadora. O espírito é o que pensa e faz; a veste carnal que o envolve tanto se pode converter em asas de angelitude como em azorrague com grilhões que o martirizam. E a mediunidade, indubitavelmente, faz-se a senda luminosa por onde transitam aqueles que a respeitam e enobrecem.

(*) “401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

“Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrou xam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em re lação mais direta com os outros Espíritos.”

“402. Como podemos Julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. Dizes frequentemente:

Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absoluta mente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.”

(“O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. 29ª Edição da FEB. Parte 2ª — Capítulo 8. Recomendamos ao leitor o exame de todo o capítulo referido para melhor compreensão da série de estudos aqui apresentados. — Nota do Autor espiritual.

QUESTÕES PARA ESTUDO E DIÁLOGO VIRTUAL

O que fez Mariana após o desentendimento com o seu pai?

Como os Espíritos protetores ajudaram Mariana?

Por que razão D.Aureolina aceitou facilmente a sugestão do Espírito Protetor?

Qual a importância do Sono na visão espírita?

Bom estudo a todos!!

Equipe Manoel Philomeno

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