A geração nova
A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.1
Allan Kardec
Allan Kardec
No atual momento de regeneração da Humanidade, conforme afirma Allan Kardec, e confirma a Espiritualidade superior a respeito da transição planetária pela qual passa o orbe terrestre, deixando de ser um planeta de provas e expiações e transformando-se, gradualmente, em mundo de regeneração, assistimos à chegada de uma nova geração de Espíritos que se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior.1
São essas crianças, inteligentes, inquietas, criativas, questionadoras, que adentram os nossos lares, nossas escolas e nossas casas espíritas, atendendo ao chamado da construção do mundo novo. Enquanto trazem esses claros sinais de adiantamento anterior, se deparam com o reino dominante das paixões materialistas que caracterizam o estágio atual do planeta. Possível é imaginarmos o conflito capaz de surgir a esses Espíritos reencarnados, com sentimento inato do bem, ao se defrontarem com um mundo de violência crescente, de desigualdades sociais, de conflitos familiares, frutos do orgulho e do egoísmo que ainda encontram guarida no coração humano.
Para que possam cumprir os objetivos reencarnatórios, visando seu aprimoramento moral e da Humanidade, necessário se faz que aqueles que estão incumbidos de os receberem, nas fases iniciais da infância, estejam preparados para lhes dar a educação adequada que lhes permita enfrentar, da melhor forma possível, essa dualidade entre a nova e a velha geração, assim como os desafios que, certamente, encontrarão para a construção do mundo novo.
Notadamente, há de se observar aqui a educação, aquela que consiste na arte de formar caracteres, a que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.2
Nesse sentido, é de extrema relevância o papel desempenhado por pais e educadores na formação desses Espíritos, na fase infantil, onde é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento. (q. 383)
Os pais e a família
Inegável a responsabilidade dos pais na condução dos Espíritos que lhes chegam aos braços, ainda mais quando observadas as considerações a respeito dessa nova geração de Espíritos que aporta ao orbe terrestre com o intuito de auxiliar no processo de transformação moral da Humanidade.
Assim, grande esforço devem despender pais, mães e responsáveis, no objetivo de se transformarem no exemplo salutar a ser observado pelas crianças dentro e fora do lar. Exemplo de conduta moral, de retidão, de honestidade, de esforço em domarem suas más inclinações e em superarem suas limitações, enquanto Espíritos em processo evolutivo. Exemplo na busca da vivência de valores morais, onde devem predominar o diálogo e o afeto, onde o autoritarismo cede lugar ao respeito pela autoridade moral, onde o sim e o não são usados com firmeza e com amorosidade, de forma a aprovar e a dar limites, sempre que necessário.
Para essa geração, nova conduta se espera da família. Família que, conforme afirma o Espírito Joanna de Ângelis é a escola de bênçãos onde se aprendem os deveres fundamentais para uma vida feliz e sem cujo apoio fenecem os ideais, desfalecem as aspirações, emurchecem as resistências morais. 3
Em outras palavras, o solo onde foi lançada a semente e cuja qualidade permitirá ou não o seu pleno desenvolvimento para a floração futura.
O Centro Espírita
Igualmente, reconhecendo a ação evangelizadora espírita como recurso fundamental para a formação de homens de bem, tem o Centro Espírita a responsabilidade de empreender todos os esforços possíveis, visando angariar espaços e recursos adequados para a promoção da integração da criança consigo mesma, com o próximo e com Deus4, objetivo maior da evangelização espírita infantojuvenil, conforme preconizado pela Federação Espírita Brasileira.
Referimo-nos à importância atribuída às atividades de evangelização infantil dentro do centro espírita, como também aos recursos materiais (espaços físicos para as atividades e materiais adequados para o seu desenvolvimento) mas, principalmente, nos esforços para a formação de evangelizadores capacitados a atender às necessidades das crianças reconhecendo-as como Espíritos imortais ativos no caminho do autoaperfeiçoamento5, sendo responsáveis diretos na escolha de estratégias metodológicas adequadas e atrativas que promoverão a construção de espaços educativos prazerosos de crescimento e convivência, aprendizado e vivência cristã. 5
Quando você ensina, transmite. Quando você educa, disciplina. Mas quando evangeliza, salva.6
Referências bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 1. ed. esp. Rio de Janeiro: FEB, 2005b. cap. XVIII, item 28.
2. ________. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Comentários à questão 685ª.
3. FRANCO, Divaldo Pereira. Constelação familiar. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed. Salvador: LEAL, 2012. cap. 2.
4. FEB/CFN. Orientação ao Centro Espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. 6, it. 3, objetivos “a” e “d”.
5. ________. Orientação para a ação evangelizadora espírita da infância: subsídios e diretrizes. Brasília: FEB, 2016. pt. 1, cap. 2, it. 2.1.
6.FRANCO, Divaldo Pereira. Sementeira da fraternidade. Por diversos Espíritos. 6. ed. Salvador, 2008. cap. 26.
Fonte: Jornal Mundo Espírita - DIJ
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