sexta-feira, 14 de julho de 2017

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão - A036 – Cap. 14 – O Cristo consolador – Segunda Parte

Livro em estudo: Nos Bastidores da Obsessão – Editora FEB - 1970
 Autor: Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco

A036 – Cap. 14 – O Cristo consolador – Segunda Parte

 14 - O Cristo consolador

Com permissão de Dona Rosa rumamos, ato contínuo, na direção da alcova onde se encontrava o enfermo.
Mariana, sentada a uma cadeira ao lado do leito, assistia-o para qualquer necessidade. Carinhosa, saudou-nos iluminada por amplo e generoso sorriso.
Entregando-lhe o «Livro da Vida», Petitinga solicitou-lhe que o abrisse e lesse o texto sobre o qual os seus olhos incidissem. A menina cerrou as pálpebras e abriu o exemplar de «O Evangelho segundo o Espiritismo» que tinha nas mãos, e leu, do Capítulo 6 — O Cristo Consolador —, item 7:
«Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui, venho até vós porque me chamastes. O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)»
Mariana concluiu a leitura emocionada, O Alto, inspirando-nos e conduzindonos, respondia, às inquietações de todos nós, com o Cristo Consolador. Conquanto a expressão alterada na face do Sr. Mateus, notámos-lhe lágrimas nos olhos. Marta, visívelmente sensibilizada, tomou a mão direita do genitor, que não fora afetada pela embolia, ajoelhou-se ao lado do corpo semimorto no leito, e, osculando-a, pediu-lhe perdão... A voz, debilitada na garganta intumescida pelo pranto, saía a custo. Pensávamos em Jesus naquele momento supremo de redenção, rogando- Lhe forças e socorros para nós todos, especialmente para o pai sofredor que nunca supusera experimentar tão significativo atestado de amor filial.
O Sr. Mateus com muito esforço tornou-se digno do gesto da filha. Cingiu nos seus os dedos de Marta, abençoando-a em silêncio e emotividade com o esquecimento do mal e a esperança do bem. Era, aquela, uma cena evangélica, evocativa, em todo o seu impacto, dos primeiros dias da Boa Nova nascente...
Inspirado por Saturnino, Petitinga ergueu a voz e, numa eloquente oração, traduziu os sentimentos de todos, ao Cristo de Deus, o Excelso Benfeitor e Guia da Humanidade.
Com a alma túmida de emoções, retiramo-nos da alcova, para poupar o paciente de novos choques emocionais, e retornamos à sala de refeições.
Mariana, que tinha sede de luz, perguntou sem preâmbulos a Petitinga:
— Ante essa prova do socorro dos nossos Guias Espirituais, eu não poderia, sempre que possível, estando ao lado do papai, ler-lhe «O Evangelho segundo o Espiritismo», de modo a nos ir instruindo lentamente nas lições da fé? É claro que procurarei não cansá-lo. Uma boa leitura, além de edificar, também distrai, não é mesmo?
Petitinga fitou-a, admirado, e concordou prontamente:
— De pleno acordo. É evidente que a messe de luz muito favorece a riqueza da arca que a recebe. Muito bom esse alvitre, essa lembrança. A palavra evangelizante dirigida a ele atenderá, também, aos sofredores espirituais que porventura se lhe vinculem por esta ou aquela razão. Numa casa onde se acende a claridade do Evangelho, erguem-se defesas poderosas, impedindo a invasão das forças desagregadoras da erraticidade inferior. Quando um grupo ora, unido nos liames da comunhão pela prece, estabelecem-se resistências capazes de suportar as descargas da agressão da maldade originada num ou noutro plano da vida. A prece e a lição edificante transformam-se em potentes ondas de energia vivificadora que beneficia todos os que delas participam.
E para deixar muito bem esclarecido o valor do nobre tentame, argumentou:
— Ainda não conhecemos, devidamente, na Terra, o poder do pensamento. A mente atua dentro e fora do cérebro pelo qual se manifesta, atraindo ou repelindo forças compatíveis ou antagônicas. Todos sofremos os reflexos uns dos outros, na carne, como também daqueles que estagiam fora do invólucro material, com os nossos recursos possíveis de assimilação ou desassimilação. Nenhum homem consegue estacionar, livre das ondas de intercâmbio dessa ou de outra ordem, que nos envolvem incessantemente. Absorvemos como eliminamos as imagens que nos são peculiares, é caminhando com elas e atando-nos às suas amarras ou delas nos libertando, na direção da felicidade. Isto quer dizer que somos o que produzimos mentalmente, vivendo imanados aos nossos como aos pensamentos que recebemos dos outros...
O Universo todo são permutas. A idéia que o homem plasma e cultiva, exterioriza e difunde, traduz o seu estado, a sua altura moral e espiritual. Ora, sintonizados com a idéia da Vida Excelsa, plasmaremos imagens superiores e viveremos emoções vitalizantes que nos esboçarão os pródromos da paz interior que, por fim, nos dominará.
Marta, animada pela excelente explicação, indagou:
— E no meu caso, meu amigo? Como o senhor não ignora, há mais de dez anos me encontro anestesiada pelo ópio das forças brutalizantes do Mundo Espiritual Inferior. No círculo de ação em que tenho labutado, agimos com as “forças da Natureza” e, ao recebermos o aliciamento de muitas Entidades, assumimos também compromissos para com elas. Poderei desfazer tudo isso, pura e simplesmente, sem sofrer danos e sem as desequilibrar?
Após ligeira e necessária meditação, Petitinga elucidou:
— Todo compromisso que assumimos espontaneamente merece consideração. No entanto, só um compromisso nos parece verdadeiro, irreversível: o que temos para nós próprio, para com a nossa evolução. Esse é intransferível, inderrogável. As Entidades que se nos vinculam ou com as quais nos imanamos tornam-se comensais das nossas emanações psíquicas, nutrindo-se das nossas forças, como ocorre nas obsessões. Aliás, em todo processo em que há uma vinculação constringente de um desencarnado sobre um encarnado, ou vice-versa, deparamonos com uma obsessão em curso ou, quando menos, com uma fascinação a caminho do desastre obsessivo. A expressão «desfazer os vínculos» deve ser substituída por «modificar as vinculações», porque em verdade você não deseja abandoná-los, mas libertar-se do erro em que eles se demoram, para jornadear na busca da harmonia que lhe faz falta.
E após reflexão mais demorada, arrematou:
— As «forças da Natureza» são os Espíritos, que podem ser definidos segundo Allan Kardec como: «Os seres inteligentes da Criação. Povoam o universo, além do mundo material.» Ora, assim sendo, estagiam em diversos graus de evolução, desde os mais primitivos até aqueles mais elevados.. Naturalmente que uma organização fisiopsíquica aclimatada às emanações fluídicas mais grosseiras se ressentirá, em se afastando do conúbio habitual de que se nutria. Jesus, porém, é o pão da vida e resolverá o problema. Não há porque recear. Ele a nutrirá com superior alimento. Acreditamos, também, que tomada a resolução de avançar noutra direção, não há como nem porque olhar para trás, demorando-se em receios, mantendo a sintonia com intuições deprimentes e superstições vulgares, que não merecem consideração, senão quando se deseja esclarecê-las. Sem dúvida, muitas vezes você experimentará dificuldades... Confie, porém, e avance!
— Face ao exposto — afirmou Marta, convicta, sem titubeios —, pretendo, ainda hoje, libertar-me de talismãs e amuletos, objetos e indumentárias, cerrando, em definitivo, as portas do meu antigo «consultório» e abrindo a alma à luz do Senhor.
E porque ainda estivesse compreensivelmente aclimatada aos hábitos dos cultos externos, extravagantes, ajoelhou-se, e, em tom patético, rogou a proteção dos Céus.
Muito gentil, Petitinga ergueu-a e falou com bom-humor:
— O servo fiel e vigilante está sempre de pé, esperando o serviço que lhe destina o Senhor...
Todos sorrimos com a feliz interferência.
Dona Rosa, que estava exultante, abraçou a filha demoradamente.
Paulatinamente a paz vencia no lar da família Soares, O panorama, conquanto conservasse ainda algumas leves sombras, se apresentava alvissareiro. O hoje respondia já às aflições do passado e o amanhã se desenhava benéfico, respondendo às inquietações de agora.
Esse, sem dúvida, é o ministério do Espiritismo: trazer de volta Jesus-Cristo aos corações sofridos da Terra; repetir as experiências memoráveis de quando Ele esteve entre nós; consolar os infelizes do Além-Túmulo, libertando-os da suprema ignorância das realidades espirituais; desatar os laços constritores que ligam desencarnados em perturbação a encarnados que se perturbam; cuidar dos obsessos e iluminar a consciência de obsidiados e obsessores; semear o amor em todas as modalidades, através das mãos da caridade, em todas as dimensões.... por ser o Espiritismo o CONSOLADOR prometido por Jesus.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 – Um importante hábito para a família é a prática regular do Culto do Evangelho no Lar. Por quê? Quais são os resultados positivos advindos dessa ação?

2 – Marta ouviu de Petitinga que suas relações espirituais com entidades infelizes não poderiam perdurar indeterminadamente... Porém, o que ela deveria fazer para promover as modificações de vinculações espirituais?

3 – Qual é o grande ministério do Espiritismo?

Bom estudo a todos!!
 Equipe Manoel Philomeno

Nenhum comentário:

Postar um comentário