terça-feira, 24 de abril de 2018

Artigo: Desigualdade social

Desigualdade social

 Por Antônio Moris Cury

Perante Deus todos os homens são iguais, todos tendem para o mesmo fim e Suas leis foram feitas para todos. (q. 803 de O Livro dos Espíritos)

Sobre esta questão, muito interessante o comentário pessoal do Professor Rivail, o nosso Allan Kardec, a saber: Todos os homens estão submetidos às mesmas Leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos seus olhos, são iguais.

Assim sendo, todos somos iguais perante Deus, tendemos à mesma meta: a perfeição relativa e a felicidade suprema. As Leis Naturais são perfeitas e imutáveis e se aplicam a todos, não só aos que no planeta Terra agora se encontram, mas a todos os que se acham espalhados pelo Universo, vivenciando novas experiências de evolução intelectual e moral [Na atualidade, há quem cogite, e até mesmo admita, a existência de mais de um Universo. Se assim se comprovar, será, sem dúvida, obra de Deus, nosso Pai Universal, Criador de todas as coisas].

É deveras importante saber que todos nascem iguais, igualmente fracos e sujeitos às mesmas dores, simples e ignorantes (sem saber) e partem do mesmo ponto inicial, ou seja, com idênticas oportunidades de crescimento, progresso e evolução. Embora muitas vezes sem sequer nos darmos conta, o fato é que somos regidos, somos governados, pelas mesmas leis, que, por sinal, valem para todo o Universo e não mudam, porque são perfeitas. Não há, portanto, superioridade natural.

De onde advém, então, a desigualdade social? Advém do homem, do ser humano, pois, a toda evidência não pode ser obra de Deus. (q. 806 de O Livro dos Espíritos)

Deus é a Inteligência Suprema, Causa primária de todas as coisas. (q. 1 da obra citada) Infelizmente, ainda predominam no planeta o orgulho e o egoísmo, sem dúvida, as duas maiores chagas, que, como se por si já não bastassem, geram outros problemas, de que são alguns exemplos a ganância, a vaidade, a arrogância, a soberba, a avareza, a usura, causando danos e prejuízos, às vezes, de enorme monta, a centenas de outras pessoas, sem que se deem conta de que somos apenas usufrutuários dos bens adquiridos e/ou concedidos. Esquecem que eles aqui na Terra continuarão quando a desencarnação os alcançar, passando a seus herdeiros ou sucessores, e assim sucessivamente. Esquecem também que levarão para o outro lado da Vida, para o Plano Espiritual, apenas o conhecimento obtido e consolidado e as virtudes que tiverem sido conquistadas

[naturalmente, os erros, males e equívocos que não tiverem sido superados e devidamente reparados].

Não é preciso despojar-se dos bens adquiridos pelo trabalho honesto, porquanto é legítima a aspiração por conforto e bem-estar, para si e para sua família. Mas, completamente diferente é agir com ganância, imaginando que estará seguro e amparado, mesmo que isso implique prejuízo e dano para outros; em que o orgulho e, sobretudo, o egoísmo dizem presente, com desprezo completo ao bom senso, à real necessidade e ao equilíbrio das relações humanas e sociais.

Claro que O direito de viver dá ao homem o de acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar, mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, por meio de um trabalho honesto, e não como egoísta. Há mesmo animais que lhe dão o exemplo de previdência (q. 881 de O Livro dos Espíritos), razão pela qual é da maior importância combater o egoísmo, uma de nossas chagas sociais.

Entretanto, cumpre não perder de vista que: De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. (q. 917 de O Livro dos Espíritos)

Valhamo-nos também de O Evangelho segundo o Espiritismo, que não deixa qualquer margem à dúvida:O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens. (cap. XI, item 11)

Devemos combater com todas as nossas forças o egoísmo, filho do orgulho, esse monstro devorador de todas as inteligências, sempre e sempre, a fim de que, ainda que a pouco e pouco, venha a ser substituído pelo altruísmo, que significa ter interesse pelo bem-estar do próximo!

Por fim, em termos de desigualdade social, a única desigualdade que se admite é a do merecimento, esta, sim, legítima por estar vinculada ao esforço, à dedicação, ao aprendizado, ao conhecimento de cada um. Uma espécie de meritocracia.

Sigamos em frente, cada um cumprindo a parte que lhe compete realizar, sendo útil onde quer que se encontre, e cada vez mais útil, e, sobretudo, sendo pessoa de bem, voltada para o bem e para a sua prática.

 Por Antônio Moris Cury - Fonte Jornal Mundo Espírita - FEP

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